UOL
Ale Cabral/AGIF
Contratado nesta temporada por indicação do ídolo Rogério Ceni, então técnico do São Paulo, Sidão deve ver a concorrência interna no Tricolor ficar ainda mais acirrada em 2018. O clube do Morumbi acertou com o Bahia a contratação do goleiro Jean por cinco anos. A chegada de um reforço é vista de maneira positiva pelo veterano, de 34 anos.
“Não acompanhei muito [o Jean]. Ele é um goleiro novo, que fez um campeonato de destaque. Vamos esperar oficializar. Quem vier vai somar. Com certeza, vou continuar trabalhando firme. No momento, estou titular e, para me manter dessa forma, preciso trabalhar firme, como foi neste ano”, afirmou Sidão, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
“Essa pressão realmente existe e vai existir por muito tempo, porque o são-paulino olha para o gol e vai sentir falta do Rogério. Mas eu tentava não me comparar a ele e fazer o que sei. A ideia é mudar o chip do torcedor, mostrar que é outra pessoa que está lá, e que essa pessoa pode ser admirada pelo seu trabalho. Tentei focar em fazer o meu trabalho bem feito”, disse Sidão.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Sidão:
Concorrência
Sempre tem de ser sadia, a concorrência. O cargo é opção do treinador, não tem porque um querer o mal do outro, somente um vai jogar e vai ser opção do treinador, não importa o que faça fora de campo.
Estou muito feliz aqui [no São Paulo]. Quando falo em sonho realizado, as pessoas pensam que é da boca para fora. Mas é um sonho vestir a camisa de um grande clube. O São Paulo é o maior, se tiver a oportunidade de encerrar a carreira vestindo essa camisa será uma grande honra.
Quando pretende se aposentar
Eu me cuido bastante. Os exames médicos comprovam que estou bem. Pretendo jogar mais uns seis anos em alto nível.
Lombalgia e balanço de 2018
O ano começou muito bem, de forma até surpreendente na Florida Cup, ganhando o título contra o Corinthians. Quando voltamos para o Brasil, começamos bem. Mas tive a lesão [lombalgia] e carreguei até um pouco mais de tempo para me firmar como titular. Jogar e treinar com dor atrapalhou o meu rendimento, me atrapalhou na sequência. Fiquei bastante tempo fora até ter a oportunidade de retornar para fechar bem o time. Todo mundo reagiu na hora certa.
Nota da redação: Por conta da lombalgia, Sidão ficou pouco mais de três meses sem disputar uma partida e foi substituído por Denis e Renan Ribeiro.
Dores e sacrifício
Falei que sentia dores, mas até então atrapalhava pouco. Quando começou a afetar o rendimento, o pessoal me aconselhou a parar para tratar, porque não estava conseguindo atingir o objetivo. Joguei uns três jogos com medicamento. Sentia muita dor, limitava muito o movimento de tronco e atrapalhou bastante.
Liderança e importância para o elenco
Tenho esse perfil de liderança mesmo, quando cheguei fiquei um pouco acanhado de colocar isso para fora por ter caras muito rodados. Aos poucos, fui me soltando, e isso ajudou bastante principalmente a rapaziada que estava fora. Acho que essa importância que o pessoal fala que eu tive [na recuperação do time] é mais por causa desse período em que não desanimei. Mesmo sem jogar, tentava levantar todo mundo, para ajudar o time a sair daquela situação. Quando tive a oportunidade, também ajudei como pude, sendo a mesma pessoa.
Rogério Ceni no Fortaleza
Falei com ele, mandei mensagem desejando boa sorte. Sei que ele vai se dar bem no Fortaleza, espero que ele possa realizar o trabalho com sucesso. Fiquei feliz [quando soube que ele iria para o Fortaleza]. Ele merece oportunidade para continuar o que sonhou como treinador. O Fortaleza vai proporcionar novas experiências para ele amadurecer.
Lições aprendidas com Rogério Ceni
Conheci ele como pessoa. É um cara educado, atencioso, principalmente com fãs e funcionários do clube. Ele tem liderança, também. Aprendi taticamente aprendi algumas coisas com ele. Como goleio, aprendi sobre posicionamento, cobertura de zagueiro, como jogar avançado, reposição de bola…
Goleiros julgados e situação de Muralha
Fico chateado [com a situação do Muralha pressionado no Flamengo]. Passei um pouco por isso. Antes de voltar [de lesão ao São Paulo], deixei claro que não rendi o esperado por causa da lesão e as críticas vieram fortes, até injustas em alguns casos. Vamos sempre ser julgados, somos lembrados pelas falhas. Em certo aspecto, é mais mental do que físico. O Muralha é um bom goleiro, é mais questão psicológica. Futebol é gol, quando acontece um gol, começa o julgamento de quem errou e acertou. Como o goleiro é o último homem a ser vazado, tem início o julgamento do que ele fez de errado.
Lugano
Já era fã dele. Ele reflete um pouco do que sou. Tive a oportunidade de estar junto com ele, de me aproximar do ídolo. Ele sabe diferenciar quem se aproxima por interesse e por admiração. Sempre que posso, ouço os conselhos dele. Ele mostrou uma liderança que aprendi muito, mesmo sem jogar.
Ambiente durante a crise do São Paulo
Tem uma frase que ouvi no futebol que diz “ambiente bom é o de vitória”. Quando a vitória não vem, tem desconfiança interna, uns se afastam, outros se juntam. O ambiente mudou com as vitórias, mas na verdade mudou antes, com as conversas [entre jogadores, diretores e torcedores].
Férias
Vou tentar não parar totalmente. Moro perto do CT [da Barra Funda]. Para eu ir lá, não custa nada. Mas o pessoal da fisiologia passou trabalho para a gente fazer de academia e aeróbico, para cuidarmos da alimentação e para não perdermos massa muscular.