São Paulo: Com sorte no azar, Morato não esperava renovar “nem a pau”

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UOL

Bruno Grossi e José Eduardo Martins

  • Érico Leonan/saopaulofc.net

  • Atacante disputou somente uma partida com a camisa do TricolorAtacante disputou somente uma partida com a camisa do Tricolor

O sorriso na imagem acima é de quem flertou com um ano de frustrações, mas terminou a temporada aliviado, realizado. Morato chegou ao São Paulo após ser um dos destaques do Campeonato Paulista jogando pelo Ituano. Em poucos dias de clube, cavou uma vaga no time titular, foi o melhor em campo na queda para o Cruzeiro na Copa do Brasil, em abril, e empolgou a torcida. No mês seguinte, já havia sido operado. Uma grave lesão no joelho direito o desanimou e deixava o sonho de permanecer no Tricolor muito distante. Até que…

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“Eu estava em casa quando recebi a notícia da renovação [em 10 de novembro]. Acredito que as pessoas já conversavam antes, mas para mim só chega quando está engatilhado. Até para evitar expectativa. Segurei a informação comigo, evitei falar, porque já tomei muita rasteira. Esperei assinar para contar. O sorriso estava na orelha. Pensei: ‘aconteceu’ [respira aliviado]. Mesmo com o andamento da fisioterapia para voltar a jogar, que era o foco, você precisa ter alguma coisa para você se agarrar e ter os objetivos mais para frente”, conta o atacante de 25 anos, que brinca com a sorte que apareceu no azar:

“Só não precisava sofrer tanto (risos)”.

Rubens Chiri/saopaulofc.net Morato protagonizou discussão com Rafael Sobis na Copa do Brasil

A renovação era cobrada por torcedores, defendida dentro do clube, mas não passava pela cabeça de Morato. Para ele, era impossível um jogador desconhecido, com apenas um jogo, uma lesão grave e indicado pelo antigo treinador – Rogério Ceni -, convencer o São Paulo a ficar.

“Não acreditava, nem a pau! Que jeito? Foi um caso meio impossível. E muito especial. Estou mais leve, mais motivado. Não tinha como ser diferente. Foram meses de expectativa, mas acho que veio tudo na hora certa, na evolução do meu trabalho, começando a fazer algumas coisas no campo. Espero um Morato totalmente renovado para 2018 e com o joelho zero-bala”, disse.

Isolamento no Reffis

Difícil, difícil. Por todas as coisas que aconteceram no ano, sentir muita dor e não pode ajudar com nada. Só aparecer no vestiário e participar da oração. Isso é muito difícil, mas ao mesmo tempo o esforço foi recompensado ao ganhar mais um ano no São Paulo. No fim foi um ano vitorioso. A partir de agora consigo ver que está mais próxima a volta. Só de ir ao hospital, fazer os exames para o ano que vem, os trabalhos que tenho feito com bola no campo e no Reffis. É diferente do que era há um mês.

Érico Leonan/saopaulofc.net Morato já faz treinos no gramado do CT da Barra Funda

Dor e previsão de retorno

Já é diferente a dor. Agora é mais da readaptação. Você começa a fazer saltos, aí o joelho reclama, dói, incha. Você volta a girar, algo que faz tempo que não faz, aí de novo dói, incha, reclama. Preciso ganhar força. Se continuar dessa maneira, meio de janeiro. A gente ainda está na hipótese do médico de cumprir oito meses, que daria em 18 de janeiro. Foi uma lesão complicada. Minha evolução tem sido elogiada, daria para começar a pré-temporada com todo mundo. Para isso tenho que continuar tratando em dezembro, sem perder tempo. A última canetada para voltar será do médico. A gente ainda vai acertar uns dias de descanso, mas ficarei tratando com o Wellington Nem (também operou o joelho, mas em agosto).

Parceria com outro lesionado

Tentei passar para o Nem como eu vivi a lesão. Ele está super bem. Parece que não sofreu 10% do que eu sofri. De dor eu falo, porque psicologicamente cada um reage de uma forma mesmo, não tem como comparar. A evolução dele está boa. O ambiente que ele mesmo criou é light, tranquilo. Tem três meses da lesão e está bem. Tem bom coração e é um grande parceiro.

No meio da torcida nos jogos em casa

Ainda dá para passar sem as pessoas me reconhecerem. Coloco o boné para baixo e passo batido. É tranquilo, só um ou outro que vê quem eu sou. A partir do momento que for aparecer mais, talvez me reconheçam e aí eu penso em subir para os camarotes. Mas eu fui criado assim, no meio do povão. Para mim é indiferente, gosto de ficar na arquibancada.

Recuperação do time e projeção para 2018

Muita gente não esperava. Eu via a evolução do trabalho deles, mas me surpreendi quando ganhamos três jogos. Não pelo resultado, mas pela forma. Estavam trabalhando duro para caramba, uma hora tinha que acontecer. Salvaram o ano. Todo mundo espera que 2018 seja um ano vitorioso. E eu espero um Morato mais cuidadoso, para que essas coisas não se repitam no ano que vem. Exagerei no lance em que me machuquei. Dava para evitar, com certeza, era um jogo-treino. Mas tinham os dois lados da moeda. Se eu deixo o cara passar e ele faz o gol, já ficaria sob desconfiança com a comissão técnica. Mas, enfim, aconteceu como deveria acontecer.

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