GloboEsporte.com
Marcelo Hazan
Tricolor de coração teve oferta de farsante na infância e se inspirou em tenista durante fase ruim.
A notícia da proposta do São Paulo por Marcos Guilherme, na metade deste ano, foi especialmente comemorada pela família do meia-atacante por três motivos.
- O jogador é são-paulino desde pequeno, assim como a família;
- Ele estava na Croácia, onde defendia o Dinamo Zagreb, e a mãe, dona Eva, sentia saudades;
- Daquela vez o interesse era real, pois, quando ele tinha entre 10 e 11 anos, um farsante inventou um convite inexistente para jogar no Tricolor.
– Era um cara nada a ver. Ele tentou falar que era do São Paulo, mas descobrimos que não era. Depois, o treinador da escolinha onde eu treinava procurou saber e viu que era um farsante. Fiquei muito empolgado. Quando você promete uma coisa para uma criança, ela fica esperando, mas depois deixamos de lado – disse Marcos Guilherme.
Aliviado por ajudar o time do coração a fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, Marcos Guilherme abriu as portas da casa onde mora na capital paulista, a poucos metros do CT da Barra Funda.
Acompanhado do filho Guilherme, de um ano e nove meses, da mulher Karoline e dos pais José Inácio e Eva, que moram em Curitiba, ele ressaltou a importância da torcida na luta contra o Z-4.
– A fase era bem difícil. Não externamente, porque a torcida apoiou muito, mas pela grandeza do São Paulo e estar brigando para não cair. Isso incomodava a todos. Mesmo na fase difícil era uma satisfação enorme ter a honra de jogar no São Paulo. Imagino o São Paulo muito mais forte no próximo ano. Aprendemos com a fase difícil e friso que a torcida fez a diferença. Quando nos apoiam, jogamos muito melhor e com mais confiança – disse o meia-atacante.
Antes de aceitar o convite do São Paulo para realizar o sonho de jogar no time da infância, Marcos Guilherme ouviu do pai sobre o que ele teria pela frente, com a luta para fugir da queda.
– Era um desafio e o time estava precisando. Apoiei e fiquei contente. Disse que se estava feliz era o que importava. E ele estava feliz. Falou: “O São Paulo é o meu sonho, pai”. Então vai – disse o pai do atleta.
No São Paulo, Marcos Guilherme fez seis gols em 22 jogos. A média de 0,27 bolas na rede por partida é a melhor da carreira. Ele só fez menos gols do que Hernanes (nove) desde a estreia pelo São Paulo (29 de julho) até o fim do ano.
Alguns dos gols saíram em jogadas de velocidade de Marcos Guilherme, característica explorada para outro fim na infância.
– Tinha atletismo nos jogos escolares e me inscrevi para ver o que dava. Disputei 200m e 400m e ganhei nos dois (risos). Não é fácil (pegá-lo na corrida). Treinava muito velocidade quando era pequeno e no Atlético-PR também.
Antes de realizar o sonho de jogar no São Paulo, Marcos Guilherme contou com uma “ajuda” do tenista André Agassi para superar momentos de dificuldade em 2016 no Atlético-PR, onde foi revelado.
Tudo porque em 2012, quando estava na base, ele foi descrito como o maior talento do Furacão por Mario Celso Petraglia, hoje presidente do Conselho Deliberativo. Quando oscilou e foi para o banco de reservas, ele passou a ser muito criticado pela torcida.
Na ocasião, Marcos Guilherme passou a questionar o próprio talento e se de fato tinha a qualidade descrita pelas pessoas. Então, ganhou um livro de presente do zagueiro Paulo André: a biografia de Agassi.
– Eu estava em um momento complicado. Ele (Paulo André) disse que ia me ajudar e ajudou muito. O Agasse se questionava, e o pai dele o cobrava bastante. Eu me identifiquei com a história. Vi que um dos maiores tenistas de todos os tempos também se questionava e viveu isso, então era normal passar por isso.
Emprestado até dezembro de 2018, o meia-atacante se diz identificado com o São Paulo e espera um dia ser campeão no time do coração.
– Imagino todos dias os dias (conquistar títulos). No CT há várias fotos dos campeões da história do São Paulo. Meu sonho é entrar e ver a minha foto ali.