UOL
Depois de criar esperanças de voltar a uma final e cair para o Corinthians nos pênaltis, o São Paulo precisou se recompor e direcionar as atenções para a Copa do Brasil. O problema é que não é só a arena de Itaquera que guarda jejum tricolor. A Arena da Baixada mais uma vez foi palco de uma derrota do clube paulista. Na noite desta quarta-feira, o Atlético-PR se impôs e venceu por 2 a 1. O Tricolor jogou mal, só cresceu e levou perigo na metade final do segundo tempo e agora precisa vencer por dois gols de diferença no dia 19 deste mês, no Morumbi, para se classificar para as oitavas de final do torneio nacional.
Nos treinos entre a eliminação no Campeonato Paulista e a volta da Copa do Brasil, o técnico Diego Aguirre ensaiou uma mudança drástica de esquema. Havia a expectativa de que o time entrasse em campo em Curitiba com três zagueiros e a volta de Cueva, com Petros e Marcos Guilherme no banco. O que se viu, no entanto, foi uma equipe praticamente igual à da queda nos pênaltis em Itaquera – apenas Rodrigo Caio no lugar de Bruno Alves.
A tentativa fracassou, com os tricolores pouco criativos e vulneráveis defensivamente. O jeito foi aplicar a outra tática treinada no segundo tempo, justamente com as saídas de Petros e Marcos e as entradas de Cueva e do estreante Régis. Mas a mudança, embora tenha melhorado o rendimento, não foi suficiente. Os paranaenses contaram com os gols de Pablo e Paulo André para vencer, enquanto os paulistas anotaram o tento de honra com Tréllez.
Antes de tentar reverter mais um tropeço na Arena da Baixada, o São Paulo precisa abrir mais uma competição de mata-mata na temporada. Na quinta-feira da próxima, às 21h30, os paulistas vão até a Argentina para encarar o Rosário Central. Curiosamente, o Atlético-PR joga no mesmo dia – mas às 19h15 – contra o maior rival do Rosário: recebe o Newell’s Old Boys.
Os melhores
Nikão deixou a defesa do São Paulo, principalmente Rodrigo Caio, perdida. Movimentação, tabelas, dribles e muita vitalidade. Quem também foi importante para o Atlétoco-PR foi Guilherme, mais um que tirou proveito de uma troca de posições no ataque para confundir os zagueiros. Pelo lado tricolor, Reinaldo pode até ter vacilo no segundo gol rubro-negro, mas teve papel importante para a reação armada em seguida com assistência para Tréllez e outras descidas perigosas pela esquerda. Nenê, no segundo tempo, é outro que merece a citação.
O pior
Rodrigo Caio voltou a ser titular do São Paulo depois de não participar dos jogos contra o Corinthians e de um contra o São Caetano na fase final do Campeonato Paulista. Mas o recomeço após defender a seleção brasileira não foi o esperado. O zagueiro hesitou ao disputar bola pelo alto com Pablo, que acabou ficando com o campo livre para invadir a área e abrir o placar em duas tentativas de chute. Já no começo do segundo tempo, Rodrigo se enroscou com Lucho González e viu o argentino do Furacão pedir pênalti, não marcado pela arbitragem.
Velho carrasco
Pablo já não é mais uma jovem promessa do Atlético-PR. Mas, aos 25 anos, segue como uma das principais armas do Furacão. E balançar as redes do São Paulo não é nenhuma novidade para o atacante. Antes do tento marcado nesta quarta-feira, o camisa 92 dos rubro-negros foi o algoz tricolor no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2016, em vitória por 1 a 0 na Arena da Baixada.
Sem criatividade
O São Paulo só conseguiu criar jogadas mais velozes e verticais quando Nenê, Liziero e Marcos Guilherme encostaram na lateral esquerda com Reinaldo. Ainda assim, a bola chegava até a entrada da área e não se transformava em uma chance clara de gol no primeiro tempo. A marcação atleticana foi forte, mas faltou aos tricolores uma movimentação mais intensa no ataque para tentar confundir os zagueiros rivais. O chamado a Cueva no segundo tempo era uma forma de corrigir a falta de criatividade, mas o peruano pouco pôde fazer.
Estreia amarga
Contratado após se destacar pelo São Bento no Paulistão, o lateral-direito Régis estreou pelo Tricolor nesta quarta. O jogador de 28 anos entrou no lugar de Marcos Guilherme, para que Aguirre colocasse em prática seu esquema com três zagueiros. A entrada, no entanto, foi frustrada minutos depois com o segundo gol do Atlético-PR.
Ação e reação
Aos 16 minutos do segundo tempo, o Furacão ampliou sua vantagem. Depois de ataques seguidos, incluindo uma caneta de Nikão em Rodrigo Caio, o gol saiu em falha de Reinaldo após escanteio e com um belo toque de calcanhar do zagueiro Paulo André. Dois minutos mais tarde, entretanto, o São Paulo conseguiu amenizar o prejuízo. Reinaldo foi ao ataque para se redimir e achou Tréllez na área para o colombiano descontar com seu segundo gol na temporada. Foi a segunda assistência de Reinaldo no ano.
Preocupação e retorno
Paulo André foi da glória ao drama em dez minutos na Arena da Baixada. Foi o tempo entre marcar seu golaço de calcanhar, sofrer o gol do São Paulo e se machucar em lance que quase terminou com o empate tricolor, em dividida com Tréllez. O zagueiro atleticano sentiu problema na coxa direita e precisou ser substituído, dando lugar a José Ivaldo. Por outro lado, o time paulista recuperou um jogador que estava lesionado. Hudson, depois de seis jogos como desfalque, foi usado por Aguirre no lugar de Liziero, que cansou.
Frustração de Nenê
Pouco efetivo no primeiro tempo, Nenê novamente chamou a responsabilidade e cresceu nos minutos finais. Primeiro, o veterano cobrou falta com perigo para o goleiro Santos. Depois, já na casa dos 40 minutos, recebeu na área, girou na marcação e bateu cruzado com muito perigo. Nenê foi ao desespero.
Tabu mantido
Desde a inauguração da Arena da Baixada, em 1999, o São Paulo nunca derrotou o Atlético-PR no local. Agora são 13 derrotas e cinco empates. Em contrapartida, o Tricolor viu uma marca positiva cair. Nesta edição da Copa do Brasil, eram quatro jogos e nenhum gol sofrido. Pablo e Paulo André estragaram a festa.
FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-PR 2X1 SÃO PAULO
Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)
Data/hora: 4 de abril de 2018, às 21h45
Árbitro: Claudio Francisco Lima e Silva (SE)
Assistentes: Cleriston Clay e Ailton Farias (ambos do SE)
Cartões amarelos: Reinaldo, Rodrigo Caio e Militão (SAO)
Gols: Pablo, aos 23 minutos do primeiro tempo, e Paulo André, aos 16 minutos do segundo tempo (CAP); Tréllez, aos 18 minutos do segundo tempo (SAO)
ATLÉTICO-PR: Santos, Thiago Heleno, Paulo André (José Ivaldo) e Pavez; Jonathan (Camacho), Lucho González (Wanderson), Raphael Veiga e Carleto; Pablo, Nikão e Guilherme. Técnico: Fernando Diniz.
SÃO PAULO: Sidão, Militão, Arboleda, Rodrigo Caio e Reinaldo; Jucilei, Petros (Cueva) e Liziero (Hudson); Marcos Guilherme (Régis), Nenê e Tréllez. Técnico: Diego Aguirre.