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José Eduardo Martins
O São Paulo esteve muito distante de uma atuação brilhante. Mas lutou muito e contou com individualidades que estavam adormecidas para bater o São Caetano por 2 a 0 e, ainda no tempo normal, conseguir avançar à semifinal do Campeonato Paulista. Os gols saíram no segundo tempo no Morumbi, das cabeças desacreditadas de Santiago Tréllez e Diego Souza, que marcou logo em seu primeiro toque na bola.
A torcida, injuriada pela dificuldade para chegar ao estádio nesta terça-feira e pela má fase constante do time, vaiou muito no intervalo, com a partida ainda sem gols. Mas extravasou com a classificação e se rendeu a Lucas Fernandes, criticado quando entrou na vaga do lesionado Valdivia. O garoto mudou a dinâmica do Tricolor e foi decisivo com uma assistência.
As semifinais do Paulistão serão disputadas nos próximos sábado e domingo e no meio da semana seguinte. Palmeiras, que venceu o Novorizontino no jogo de ida, Corinthians, que perdeu para o Bragantino, e Santos, que empatou com o Botafogo, definirão os outros integrantes da fase até quinta-feira.
Os melhores
Assim como já havia acontecido em São Caetano do Sul, o São Paulo teve em seus zagueiros as peças mais seguras do time. No Morumbi, Arboleda e Bruno Alves tiveram grande atuação, sempre antecipando os atacantes adversários e levando vantagem nos cruzamentos na área. Menção honrosa a Lucas Fernandes, por dar mais criatividade ao time na etapa final, e Tréllez, pelo oportunismo no gol. Diego Souza, iluminado ao marcar em um toque, e Nenê, pela participação no segundo gol, também merecem a citação.
Os piores
Jucilei é um dos jogadores mais queridos pela torcida do São Paulo, mas não atravessa uma fase boa após retornar de lesão. O volante parece ainda carecer de ritmo de jogo, principalmente na saída de bola. Marcando, foi bem nos desarmes. No São Caetano, o goleiro Paes foi quem mais deixou a desejar, principalmente pela irresponsabilidade no gol de Tréllez.
Chuva e trânsito atrapalham a torcida
Não foi só o momento difícil do São Paulo neste início de temporada que fez com que o público fosse abaixo do esperado para uma partida decisiva de mata-mata. A chuva forte durante o fim da tarde e início de noite na capital paulista aumentou o trânsito e dificultou a chegada do torcedor ao estádio. Segundo o Tricolor, também foi necessário trocar o credenciamento de alguns jornalistas, que não conseguiram ir ao Morumbi.
Capitão barrado
Petros tem sido o capitão do São Paulo desde o começo da temporada. Nesta terça-feira, no entanto, o volante ficou apenas no banco de reservas. Aguirre decidiu dar chance a Liziero, garoto de 20 anos que entrou no segundo tempo das últimas três partidas do Tricolor. O jovem começou bem, com boa dinâmica, mas sofreu com alguns passes errados. E, sem Petros, a faixa de capitão ficou sob os cuidados de Sidão.
Pressão inicial
O São Paulo conseguiu pressionar o São Caetano no começo do jogo. Com apenas quatro minutos, o time já somava duas finalizações perigosas, incluindo uma bola chutada por Marcos Guilherme na trave. A equipe apresentou forte intensidade e uma entrega maior do que se acostumou a demonstrar no início desta temporada.
Agito e inversão
Diego Aguirre estava agitado no banco de reservas durante a partida. O treinador passou o tempo todo de pé para dar instrução aos jogadores. Na primeira etapa, por exemplo, chamou a atenção algumas vezes para que a marcação fosse mais adiantada e inverteu Marcos Guilherme e Valdívia da ponta direita para a esquerda na tentativa de confundir a marcação adversária.
Fogo amigo
Alex Reinaldo, destaque na partida do último sábado, deu um susto na torcida do São Caetano. O lateral-direito resolveu recuar uma bola do meio de campo, pegou o goleiro Paes desprevenido e quase marcou um gol contra. O arqueiro se esforçou para mandar para escanteio. O São Paulo também teve seu momento de fogo amigo quando o próprio Paes furou lateral jogado na área por Reinaldo e Bruno Alves praticamente afastou o perigo, mesmo com o gol vazio.
