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Ser voluntarioso é muito importante em uma equipe ainda em busca do melhor encaixe, mas, ao atuar mais como armador do que centroavante, camisa 9 não ajuda nem o time nem a si
Por Renan Cacioli, São Paulo
Em uma equipe com dificuldades como é o São Paulo deste Campeonato Brasileiro, toda ajuda é bem-vinda. Quem exerce mais de uma função acaba se destacando. Com Lucas Pratto, não deveria ser diferente. Camisa 9, ele tem atuado também como armador, ao lado de Cueva e Hernanes. O problema é quando o jogador acaba sendo mais lembrado por seu papel de coadjuvante do que pelo principal.
No caso do argentino, o que se viu na vitória por 1 a 0 sobre o Sport e virou quase rotina foi o centroavante saindo da grande área o tempo todo para buscar a bola. Às vezes, vinha até a linha de Petros, primeiro volante do time. Veja no vídeo abaixo três lances apenas do primeiro tempo que mostram essa movimentação:
Para ilustrar de forma ainda mais clara, olhe esta imagem gerada com base no Scout da TV Globo. Ela mostra o local do campo de onde saíram os 16 passes certos de Pratto na partida – ele errou oito, o pior da equipe no fundamento. Veja como a maioria dos toques dele se deu no meio:
Disso decorrem alguns problemas:
- Pratto não é rápido, por isso, muitas vezes se coloca em situação desfavorável quando fica no mano a mano com seu marcador;
- Quando o São Paulo tem a bola, fica sem opção para jogar em profundidade; quando perde a posse, cria-se um vazio no setor, conforme se vê no campinho abaixo:
- Desse segundo problema, extra-se um terceiro: sem Pratto por perto, a zaga do outro time joga muito mais tranquila.
Coincidência ou não, o lance do gol de Marcos Guilherme foi um dos raros momentos em que Pratto entrou na área para ser o que dele se espera: o camisa 9 do time.
Repare no vídeo do gol como a simples presença do centroavante chama a marcação de três atletas do Sport: o goleiro Magrão, que fica em dúvida se sai ou não da meta; o lateral Sander, que observa a corrida de Pratto para o centro da área e corre para acompanhá-lo; e o zagueiro Henríquez, que faz o corte de cabeça pressionado pelo são-paulino.
Ser voluntarioso é importante em uma equipe ainda em busca do melhor encaixe, mas, ao atuar como armador, Pratto não tem ajudado nem o time nem a si. Prova disse é o jejum de gols, o terceiro maior da carreira.
Com 10 dias antes do próximo compromisso do São Paulo, contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte, Dorival Júnior terá tempo para ajustes. Um deles pode ser ajudar Lucas Pratto a reencontrar sua essência.