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Marcelo Prado
Presidente do clube vai de rompimento a reuniões com torcedores dentro do CT da Barra Funda.
O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, defendeu em evento na última terça-feira o diálogo como caminho para lidar com as torcidas organizadas.
De parte a parte, no entanto, as posturas do clube e desses torcedores mudou algumas vezes nos últimos quase dois anos.
Atualmente, a relação é amistosa, bem próxima, como os dois lados demonstraram no último domingo, no Morumbi:
Mas nem sempre foi assim – relembre alguns fatos:
- Janeiro de 2016: Leco admite financiar as torcidas organizadas e diz fazer concessões, como ajudar no carnaval e a entrar no estádio.
– O jogador faz gol e faz o sinal da “Independente”. Não faz para ser agradável, faz porque tem medo – disse ao jornal “Folha de São Paulo”. - Julho de 2016: São Paulo anuncia rompimento de relação com as organizadas, motivado por agressões, confronto da torcida com a PM e roubos no entorno do Morumbi, após derrota por 2 a 0 para o Atlético Nacional, na semifinal da Libertadores.
- Agosto de 2016: o CT da Barra Funda é invadido durante um treino. Objetos são roubados; alguns atletas são ameaçados e outros agredidos, como Carlinhos, Wesley e Michel Bastos.
- Junho de 2017: com o São Paulo na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, onde ficou por 14 rodadas, Leco é chamado de “pior presidente da história” em protesto comandado por torcedores organizados no portão principal do Morumbi.
- Agosto de 2017: muro do CT da Barra Funda é pichado por pessoas não identificadas com a frase: “Apoiamos, mas a paciência acaba”. No fim do mesmo mês, a Independente publica em seu Twitter que não invadiria o CT e só protestaria após o time atingir 47 pontos.
- Setembro de 2017: São Paulo recebe torcedores de diferentes segmentos (comuns, organizados, sócios e blogueiros, entre outros) para reunião no CT com jogadores, comissão técnica e diretoria.
- Novembro de 2017: com o time salvo do rebaixamento, o São Paulo abre novamente o CT para receber diferentes segmentos de torcedores e a diretoria, incluindo o próprio Leco. Na pauta do encontro elaborada pelos são-paulinos estão pedidos como manutenção de atletas protagonistas e transparência nas contas do clube, entre outras coisas.
- Dezembro de 2017: as escolas de samba das organizadas desfilam no Morumbi, antes da partida entre São Paulo e Bahia, pela rodada final do Brasileiro. Leco posa para fotos com líderes das torcidas.
- Dezembro de 2017: na última segunda-feira, a Independente agradece Leco por abrir diálogo com as organizadas e torcedores comuns. Na terça, o presidente lembra da invasão ao CT, cita o caminho do diálogo e aponta a relação do São Paulo com as torcidas como um caminho positivo.
– Mais do que tudo o que temos de fazer é trabalhar no sentido de desenvolver um processo sócio-educativo. Ele não se restringe simplesmente ao futebol, mas à sociedade geral, à cidadania. Posso citar um exemplo do São Paulo: houve uma invasão ao CT há um ano e meio, em que não aconteceram agressões físicas de maior expressão, mas aconteceram, sim, ameaças, agravos e situações de muita tensão, muito desagradáveis para o universo tanto do clube quanto social – disse Leco.
– Hoje o São Paulo vive uma experiência diferente, porque conversou com suas torcidas organizadas e com seus torcedores em geral, representados nos mais diversos segmentos. Conversamos na semana passada novamente com um grupo grande de torcedores e posso atestar aos senhores que o resultado é realmente expressivo e fundamental, porque nós estamos vendo uma redução significativa no nosso universo de situações de desrespeito à conduta social correta – completou o presidente.