Rojas se ‘viu no caixão’, conseguiu transplante e hoje sonha voltar ao SP

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Arquivo pessoal/Roberto Rojas

José Patrício/Folha Imagem
Roberto Rojas se apoiou na família durante o longo período de dificuldade

Roberto Rojas se apoiou na família durante o longo período de dificuldade

A última década de Roberto Rojas não foi nada fácil. Foram dez anos tendo, basicamente, o hospital como sua ‘segunda casa’. Depois de esperar cerca de nove anos por um transplante de fígado e se recuperar de duas graves complicações, o ex-jogador da seleção chilena hoje está liberado não só para viver normalmente, mas também para retomar as atividades profissionais. E como não custa nada sonhar, ele admite o desejo de voltar ao São Paulo, clube que defendeu como atleta entre 1987 e 1989 e, na década passada, trabalhou como técnico e preparador de goleiro.

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A possibilidade de retornar aos trabalhos, porém, só foi alcançada depois de muito sofrimento. Tudo começou por volta de 2009, com uma hepatite C. Foram longos anos esperando por um novo fígado e vivendo semana sim, semana não dentro de um hospital na cidade de São Paulo – ao qual Roberto Roja inclusive fez questão de deixar agradecimentos.

“Depois de uma hepatite C, em 2009, por aí, a minha saúde começou a complicar bastante e eu tive que deixar o futebol. Aí a doença ficou mais grave, e o tratamento foi muito longo: quase oito, nove anos esperando um transplante. Você tem que entrar numa fila e saber esperar er a oportunidade. Graças a Deus as coisas caíram em boas mãos; os médicos do Alberto Einstein me trataram muito bem, não só como médicos. Eles foram muito amigos, muito humanos, e isso foi uma das coisas principais neste momento”, disse em entrevista ao UOL Esporte.

Adriano Wilkson/UOL

Porém, não foi só a hepatite o único problema de saúde que Roberto Rojas precisou enfrentar. Durante essa longa espera por um transplante, o ex-jogador, hoje com 60 anos, foi surpreendido com uma dupla torção no pulmão, evento raríssimo na medicina. Foram quase três meses na UTI até enfim ultrapassar mais esse obstáculo em sua vida. Antes disso, porém, Rojas admite que chegou a ‘jogar a toalha’ e a ‘se ver dentro do caixão’.

“A do pulmão foi antes do transplante. Eu sentia muita dor. Foi complicado porque eu fiquei quase três meses na UTI, e então apareceu uma infecção do nada, de um dia para o outro, e tiveram que retirar parte do pulmão direito.

Mas é muita dor física. Eu fiquei praticamente oito anos indo no hospital e tirando liquido da minha barriga, dos meus pulmões, praticamente oito anos dentro de um hospital. Era uma semana sim, uma semana não, e muita complicação por causa da hepatite C. Mas a do pulmão foi horrível, aí eu joguei a toalha e pensei que eu não ia levantar mais, foi muito complicado. Eu estava muito fraco, muito debilitado, emagreci muito, mais de 18 quilos. Eu fiquei um palito”, recorda Rojas.

Mágoa com ex-companheiros: “Ninguém apareceu”

 

Durante esses quase dez anos de batalha, Roberto Rojas não recebeu a visita de nenhum ex-companheiro de São Paulo – ou de qualquer outra pessoa ligada ao futebol. E admite: não esperava que fosse assim.

Arquivo pessoal/Roberto Rojas

“Olha, no meio do futebol…”, pensou Rojas, respirando bem fundo. “É difícil, né, cara. Dos meus ex-companheiros de São Paulo não apareceu ninguém no hospital, nem em casa. [Quem apareceu] São pessoas que estão fora do futebol: Patrício de la Barra, chileno, meu amigo, o Álvaro e principalmente minha família: minha mulher e os meus filhos. Foram os principais pilares para eu… Hoje estou conversando com você não sei porque, porque eu me vi dentro de um caixão. Foi complicado. Mas ninguém do São Paulo me procurou. Mas tem um ditado que fala assim: na cadeia e no hospital você vê os verdadeiros amigos. Eu gosto muito dos meus ex-companheiros, mas são nestes momentos que você vê quem é quem. Mas faz parte da vida. Não deveria, mas faz, né?”, lamenta.

Eu me vi dentro de um caixão. Foi complicado. Mas ninguém do São Paulo me procurou”

“Uma vez o Muricy Ramalho me ligou, mas bem lá atrás, antes da cirurgia. Apareceram os meus amigos, que são bem-vindos em casa. Os meus ex-companheiros são muito competentes profissionalmente, mas é difícil achar entre eles um bom amigo”, acrescenta.

Sonho é voltar a trabalhar no São Paulo

 

Novamente apto a trabalhar, Roberto Rojas aguarda convites para retornar ao mundo do futebol. E carrega o consigo o sonho de retornar ao São Paulo, seja como preparador de goleiros ou integrante da comissão técnica, com outra função.

O meu sonho é voltar um dia ao São Paulo, pelo menos um dia, um mês”

“Hoje eu estou bem, recuperado, graças a Deus. Já estou com alta para começar as minhas atividades no sentido da parte física, então eu estou muito bem, esperando uma oportunidade de voltar a trabalhar novamente. A minha vida é futebol.

