São Paulo: Ele parou Kaká no adeus a Orlando e agora sonha com parceria no Tricolor

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UOL

Bruno Grossi

  • Divulgação

    Artur tenta desarmar Kaká no jogo do último fim de semana nos EUA

  • Artur tenta desarmar Kaká no jogo do último fim de semana nos EUA

Todas as atenções do Orlando City Stadium estavam voltadas para Kaká no último domingo. O camisa 10, afinal, realizava seu último jogo na casa do Orlando City, clube que o escolheu como protagonista de um projeto audacioso nos Estados Unidos. Os torcedores se despediram do craque, mas tiveram de lamentar uma derrota por 1 a 0 para o Columbus Crew, que contou com uma atuação inspirada de outro brasileiro para triunfar na Flórida.

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Com a camisa 7, o volante Artur era um dos responsáveis por vigiar Kaká. A missão dada pelo técnico Gregg Berhalter ainda exigia que o meio-campista saísse para armar o jogo. O garoto de 21 anos, emprestado pelo São Paulo até o fim da temporada, não decepcionou. Foi firme na marcação e ainda iniciou a jogada do gol que decidiu a partida.

“Antes de tudo, foi a realização de um sonho estar no mesmo campo que o Kaká. Foi legal poder marcá-lo, jogar perto. Foi difícil, mas uma experiência muito boa. Quando a gente ganha um jogo, nosso técnico dá a bola da partida para quem ele considerou o melhor em campo. Desta vez eu ganhei, talvez porque tenha iniciado a jogada do gol. Dei um passe quebrando a linha deles, como o Gregg havia pedido. Ele me parabenizou pelo lance”, contou Artur, ao UOL Esporte.

Divulgação Kaká e Artur têm em comum o início da carreira profissional no São Paulo

Como atleta do São Paulo, o volante não segurou a curiosidade sobre o destino de Kaká. O astro anunciou na semana passada que não renovaria o contrato com o Orlando City e agora decide se vai abandonar a carreira ou se tenta seguir atuando. O Tricolor já abriu as portas para o craque retornar em 2018 e deve fazer um contato mais direto em breve. Se o ídolo voltar à casa que o criou, Artur espera seguir o mesmo caminho e realizar mais um sonho, agora no clube que o profissionalizou em 2016 e onde disputou quatro partidas.

“Eu perguntei qual seria o destino dele, mas ele disse que ainda está indefinido, é algo incerto. Espero que ele tenha mesmo a chance de voltar ao São Paulo e que eu possa jogar com ele. Seria muito bom”, projetou o meio-campista, que tem contrato com os tricolores até julho de 2020. O estafe do atleta deve ter conversas nas próximas semanas com a diretoria do clube paulista e já recebeu outras propostas do Brasil e do exterior: “Isso está nas mãos dos meus empresários. Vão sentar com o clube e decidir para onde vou”.

Experiência no soccer

O Columbus Crew, time de Artur, tem mais um jogo da temporada regular da Major League Soccer (MLS) para disputar. No domingo, visita o New York City no Yankee Stadium. A equipe já está classificada para os playoffs. Por enquanto, o volante brasileiro soma 24 partidas, sendo 19 como titular. No período, registrou três assistências, o que considera a principal evolução em seu futebol na passagem pelos Estados Unidos.

“Está sendo muito bom, aprendo muito e ganhei experiência. Tem sido proveitoso. A intensidade é maior, melhorei muito nisso. E quanto mais você joga, mais ganha experiência, se conhece mais. Assim, melhorei na parte ofensiva, me sinto mais confortável e confiante para participar do ataque. O estilo de jogo de intensidade ajuda, pois tenho uma intensidade alta e consigo marcar e atacar”, analisou o jovem.

Passatempos em Columbus

O baiano Artur já estava acostumado a viver longe da família, mas a distância ainda maior na cidade de Columbus, em Ohio, o tirou da zona de conforto: “É muito válido sair de casa, viver mais longe. Você aprende a conviver com outros profissionais, com outra cultura. É uma experiência excelente, me fez aprender outras línguas e um novo estilo de jogo. Minha mãe já ficou por um tempo e agora irmão do meio veio ficar comigo, aí saímos para conhecer os lugares do centro da cidade, o zoológico, os restaurantes”.

Divulgação Artur e o amigo Higuaín cercam Kaká

Mas quando os familiares não conseguem se deslocar, o volante apela para outro tipo de companhia. Nada de celular ou videogame, Artur gosta mesmo é de livros. “Procuro ler um pouco, até porque pelo idioma é difícil ter alguém para conversar. Hoje em dia as pessoas ficam muito com o celular, jogando videogame, mas ler é o que me faz esfriar a cabeça. Estou lendo o livro do Guardiola (“Guardiola Confidencial”, de 2014) e um chamado “Arte da Guerra”, de Sun Tzu. Ele foi um general de guerra (estrategista e filósofo chinês, que viveu 500 anos antes de Cristo) e o livro traz estratégias de batalhas, mas que podemos aplicar na vida, nos negócios e até em campo”, contou.

Amigos, hermanos, brothers

Artur é o único brasileiro do elenco do Columbus Crew. Como ainda está aprendendo a falar inglês, acabou se aproximando primeiro de atletas que falam idiomas mais próximos. Um deles é Higuaín. Sim, o sobrenome é o mesmo do centroavante da Juventus. É que Federico, o camisa 10 do Columbus, é irmão de Gonzalo, o camisa 9 da Velha Senhora.

“É bem legal conviver com o Federico. A gente conversa muito. É uma pessoa boa, brincamos bastante sobre a rivalidade Brasil e Argentina, Pelé e Maradona. Só não falamos muito sobre a situação do Gonzalo, de não ser chamado para a seleção. Evitamos esse assunto”.