Aguirre quase foi 1º técnico de Leco. Agora, é aposta para “salvar” o SP

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UOL

Bruno Grossi

  • Marcello Zambrana/AGIF

    Diego Aguirre negociou com o São Paulo no fim de 2015, para substituir DorivaDiego Aguirre negociou com o São Paulo no fim de 2015, para substituir Doriva

Diego Aguirre assumiu um São Paulo cercado de desconfiança, abalado por derrota em clássico e tentando trocar a passividade em campo por uma postura mais vibrante, agressiva, como se viu mesmo com a queda na semifinal do Campeonato Paulista contra o Corinthians. O cenário foi encontrado pelo técnico em 11 de março deste ano, quando foi anunciado como substituto de Dorival Júnior, mas é muito semelhante ao que teria pela frente se as negociações com o Tricolor tivessem prosperado há dois anos e meio.

O uruguaio esteve perto de ser contratado assim que Carlos Augusto de Barros e Silva assumiu a presidência são-paulina, em outubro de 2015. O treinador da época era Doriva, contratado por Carlos Miguel Aidar às vésperas da renúncia do presidente anterior, acusado de corrupção. Doriva completou somente sete jogos pelo clube e o então coordenador técnico Milton Cruz assumiu como interino para encerrar o Brasileirão daquela temporada.

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Quando o Tricolor foi goleado por 6 a 1 pelo Corinthians em novembro de 2015, o processo para encontrar um novo técnico foi acelerado e Aguirre ganhou força. Afinal, a equipe estava perto de se classificar para a Copa Libertadores da América do ano seguinte e o uruguaio havia sido semifinalista com o Internacional meses antes. O empresário Juan Figer falava publicamente sobre as negociações, enquanto também tratava da volta de Diego Lugano, hoje superintendente de relações institucionais, para defender o São Paulo.

A história mudou de rumo quando Edgardo Bauza anunciou a saída do San Lorenzo, clube pelo qual foi campeão da Libertadores em 2014 – já havia conquistado o torneio em 2008 pela LDU, do Equador. Leco, que estava no CT da Barra Funda para acompanhar treinamento na última semana do Brasileirão, ouviu de jornalistas que o argentino ficara livre no mercado. A reação foi de satisfação e, dias depois, Bauza já estava contratado.

Curiosamente, Bauza e Aguirre acabaram se encontrando na Libertadores de 2016. Nas quartas de final, o São Paulo do argentino venceu o Atlético-MG do uruguaio por 1 a 0 no Morumbi, perdeu no Independência por 2 a 1 e avançou para a semi. Os colombianos do Atlético Nacional entraram no caminho de Patón, muito criticado pela eliminação: primeiro por não recompor a zaga quando Maicon foi expulso no jogo de ida, no Morumbi, e depois por externar as negociações para assumir a seleção argentina durante a semifinal.

Bauza foi demitido da Argentina também debaixo de críticas e desde então caiu de mais duas seleções – Emirados Árabes e Arábia Saudita. Já Aguirre saiu do Atlético-MG para o San Lorenzo e caiu em uma semifinal.

O título do Paulistão evitaria a maior fila do clube na competição – agora o jejum chegará a 14 anos, superando o tabu de 1957 a 1970 – e ajudaria a melhorar a imagem de Leco. O presidente, reeleito em abril do ano passado, viu suas ações para melhorar as finanças do clube serem abafadas pelas vendas de jogadores na temporada passada e pelo tratamento dado a Rogério Ceni.

A torcida sempre o colocou na linha de frente dos protestos e conselheiros de oposição sempre o tiveram como alvo, principalmente nos momentos em que o clube fracassou esportivamente. A necessidade de conquistas no São Paulo fala mais alto e o resgate de um espírito mais competitivo feito por Aguirre pode ser um suporte para Leco.