Presidente do São Paulo diz que vice age para desestabilizar gestão

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Leco afirma considerar Roberto Natel um opositor: ‘Nossa relação é meramente institucional’

Presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, durante entrevista no CT da Barra Funda
Presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, durante entrevista no CT da Barra Funda – Rivaldo Gomes/Folhapress
SÃO PAULO

Enquanto o time de futebol enfrenta mais um desafio na Copa do Brasil, o São Paulo vê sua política estremecida. A relação entre o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e o vice, Roberto Natel, existe apenas como uma formalidade. Em entrevista ao Agora, o mandatário do São Paulo afirmou que há ações do seu ex-braço direito para desestabilizar a gestão.

“Infelizmente, temos esse problema. Hoje, nossa relação é meramente institucional, por ações no sentido de nos fragilizar”, afirmou Leco.

Uma das ações citadas ocorreu na segunda-feira (2). Natel, junto com Newton do Chapéu, um dos principais opositores no clube, entregaram requerimento ao Conselho Deliberativo pedindo reunião extraordinária para alterações no estatuto, aprovado em dezembro de 2016.

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Atualmente, quem assume cargo na diretoria executiva do São Paulo, e é conselheiro, precisa se licenciar. Na representação da dupla, o pedido é para que o profissional escolha entre um e outro. Ou seja, se for diretor, com cargo remunerado, precisará deixar de ser conselheiro definitivamente.

Natel disse que não é inimigo de Leco, mas que há pensamentos contrários e que não são ouvidos pelo presidente. Ele afirmou que o pedido ao Conselho nada tem a ver com a relação deles.

“Eu tenho de ter conhecimento do que acontece no clube, até para explicar aos outros. Lá atrás, eu fui candidato, e ele não digeriu bem isso. A partir do momento que fizemos uma composição, no fundo, ele não queria aceitar”, disse o vice são-paulino.

“Tenho algumas reclamações, sim, porque algumas contratações foram malfeitas. Ele não pode querer que eu defenda algo que acho errado. Mas não é porque estamos batendo um pouquinho de frente que sou inimigo ou quero o mal dele. A gente está lá para ver o São Paulo campeão, contratar e vender bem”, acrescentou.

Agora – Como está a relação com o vice-presidente?

Leco –Ele tem participado de ações, e muitas, no sentido de desestabilizar, de fragilizar a gestão. Modificar isso agora [estatuto] não tem outra feição, outro efeito, a não ser o de dificultar essa gestão. Existem, infelizmente, pessoas dentro do próprio São Paulo que torcem para que a gestão não dê certo.

É difícil pacificar todos os grupos?

Isso é muito difícil, mas seria o ideal, porque os verdadeiros são-paulinos certamente desejam ver o São Paulo vencedor. Para isso, o ideal seria que as forças estivessem unidas, compactadas. Ao contrário, não há contribuição para isso. Há um interesse em dificultar, em desestabilizar. Isso é da condição humana.

Como começou esse desentendimento?

Por formas de agir, de participar da gestão. Eu não faço outra coisa nas minhas 24 horas do dia a não ser pensar no bem do São Paulo. Isso é dar estabilidade, segurança e cumprir compromissos, porque, infelizmente, quando as contrariedades deixam de ser estabelecidas e discutidas de uma forma direta, construtiva, e passam a ser fofocas, ações, elas perdem o sentido. Elas respingam aqui [no CCT da Barra Funda, onde a entrevista foi feita]. Por mais que a gente tente cuidar e bloquear a equipe, elas acabam respingando aqui. Tem gente lá dentro que torce para o São Paulo perder.

Então, o seu vice virou uma oposição diretamente ao seu lado?

É dessa maneira que ele está sendo considerado.

Como recebe as críticas da torcida de que ‘o Leco vende todo mundo’?

O Leco não vende todo mundo. Isso foi pela saída do David Neres [janeiro de 2017]. Naquele momento, eu não conseguia mais segurá-lo. Eu recebi uma proposta de 15 milhões de euros (R$ 50,7 milhões à época). É muito expressivo. A cabeça do jogador fica enlouquecida. O São Paulo estava com grandes problemas financeiros e precisava ser auxiliado por todas as fontes possíveis. Eu peguei o clube com três meses de salários atrasados de jogadores. Hoje não tem atraso de um dia.

Quando o jogador quer sair, não há milagre?

Não tem. Quando quer, é impossível segurá-lo. Claro que aí o torcedor se aborrece. De uma certa forma, orientou seu aborrecimento pelo fato de termos tido de vender alguns jogadores. Vendemos, mas fizemos reposições. Sempre que possível, fizemos. Até encontrar uma equipe estabilizada, hoje acho que ela está.

FONTE: JORNAL AGORA