Reclamação de pênalti e vaias
O São Paulo mostrou disposição para buscar o resultado durante todo o primeiro tempo. Mesmo assim, os torcedores vaiaram a equipe na saída para o vestiário. Além da insatisfação com a equipe, o público ficou bravo com a atuação do árbitro Salim Fende Chavez, que não teria marcado uma penalidade após toque de mão na área. “O nosso jogador não iria reclamar à toa”, disse Reinaldo.
Lesões e gritos de “burro”
Antes do jogo começar, o São Paulo perdeu Júnior Tavares, cortado da lista de relacionados por uma lesão no adutor da coxa direita. E, no intervalo, nova baixa por problema muscular: Valdivia pediu para sair e iniciou tratamento já no banco de reservas. Um exame mais detalhado indicará a gravidade da lesão. Lucas Fernandes foi acionado e a torcida, sem saber da troca por necessidade, vaiou a substituição e chamou Aguirre de “burro”. O técnico voltou a ouvir xingamentos quando, aos 17 minutos da etapa final, trocou Marcos Guilherme por Caique.
Na raça
Tréllez deu um bom chute logo no primeiro ataque do São Paulo na partida. Depois, apareceu mais correndo atrás dos zagueiros do São Caetano do que participando de lances ofensivos. Mas foi justamente com essa disposição que o centroavante colombiano conseguiu colocar o Tricolor em vantagem. Aos 19 minutos, saiu em disparada para pressionar o goleiro Paes, que se enrolou com a bola e viu o são-paulino empurrar a bola para o gol vazio. Foi o primeiro tento de Tréllez com a camisa do clube paulista, em oito jogos.
Lucas Fernandes ressurge
O garoto foi muito criticado ao longo da temporada passada, quando ficou marcado por um estilo de jogo mais passivo, longe das características que o levaram ao profissional em 2016. Para piorar, Lucas entrou sob vaias no intervalo, o que poderia deixá-lo ainda mais pressionado em uma partida decisiva. Mas o camisa 11 reagiu bem e foi destaque no segundo tempo, criando duas chances claras de gol na base de uma de suas principais virtudes: ser ambidestro. E, já aos 39 minutos, deu assistência perfeita para Diego Souza anotar o segundo.
Fim do jejum
Diego Souza entrou no lugar de Liziero para ser meio-campista, sua posição favorita. Mas o gol que trouxe alívio ao São Paulo saiu exatamente na função em para a qual o Tricolor apostou nele. Lucas Fernandes acionou Nenê, recebeu de volta de calcanhar e cruzou com perfeição. Diego apareceu como centroavante e cabeceou com estilo para vencer Paes. Diego não marcava desde 3 de fevereiro, também no Morumbi, na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo – foram dez jogos de espera.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 2X0 SÃO CAETANO
Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data/Hora: 20 de março de 2018, às 21h
Árbitro: Salim Fende Chavez
Assistentes: Miguel Cataneo Ribeiro da Costa e Gustavo Rodrigues de Oliveira
Público Total: 17.899 presentes
Renda Bruta: R$ 414.726,00
Cartões amarelos: Reinaldo, Diego Souza e Petros (SAO); Diego Rosa (SCA)
Gols: Tréllez, aos 19 minutos, e Diego Souza, aos 39 do segundo tempo (SAO)
SÃO PAULO: Sidão, Militão, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Jucilei, Liziero (Diego Souza) e Nenê; Marcos Guilherme (Caique), Valdivia (Lucas Fernandes) e Tréllez. Técnico: Diego Aguirre.
SÃO CAETANO: Paes, Alex Reinaldo (Pedro Costa), Sandoval, Max e Bruno Recife; Vinicius Kiss, Nonato (Niltinho), Ferreira e Chiquinho; Diego Rosa (Marino) e Ermínio. Técnico: Pintado.