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Leandro Silva e Roberto Maleson
Série A registra 69,5% de gols na marca da cal. Saiba o local preferido dos cobradores, times com mais penais a favor e contra, os especialistas, e árbitros que mais deram penalidades. Veja os destaques!
Apito na boca e sinalização para a marca da cal na área. Este gesto tem sido cada vez mais frequente no Campeonato Brasileiro. A quantidade de pênaltis marcados aumentou gradualmente no decorrer dos últimos cinco anos. Em 2017 foram 128 assinalados – quase 50 a mais, se comparado aos 80 marcados em 2013. No entanto, a cobrança – sinônimo de gol para os torcedores – foi motivo de preocupação neste ano. Isso porque o aproveitamento caiu: foram 39 pênaltis disperdiçados, destaque para os goleiros, que defenderam 28, recorde dos últimos cinco anos.
O Espião Estatístico* resolveu, então, esmiuçar, em números, todos os pênaltis cobrados no Campeonato Brasileiro desde 2013 e traçou um raio-x das cobranças. Quer saber qual o local preferido dos destros e canhotos? O jogador que mais cobrou, fez gols e perdeu penais? O goleiro especialista com mais defesas? Os árbitros que mais apontaram para a marca da cal? Tudo isso e mais um pouco você confere neste levantamento.
Após uma análise das 485 penalidades assinaladas no Brasileirão nos últimos cinco anos, chegamos a conclusão de que o canto esquerdo inferior é o preferido dos batedores. Foram 152 cobranças neste setor (109 gols, 35 defendidas, cinco para fora e três na trave), o maior número em comparação com outros locais.
Apesar da maioria dos cobradores optarem pelas batidas rasteiras no lado direito do goleiro, o local com a melhor performance foi o canto esquerdo à meia altura, local com registro de 86% de aproveitamento. Em compensação, o quadrante direito superior teve o pior desempenho, foram 16 cobranças, com oito gols e oito desperdícios (quatro por cima, dois no travessão e dois para fora), ou seja, 50% de acertos.
Os cobradores destros fizeram 368 cobranças. Destas, 278 foram gol, 66 foram defendidas e 24 foram para fora ou na trave. O local favorito dos batedores foi o lado esquerdo rasteiro, com 116 cobranças. O ex-goleiro Rogério Ceni e o ex-atacante Bruno Rangel, falecido no acidente com o avião da Chapecoense, foram os destros com mais gols de 2013 para cá, 11 no total.
O canto esquerdo à meia altura teve o melhor aproveitamento (88,6%) em comparação com os outros quadrantes. Das 35 cobranças ali endereçadas, 31 viraram gol e quatro foram defendidas. Por outro lado, mandar a bola no ângulo direito não foi uma boa opção para o batedor destro. Das 11 cobranças, cinco resultaram em gols, duas foram para fora, três por cima e outra no travessão. Isto significa que 54,6% das penalidades foram desperdiçadas.
Assim como os destros, os batedores canhotos mandaram mais vezes a bola no canto esquerdo inferior (36). Um dos artilheiros do Campeonato Brasileiro ao lado de Jô, do Corinthians, Henrique Dourado, do Fluminense, foi o artilheiro canhoto do penais. O Ceifador anotou 12 gols na competição em cobranças da marca da cal nos últimos cinco anos: cinco bolas na rede pelo Palmeiras no Brasileirão de 2014 e mais sete com a camisa do Tricolor carioca na edição deste ano.
A semelhança entre os cobradores destros e canhotos se restringe apenas ao local preferido. Quando analisamos a eficiência nas cobranças da marca da cal, mandar a bola no meio do gol e no alto foi a escolha perfeita. Todas as tentativas neste setor resultaram em gols. Em contrapartida, bater o penal no centro inferior não foi uma boa opção. Metade das cobranças foi defendida, isto é, 50% de aproveitamento.
Ano a ano, o número de pênaltis registrados no Brasileirão aumenta. Neste ano, foram 128, recorde dos últimos cinco anos. No entanto, se a quantidade de penais tem crescido, o aproveitamento das cobranças oscila. No Campeonato Brasileiro de 2017, 39 pênaltis foram desperdiçados. O Atlético-MG foi o time com mais desperdícios – cinco no total. Apenas três times não perderam nenhum penal na edição deste ano: Avaí, Chapecoense e Fluminense.
Personagens dos pênaltis
Além de números, o Espião Estatístico revela também os principais personagens por trás dos 485 pênaltis marcados nos últimos cinco anos. Analisadas as cobranças, o Fluminense foi o time com mais penalidades a favor (35), enquanto o São Paulo foi quem mais viu o árbitro apontar para a marca da cal em sua área (30 vezes). Coincidentemente, os dois são também os times com mais gols marcados e sofridos a partir da marca da cal. O Tricolor Carioca fez 28 gols assim, enquanto o Tricolor Paulista sofreu 23 gols dessa maneira. E, claro, para o juiz assinalar a infração, algum jogador deve cometê-la. David Braz, Kadu e Victor Ramos são os mais faltosos dentro da área desde 2013 – cada um cometeu cinco irregularidades na área. Do outro lado, o atacante Rildo foi quem sofreu pênaltis no Brasileirão nos últimos cinco anos: nove no total.
O ex-goleiro Rogério Ceni foi quem mais cobrou pênaltis no período indicado: 15 no total. Porém, como quatro foram defendidas, ele não é o artilheiro da marca da cal. Esse posto foi assumido pelo atacante Henrique Dourado. O Ceifador chegou a 12 gols neste quesito neste ano: foram sete gols assim na edição de 2017. Agora, se o atual atacante do Fluminense está com crédito nos penais, um ex-atacante das Laranjeiras tem deixado a desejar nas penalidades: Fred, atualmente no Atlético-MG. Das 14 cobranças efetuadas, seis não foram morrer no fundo do gol.
Outro destaque importante nas penalidades é o goleiro Vanderlei. Apesar de ser o goleiro com mais cobranças contra sua meta (26), ele é quem mais defendeu: sete, sendo três apenas neste ano. Já Weverton, segundo goleiro com mais pênaltis contra sua meta (24), foi quem mais sofreu gols assim: 20 no total, três foram defendidos e foi pra fora.
Por fim, uma dupla de árbitros é personagem por ser a que mais marcou infrações dentro da área nos últimos cinco anos. Leandro Pedro Vuaden e Wilton Pereira Sampaio apitaram, cada um, 32 pênaltis no Brasileirão e são os juízes de destaque desta biografia da marca da cal desde 2013.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Caique Andrade, Eduardo de Sousa, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Roberto Maleson e Valmir Storti.