Elas venceram meninos e meninas mais velhas. Agora, colocam o SP na Liberta

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UOL

Bruno Grossi

  • Rafael Ribeiro/CBF

    Beatriz Viana, atacante, passa por cima de atleta da Ponte Preta na estreiaBeatriz Viana, atacante, passa por cima de atleta da Ponte Preta na estreia

Se a realidade do time masculino do São Paulo é de árdua luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, a equipe feminina do Tricolor continua fazendo história nesta temporada. Em 2016, elas haviam vencido a Copa Moleque Travesso, batendo times masculinos no caminho. Em junho deste ano, mesmo com atletas do sub-15, as meninas foram conquistaram o Campeonato Paulista Sub-17. Agora, no último domingo, faturaram o primeiro torneio nacional da categoria e, assim, classificaram o clube do Morumbi à inédita Copa Libertadores da América Sub-16.

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O torneio internacional está previsto para dezembro, quando teoricamente terminaria a já vitoriosa parceria do São Paulo com o Centro Olímpico, responsável por formar as atletas. Os clubes negociam para que projeto seja mantido na próxima temporada, mas o momento de dificuldade no masculino tem atrasado uma definição da diretoria tricolor. Por enquanto, a ponte é feita pelo conselheiro Antonio Belardo, diretor de futebol feminino do São Paulo.

“O primeiro Estadual da história da categoria elas ganharam. O primeiro nacional, também. E agora vão disputar a primeira Libertadores. A parceria estava suspensa, mas assim que anunciaram a Liga de Desenvolvimento as duas partes se manifestaram para reativar. O São Paulo tinha a vaga e o time já estava vinculado ao clube. O mesmo vai acontecer na Libertadores. Para o ano que vem, como o futebol masculino tem concentrado todas energias pela fase complicada, ainda não está resolvido. Temos boas conversas de nossos supervisores com o São Paulo, mas nada concreto”, explicou o técnico Thiago Viana.

Rafael Ribeiro/CBF

Liga de Desenvolvimento foi disputada entre os dias 11 e 15 de outubro

A campanha para levantar a taça da Liga de Desenvolvimento, um projeto da Conmebol para fomentar o futebol feminino nos países sul-americanos, foi perfeita. As tricolores venceram todos os cinco jogos, marcaram 14 gols e não sofreram nenhum. Coube à capitã Mayara erguer a taça inédita no futebol brasileiro, depois dos 2 a 0 sobre a Chapecoense na decisão. Antes, caíram para o São Paulo a Ponte Preta, o Aliança (GO), o Menina Olímpica (CE) e o Internacional.

“Foi extremamente emocionante. Essa oportunidade que nos foi dada, de poder participar do torneio, é algo sem comentários. Ter sido capitã em um campeonato de tanta importância e poder erguer a taça foi maravilhoso. Até então nunca tinha feito isso e foi meu primeiro título jogando”, contou Mayara.

A Liga de Desenvolvimento foi disputada na Granja Comary, com hospedagem e alimentação bancadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e as equipes e federações estaduais precisaram arcar somente com os gastos de transporte. Além da sub-16 feminina, as categorias sub-14 feminina e sub-13 masculina também tiveram seus torneios e times classificados para as respectivas edições da Libertadores. As comissões das seleções femininas do Brasil e o coordenador da CBF para a categoria, Marco Aurélio Cunha, acompanharam as competições de perto.

“Esse torneio foi uma forma encontrada pela Conmebol para incentivar o futebol feminino. Criaram, então, a Libertadores. E para chegar nela seria preciso de um torneio nacional. Conquistamos nossa vaga ao vencer o Paulistão Sub-17. Outras sete federações estaduais ganharam uma vaga cada. Por ser de última hora, foi tudo bem feito, o formato de dois grupos, semifinal e final foi bom”, analisou o técnico Thiago Viana, da parceira entre Centro Olímpico e São Paulo.

Divulgação/São Paulo FC

Meninas do sub-15 foram homenageadas pelo título estadual em junho no Morumbi

Do elenco sub-15 que fez história ao ganhar um torneio masculino em 2016 e o Paulistão Sub-17 em junho deste ano, 11 meninas conquistaram a Liga de Desenvolvimento e a vaga na Libertadores. Outras sete foram puxadas do sub-16 do Centro Olímpico. Em um clube como o São Paulo, tricampeão do torneio profissional masculino e único brasileiro a ter a Libertadores Sub-20, foi mais um argumento de que o investimento na parceria com o futebol feminino do Centro Olímpico tem motivos para ser mantida.

“É maravilhoso saber que, além de podermos representar nosso país na Libertadores, é com o São Paulo, que sempre foi o time do meu coração e agora está me dando essa oportunidade. Isso representa a evolução do futebol feminino no Brasil. É inexplicável a sensação”, celebra a capitã Mayara.