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José Eduardo Martins
José Eduardo Martins/UOL Esporte
O presidente Leco, Cicinho e Lugano
Cicinho anunciou nesta terça-feira (6) o fim de sua carreira como jogador de futebol. Aos 37 anos, o ex-lateral direito preferiu encerrar a sua trajetória como atleta profissional por conta de uma lesão no joelho esquerdo. Campeão mundial de 2005 pelo São Paulo, ele foi homenageado pelo presidente do clube, Carlos Augusto de Barros, o Leco, e pelo superintendente de relações institucionais e ex-companheiro, Diego Lugano, ao receber uma camisa e uma placa do Tricolor.
“Esse pronunciamento é por conta do meu futuro, da minha carreira. E é muito importante que seja feito em um lugar que tenha me dado direção. Estou aqui para falar do encerramento da minha carreira devido a problemas no joelho. Estou feliz e tranquilo com a decisão. Foi em comum acordo com a minha família e com a minha esposa. Para continuar jogando, precisava de uma cirurgia agressiva. Por ter 37 anos, não achei viável e pensando na minha qualidade de vida, a melhor opção seria parar de jogar futebol”, disse Cicinho.
Após o pronunciamento e de receber a placa e a camisa do São Paulo, foi exibido um vídeo com depoimentos de jogadores que também participaram das conquistas de 2005, como Rogério Ceni, Amoroso, Aloísio e Mineiro. “Quando estava na Turquia projetava o retorno ao São Paulo, por ser a minha casa. Agora estou de volta para essa festa. É um momento de muita emoção”, afirmou Cicinho, que ainda não definiu qual será o seu futuro longe do futebol.
“Pretendo tirar um tempo para me dedicar à família, esposa, filhas. Tenho um projeto em andamento, em Goiás um centro esportivo, para crianças, vai ter futebol, escola, academia. Um centro esportivo bem completo e legal. Mas é claro que não vão descartar possibilidade de trabalhar no futebol de alguma maneira. Mas o meu pensamento agora é o centro esportivo”, disse o ex-jogador.
Cicinho fez parte da história no São Paulo. O lateral direito começou a sua carreira no Botafogo, de Ribeirão Preto. Na sequência foi para o Atlético-MG, até chegar ao Tricolor, em 2004. No Morumbi, ele passou por um dos períodos mais vitoriosos do clube. Titular absoluto, ele conquistou o Campeonato Paulista, a Copa Libertadores e o Mundial, todos em 2005.
“Eu não tive momentos difíceis no São Paulo. Éramos uma família. Tudo era sanado dentro de campo, meu problema não foi dentro de campo, mas sim fora. E o São Paulo ajudou a detectar esse problema”, completou o ex-jogador, que fez o anúncio vestido camisa social e gravata.
“A gravata é um trauma de infância. Quando eu era menorzinho, tinha um receio de ficar anão. Eu me via de gravata e pensava que eu ia ficar anão. Por isso, uso gravata. Para mostrar que o trauma está superado”, brincou Cicinho.
Renomado, ele foi convocado pela seleção brasileira para disputar a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. No total, defendeu o país em 17 partidas. Também integrou a equipe de galácticos do Real Madrid, ao lado de Ronaldo, Robinho, Roberto Carlos e Júlio Baptista. Depois, ainda vestiu a camisa da Roma, da Itália, antes de voltar para o São Paulo, em 2010.
Emprestado ao Tricolor, ele não conseguiu repetir as boas performances de sua primeira passagem. O jogador chegou a assumir que enfrentou problemas com alcoolismo e voltou para a Itália. Nos anos seguintes defendeu também o Villarreal, da Espanha, o Sport, de Recife, o Sivasspor, da Turquia, e o Brasiliense. Somados os dois períodos no São Paulo, foram 151 jogos e marcou 21 gols.
“Foi com o doutor José Sanchez [médico do São Paulo] que descobriu. O clube tem sempre o trabalho de psicóloga, que fez algumas perguntas e eles detectaram o problema com o álcool. Eu estava com uma depressão, mas na minha opinião tem vários tipos de depressão. E a minha eu escondia atrás do álcool, não ficava um dia sem beber e estava em uma situação sem condições. Eu não tinha mais prazer de jogar futebol. Busquei no lugar certo. Não fui em centro de reabilitação, fui direto a Jesus, a Deus, que são minhas crenças. Os planos de Deus era que eu desse testemunho sobre o que era e o que não era legal. Bebida não combina com nada. Eu não soube o que fazer. Perdi o prazer de jogar futebol. Creio que levantei essa bandeira. Sou mais vitorioso fora do que dentro de campo.”