São Paulo rebate Michael Beale: “Tentativa patética de criar intrigas”

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GloboEsporte.com

Nota divulgada pelo clube contesta declarações do inglês, ex-auxiliar-técnico de Rogério Ceni no Tricolor, e diz que sua atitude é “desprezível”.

Em nota divulgada pelo seu departamento de comunicação, na tarde desta sexta-feira, o São Paulo rebateu as declarações do inglês Michael Beale, ex-auxiliar-técnico de Rogério Ceni no Tricolor.

Em entrevista ao UOL, reproduzida pelo GloboEsporte.com, Beale criticou o modelo de administração do São Paulo, dizendo que “dirigem o clube como um jogo de computador”. Ele atacou também o presidente são-paulino, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, acusando-o de ter mantido no Ceni no cargo por conta de aspirações políticas.

Segundo o comunicado divulgado pelo clube, a atitude do inglês é “desprezível”, uma “tentativa patética de criar intrigas”.

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Michael Beale foi auxiliar-técnico de Rogério Ceni no São Paulo por seis meses (Foto: Getty Images)

Michael Beale foi auxiliar-técnico de Rogério Ceni no São Paulo por seis meses (Foto: Getty Images)

Veja abaixo o posicionamento do São Paulo sobre as declarações de Michael Beale:

“A entrevista do senhor Michael Beale divulgada hoje pelo UOL e reproduzida pelo Globoesporte.com revela sua tentativa patética de criar intrigas e ter fora do São Paulo uma relevância que, infelizmente, nunca teve dentro do clube que o acolheu.

Sua atitude é desprezível, não apenas pelo conteúdo infundado e rancoroso de suas palavras, mas também pela oportunidade em que surge, à véspera de um jogo importante do São Paulo.

Sua manifestação, reveladora de uma estranha obsessão, certamente está a serviço de interesses que não são os da comunidade são-paulina”.

Veja abaixo o que disse Michael Beale:

– No São Paulo, existem muitos diretores que gerenciam o clube como se fosse um jogo de computador: vende, contrata e pensa que vai funcionar. Era só demitir o Ceni e trazer o Dorival que o time passaria a ganhar todos os jogos. Todos estão vendo que os resultados são exatamente os mesmos. Jogadores começaram a sair sem o conhecimento do treinador e outros chegaram sem a aprovação.

O Leco precisava ganhar a eleição em abril. Quem melhor do que o Rogério Ceni para ser contratado como treinador? Dê às pessoas aqulo que elas querem. Depois, não dê ao treinador os jogadores no momento que ele queria, em janeiro, quando se monta a equipe para a temporada. Mas contrate no tempo certo para ser eleito. Para mim, tudo foi muito bem planejado pelo Leco.

Senti que o presidente não me queria no São Paulo de jeito nenhum. Ouvi que ele não gostava de mim pessoalmente. Não tinha nada contra ele, mas talvez eu estivesse tentando impedir a saída de alguns jogadores e ele achasse que não deveria fazer aquilo. Pelo respeito que tenho pelo Rogério, foi melhor sair. Se eu tivesse ficado mais cinco dias, eu teria recebido muito dinheiro do São Paulo por ser demitido, assim como Rogério e Charles (Hembert, auxiliar francês) foram depois.

Pinotti (o diretor de futebol Vinicius Pinotti) era um funcionário do departamento de marketing que conheci quando fui ao Brasil em novembro. Ótima pessoa, fala inglês fluentemente, então nossa comunicação era frequente. Ele apoiou o Rogério, mas também trabalha pela própria carreira, o que é natural. Só que ele questionou o legado de um homem que jogou 25 anos pelo clube, com mais de 1250 partidas. Um cara que sempre quis vencer e não falou mal uma vez sequer desde que saiu do clube. Rogério poderia falar muita coisa, mais do que qualquer um. Ele não vai fazer isso, porque ama o clube. Quando saí, disse para o Vinicius que as pessoas estavam usando o Rogério, e o único que sairia perdendo daquela situação seria o Rogério.

Não via planejamento e rumo do clube. No começo da temporada, tínhamos um time jovem, com energia e fome de vitória. E perdemos vários desses atletas com ambição e de energia brilhante para o time. No ano anterior, o São Paulo tinha sido décimo no Campeonato Brasileiro, então não era um time maravilhoso. Claramente tínhamos de reforçar a equipe. Então eu via jogadores saindo, e os que chegavam não era necessariamente aquilo que precisávamos.

A venda do Thiago (Mendes) foi a gota d’água. Com as saídas, o time foi ficando mais lento. Estávamos em preparação para enfrentar o Flamengo, um grande jogo. Cheguei para o treinamento, e estava acontecendo a coletiva de imprensa do Thiago, com anúncio para o mundo, de que ele estava sendo vendido. Eu não estava sabendo de nada…Parei e pensei: “Não tem como isso dar certo.” Acho que nem o Rogério sabia que ele estava se despedindo naquele dia.

O São Paulo está numa situação de vender qualquer jogador que tenha proposta. É uma pena. É o único clube no Brasil que só vende, vende, vende…E quando você olha para quem chega, seria melhor ter mantido quem estava. A única coisa que soube é que, se vendêssemos Neres e Lyanco, não teríamos de negociar mais ninguém durante o ano. Outra coisa sobre planejamento: quantos jogadores pertencem ao São Paulo? Quantos vão estar lá no próximo ano? Quantos estão lá por empréstimo? Jucilei, Hernanes…Metade do time! Isso não funciona a longo prazo. Sinto que em Cotia tem talento suficiente para o clube não precisar contratar alguns dos jogadores que chegaram.