Para ser ponta “ideal”, atacante do SP ouviu Lugano e buscou até Guardiola

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UOL – Bruno Grossi e José Eduardo Martins

  • Marcello Zambrana/AGIF

    Marcos Guilherme aproveita os livros que lê para tentar crescer em campo

O técnico Dorival Júnior, no comando do São Paulo desde julho de 2017, é adepto aos esquemas táticos que apostam na presença de pontas no ataque, uma tendência que reapareceu ao longo da última década em todo o mundo. Mas o treinador não é daqueles que deseja ver o ponta totalmente entregue às funções de marcação. É preciso produzir no setor ofensivo, principalmente com gols. E é isso o que fez Marcos Guilherme se firmar rapidamente com a camisa do Tricolor.

Foram seis tentos em 21 partidas no elenco são-paulino. Um retrato do que Dorival prega sobre “pontas agressivos” na hora de escolher nomes no mercado e nas categorias de base – entram aí os sondados Lucca e Carlos Eduardo e o garoto Paulinho. Marcos Guilherme hoje festeja essa eficiência ofensiva, só não esquece de como custou a alcançá-la. Em toda essa revolução tática, muitos treinadores tornaram os pontas meros peões para recompor a marcação, cada vez mais distantes do gol adversário.

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“Hoje é minha característica. No começo da carreira não saíam tantos gols porque me preocupava demais na parte defensiva. Com o tempo consegui equilibrar e posso ajudar mais na frente”, confessou o atacante ao UOL Esporte. Para mudar esse panorama, Marcos Guilherme não ficou parado. Resolveu estudar, buscar referências para melhorar na posição e encontrou dicas no livro “Guardiola: Confidencial” – sobre o trabalho do técnico espanhol no Bayern de Munique – e em vídeos de entrevistas e treinos do atual comandante do Manchester City.

Carl Recine/Reuters

Guardiola tem ideias que ajudaram Marcos Guilherme a crescer

“O livro só li até a metade, ainda não peguei de novo para acabar. Deu para tirar algumas coisas e levar para o campo, principalmente o que ele fala sobre os pontas como o (holandês Arjen) Robben. Vi alguns vídeos dele também falando de como gosta dos pontas e aprendo muito. São questões de posicionamento, marcação, que me ajudam. Antes eu marcava, mas de forma errada, só na vontade, não tinha fôlego para atacar. As dicas dele e de outros treinadores me fizeram melhorar nisso”, explicou.

Essas dicas colhidas das experiências de Guardiola ajudaram, mas o momento difícil vivido pelo São Paulo em 2017 as colocaram em xeque. O time sofreu para se distanciar da zona de rebaixamento e muitas vezes foi preciso jogar de forma mais cautelosa para compensar frequentes erros defensivos. Marcos Guilherme acompanhou essa tendência, até receber conselhos de Diego Lugano: “ele pediu que eu não voltasse tanto para marcar o lateral e ficasse mais próximo do Pratto para ajudá-lo, que os espaços apareceriam”.

A boa resposta em campo só reforçou a confiança dada por Dorival Júnior, que desejava ter o atacante desde os tempos em que treinava o Santos. Agora, Marcos tem mais uma temporada de empréstimo no São Paulo, cedido pelo Atlético-PR, mas já diz que pretende ficar por mais tempo. Tudo graças à rápida adaptação.

“Sabia que ele me queria no Santos, mas que bom que deu certo no São Paulo. Chegar para trabalhar com um técnico que te quer dá mais confiança. Ele foi muito importante para mim. As coisas aconteceram, consegui com o apoio do grupo, da comissão e dos dirigentes. A recepção que tive de todos ajudou, inclusive da torcida. Ainda não conversamos sobre renovação, até pela situação que o clube viveu contra o rebaixamento. Minha intenção é permanecer, porque me identifiquei muito com o clube e sou feliz aqui”, avisou.

André Fabiano/Código19/Estadão Conteúdo

Hábito de leitura

“É algo que adiquiri mais velho já, em um media training que fizemos no Atlético-PR acho que em 2013. Foi bom para melhorar nas entrevistas, para me soltar, melhorar o vocabulário. Aí peguei o gosto e não parei mais. Gosto mais de biografias de atletas, porque aprendo com as hisstórias, que batem com momentos difíceis que passamos na carreira”.

Hernanes: o melhor de todos

“Ele é um líder, que tenta ajudar todo mundo, fala o que tem de ser dito. É um capitão como Petros, Jucilei, Sidão. Temos que escutá-los. Em campo, fica muito mais fácil jogar com ele, pela qualidade. Estou há pouco tempo no futebol, mas nunca vi um cara como ele. É impressionante o que faz com os pés. É o melhor que joguei, pela qualidade”.

Conselhos para os mais jovens

“Quando subi no Atlético-PR, tive a sorte de ter jogadores experientes como Paulo Baier, Luiz Alberto, Weverton, que me ajudaram muito e deram muitos conselhos para o dia a dia e no campo. Então tento apoiar bem a transição de quem vem da base para o profissional. Eles têm muita qualidade, é impressionante ver a cada treino. Já falei com alguns, sobre como ficamos ansiosos, como sentimos as cobranças. Mesmo sendo jovem (22 anos) eu procuro falar, porque eu passei por isso também. É difícil falar de um só porque a média é alta, com Shaylon, Lucas Fernandes, Militão, agora com Liziero, Brenner. Todos têm qualidade e, com rodagem, podem compor bem o elenco”.

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