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Bruno Grossi
- Marcello Zambrana/AGIF
Júnior Tavares tem apenas três partidas pelo São Paulo nesta temporada
O São Paulo é cauteloso, mas já começa a comemorar a recuperação de Júnior Tavares. De promessa a encostado em um ano, o garoto voltou a ter chances na lateral esquerda com o interino André Jardine e não decepcionou em campo: atuações seguras, personalidade para ajudar no ataque e uma assistência. Mas esse princípio de reação poderia nem sequer existir. O defensor, que viu a carreira frear por problemas pessoais, esteve perto de deixar o Tricolor.
Estava nos planos da antiga diretoria de futebol, que tinha Vinicius Pinotti como executivo, negociar o lateral de 21 anos na virada de 2017 para 2018. A ideia era motivada por uma série de acontecimentos nos meses finais da última temporada. Erros em campo, postura distante do esperado para o momento vivido pelo time e, principalmente, uma instabilidade na vida pessoal.
Primeiro quando viu o rival Corinthians tentar envolvê-lo em troca com Lucca, que estava emprestado à Ponte Preta. Depois quando sua mãe, Simone, passou a gravar vídeos atacando quem criticasse o filho ou o relacionasse a uma possível transferência para o Corinthians. Por fim, o Ajax, que era visto como grande alternativa para vendê-lo depois de ter feito consulta ao São Paulo em junho do ano passado, fechou com o argentino Tagliafico, do Independiente
Todo esse turbilhão afetou a imagem de Júnior. Pinotti acabou saindo do clube, que mudou toda a diretoria de futebol. O discurso era de aposta na recuperação do jovem, mesmo que para isso fosse necessário mudar sua posição. Dorival Júnior havia sinalizado com a chance de treiná-lo para ser volante, uma opção a Petros. Abriu a temporada com testes no meio, na vaga deixada por Hernanes, e escalou o lateral somente uma vez, em um time reserva na abertura do Campeonato Paulista, jogando como ponta.
O jogador passou a não ser nem sequer relacionado, com Reinaldo e Edimar se alternando na lateral esquerda. Esse “esquecimento” começou a ser questionado pela torcida nas redes sociais, mas internamente era tratado como uma consequência natural. Júnior não estava encarando bem os problemas particulares que o cercam e viu companheiros e funcionários do Tricolor agirem por uma reviravolta. Há um entendimento que o jovem precisa de apoio e carinho para conseguir se manter focado no trabalho e blindado das dificuldades que enfrentou em sua formação.
Com a demissão de Dorival e as lesões de Reinaldo e Edimar, um novo caminho se abriu para Júnior. O interino e agora auxiliar André Jardine, que o formou na base do Grêmio e o indicou para o sub-20 do São Paulo em 2016, apostou em seu retorno ao time titular contra o Red Bull Brasil, no último sábado. O resultado? Boas jogadas ofensivas, finalizações e até uma assistência, para Arboleda marcar. Foi o oitavo passe para gol do lateral em 50 partidas como profissional do Tricolor.
Na saída para o vestiário, em entrevista à SPFCtv, desabafou: “Sempre que estiver no campo, vou batalhar ao máximo por essa camisa. Isso aqui já me proporcionou muita coisa. Isso aqui não é brincadeira, não. É meu trabalho e eu levo muito a sério”. Júnior sempre se mostrou grato ao São Paulo, que investiu nele mesmo após ficar encostado no Grêmio, também por problemas extracampo. Em 2017, foi um dos atletas mais chateados com a demissão de Rogério Ceni, responsável por lançá-lo no profissional.
Agora, respaldado pela torcida e com o apoio dos companheiros, espera voltar aos melhores dias. Inclusive sendo titular nas quartas de final do Paulistão contra o São Caetano. Sábado, às 16h, no Anacleto Campanela, e terça-feira, às 21h, no Morumbi.