As indicações de Marcio Aith para o Conselho de Administração e Leonardo Serafim para a diretoria executiva jurídica, aprovadas pela maioria do próprio Conselho de Administração, deixaram descontente o vice-presidente do São Paulo, Roberto Natel.
Segundo ele, a primeira fere o estatuto do clube, enquanto a segunda prejudica a gestão. Natel pretende se manifestar na próxima reunião do Conselho Deliberativo, no dia 19 de dezembro.
O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, defendeu as nomeações e explicou que, em sua visão, a leitura do estatuto permite que Aith herde a vaga de Raí como membro independente do Conselho de Administração – o ex-jogador passou a comandar o futebol.
Caso Aith
O segundo parágrafo do Artigo 99 do estatuto do São Paulo diz que não pode ser membro independente do Conselho de Administração aquele que tiver ocupado cargo permanente na diretoria nos últimos três anos. Aith foi diretor de comunicação e marketing entre maio e dezembro – sairá no fim do mês para assumir a campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à presidência da república.
- Natel contesta:
– Não podemos deixar que o São Paulo vire um retrato da política do Brasil. Eu disse que vejo todas as qualificações no Marcio Aith, mas o estatuto não permite que ele assuma. Não vou aceitar, deixar por isso mesmo. Pretendo me manifestar no Conselho Deliberativo porque não podemos rasgar o estatuto dessa maneira.
- Leco defende:
– O cargo que ele ocupou é de caráter empregatício, regido pela CLT, não tem caráter permanente. Portanto, não há restrição. Eu me baseei no meu conhecimento jurídico e em consultas que fiz.
Leco afirmou que, quando explicou isso na reunião, o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta teria concordado, mas resolveu votar em branco. Disse também que a mesma restrição não se aplicou a Júlio Conejero, membro independente do Conselho de Administração que foi diretor adjunto de futebol há dois anos, e que “cargo permanente” se restringe aos conselheiros vitalícios.
Caso Serafim
O advogado passou a ser o quinto conselheiro remunerado no São Paulo, juntamente a Elias Albarello (diretoria financeira), Rodrigo Gaspar (administrativo), Eduardo Rebouças (infraestrutura) e Edson Lapolla (gerência do marketing).
- Natel contesta:
– O estatuto pede profissionalização, mas ao nomear conselheiros você tem o foco mais na política do que na gestão. Com profissionais de fora, a meta seria colocar o São Paulo lá em cima, no topo, porque daqui a três anos vem nova eleição. Mas dessa forma só se faz política.
- Leco defende:
– A diretoria jurídica passou por uma reestruturação, mas teve na figura do Leonardo Serafim um ponto fundamental de trabalho, que tem apresentado resultados importantíssimos para o São Paulo. O estatuto admite que eu possa ter diretores executivos de fora do clube, mas não determina isso. Eu nem tenho orçamento, hoje, para trazer bons executivos do mercado.
O presidente do São Paulo afirma que o próximo diretor de marketing não será conselheiro. A pasta, antes ocupada por Aith, será desmembrada em duas: uma de comunicação e outra de marketing.