Mas eu queria voltar a trabalhar numa comissão técnica, na parte de trabalho especifico com os goleiros. Tem muita função para fazer dentro de uma comissão técnica. E se você me pergunta qual é o meu sonho hoje e aonde eu quero trabalhar eu gostaria, como um agradecimento pelo o que o São Paulo fez por mim, de trabalhar no São Paulo. O meu sonho é voltar um dia ao São Paulo, pelo menos um dia, um mês, seria o sonho cumprido”, afirma o ex-técnico, que espera passar aos jovens toda experiência acumulada que possui dentro do futebol – desde a década de 70, quando começou a jogar pelo Deportes Aviación, clube chileno que defendeu antes de chegar ao Colo-Colo, em 1983.

Jorge Araújo/Folhapress

“Eu gostaria, de coração, voltar a trabalhar no São Paulo, trabalhar no time profissional. Eu sempre falo para a minha mulher: ‘eu gostaria de passar um pouco do que eu vivi com o Rogério Ceni, passar para os mais jovens esse tipo de coisa, porque eu sei que eu seria muito importante para eles’. Essa porta ainda não se abriu, mas eu tenho muita fé que um dia vai acontecer”, diz.

“Outra coisa: eu quero trabalhar, preciso trabalhar, vai completar um ano da minha recuperação do pulmão. Na parte física eu estou bem e ainda não apareceu a oportunidade de voltar a trabalhar. Hoje também o mercado está muito fechado, mas o futebol é relativo, de repente aparece uma situação aqui, outra situação ali, e você tem que aproveitar. Eu não me vejo trabalhando no escritório, mas me vejo trabalhando dentro de campo, passando o meu conhecimento como ex-jogador, como preparador de goleiros”, acrescenta.

Confiança não falta a Roberto Rojas, que depois do ‘milagre do transplante’ passou a acreditar muito mais nas coisas – inclusive na possibilidade de ser convidado pelo São Paulo. “Creio que sim. Quem acreditou no milagre de um transplante… Então eu tenho muita fé em Deus que as coisas mudam de um dia para o outro”, finaliza.

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“Alguém tem que falar ao Jean que ele não é o Ceni”

O Sidão é um goleiro que todo mundo conhece as qualidades, as virtudes que ele tem como goleiro, e os defeitos também. E o Jean é um goleiro jovem que se destacou no ano passado, mas tem que esperar, e alguém tem que falar com ele que ele não é o Rogério Ceni, ele é o Jean, e como Jean ele tem que esperar, trabalhar e melhorar muito como goleiro, porque um goleiro não se faz só numa competição como ele fez lá no Bahia. Ele é muito bom goleiro, mas tudo tem o seu tempo. Hoje o Sidão é o meu titular porque ele tem tido uma regularidade boa. O Jean é um bom goleiro, mas tem que amadurecer um pouco mais e tem que se preocupar em melhorar aquilo que ainda pode aprender com 22 anos que ele ainda tem, não pode apressar, tem que ir devagar. Eu sempre torço para o São Paulo, especialmente para que apresente um bom futebol.

Chile fora da Copa do Mundo

Teve um jogo pontual nas Eliminatórias, que era contra o Paraguai, em Santiago [3 a 0 a favor do Paraguai], porque vir ao Brasil depois disso aí… Antes teve o jogo contra a Bolívia, em La Paz, (1 a 0 a favor da Bolívia], e aí veio aqui ao Brasil jogar a classificação [3 a 0 para o Brasil], era muito, muito difícil, porque o Brasil já se recuperou de todo o processo que vivia antes, mas o Chile não fez bem a lição de casa e se complicou, isso aliado também com indisciplina. Os jogadores perderam um pouco o foco e, quando perceberam, já era muito tarde.

Os goleiros de Tite na Copa do Mundo

O goleiro de confiança é o Alisson. O segundo goleiro, jovem, que eu gosto muito e que vai e tem que pensar no futuro é o menino do Manchester City, o Ederson. E o terceiro goleiro eu levaria aquele que estivesse aqui no futebol brasileiro num bom nível.

Agora, você também não pode levar um goleiro como o menino do Palmeiras [Jaílson]; ele já tem 36 anos, é complicado porque, pra quê você vai levar ele se pode levar outro mais jovem, que sirva para outras competições lá para frente? Você não pode levar um goleiro muito velho se você tem um goleiro com idade razoável. O goleiro do Palmeiras tem capacidade para isso, ele tem muita capacidade, mas eu gostaria, por exemplo, que fosse o goleiro do Grêmio, o Marcelo Grohe, por tudo o que ele já fez um tempo atrás e por tudo o que ele está fazendo agora no Grêmio, e tem 31 anos. Ele é um goleiro muito regular. Eu teria levado o Marcelo Grohe.

Ceni foi o melhor com quem trabalhou

Sim, tecnicamente foi o melhor. Ele teve coisas pontuais, ele ser um goleiro diferente de bater bem na bola, sair jogando com os pés, bater falta… Tem outro goleiro, no caso do Marcos, na fase dele, o Dida… Arqueiros muito regulares. Foram três goleiros que ganhavam jogos.

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