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Felipe Diniz e Marcelo Hazan
Meia é o único intocável do Tricolor: jogou as 13 partidas com Aguirre e será titular no San-São.
Nenê é o único dos jogadores do São Paulo que atuou nas 13 partidas sob o comando de Diego Aguirre – 11 desde o início e duas como reserva. No domingo, a estatística será mantida: o meia será titular no clássico contra o Santos, às 16h (de Brasília), no Morumbi, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro.
A sequência de jogos para um atleta de 36 anos soa peculiar. O dado, inclusive, surpreendeu o próprio Aguirre, informado sobre a estatística na entrevista coletiva da última sexta-feira, no CT da Barra Funda.
– Nenê tem uma liderança importante dentro de campo. Não significa que vai jogar todas. Aconteceu isso que você falou (jogar todas), mas vai ser normal tirar de algum jogo. Importante é o rendimento. Está em alto nível. Tem de confirmar jogo a jogo. Ninguém tem lugar garantido. Tem de mostrar e continuar. Domingo será uma nova oportunidade para Nenê e todos mostrarem alto nível competitivo e futebolístico para justificar – disse Aguirre.
– Eu gosto desse desafio (risos), das pessoas acharem que estou velho – disse Nenê.
Nesta entrevista, Nenê diz acreditar que o São Paulo vai brigar pelo título do Brasileirão, recorda a indignação pela derrota no San-São do Paulista e explica a amizade com Neymar, carrasco tricolor em três semifinais seguidas do Paulista pelo rival deste domingo (2010, 2011 e 2012).
– Ficava p… com ele, mas não era tão assim porque também havia jogado pelo Santos e gostava do Santos.
Veja a entrevista com Nenê, vice-artilheiro do elenco, com quatro gols:
GloboEsporte.com – O que mudou no São Paulo? Não vence há quatro jogos (no Brasileiro), mas também não perde. É o único invicto do Brasileiro. Tem quem veja o copo meio cheio e meio vazio. Você está em qual lado nessa história? E qual o motivo da invencibilidade?
– Estou no meio (risos). Feliz pela invencibilidade, mas não tão contente com os resultados. Acredito que em pelo menos dois jogos poderíamos ter conquistado mais pontos e estar na liderança. Isso é um pouco frustrante. Mas estamos no caminho certo. O time tem intensidade. Algumas mudanças fazem parte do processo. Temos um treinador novo. Temos de começar a vencer logo, principalmente em casa, onde não podemos perder pontos. Empate fora é bom, mas dependendo da circunstância não. Por exemplo: contra o Bahia, sim, mas contra o Fluminense, não. Não deixa de ser um resultado favorável, digamos assim. Mas em casa temos de vencer e deixar de empatar.
O que falta para vencer e encaixar uma sequência?
– Depende de matar o jogo e fazer o segundo gol. São erros que podemos corrigir. Erros nossos, do time completo e não da defesa. Temos de ser um bloco em campo. Na frente temos de ajudar para não facilitar lá atrás. Às vezes acontece. Faz parte do futebol. Às vezes a bola não entra. Quando tem chance tem de fazer o segundo e terceiro gol. E não sofrer. Quando está 1 a 0 também não pode ficar só defendendo, porque se não traz o time (adversário) e acaba tomando o gol. Isso dá uma raiva muito grande (risos). Mas o grupo é muito bom.
Você é o único que jogou os 13 jogos com Aguirre. Por que consegue essa sequência com 36 anos? Poderíamos imaginar outros jogadores nessa situação…
– Eu gosto desse desafio (risos), das pessoas acharem que estou velho. É algo da carreira toda, não só no São Paulo. Sempre me cuidei. Nunca tive lesão. A primeira lesão muscular foi no Vasco. Tenho um biotipo bom. Alimentação e descanso também são importantes para recuperação. E minha paixão também de jogar. Quero estar em todas. Nos treinos. Quero ganhar tudo. Todos esses aspectos juntos demonstram que se houver disciplina e profissionalismo dá para ir longe.
Se tem alguém fominha é você, então?!
– Isso (risos). Não só fominha de ficar driblando, mas fominha de querer estar em todas. Depois do treino o Fernando (Piñatares, preparador físico) fica enchendo o saco falando: “para de ficar chutando”. Antes do treino no futmesa, par ou ímpar, quero ganhar tudo. Posso dizer que sim.
Você vai continuar por muito tempo ou pensa em parar?
– Ainda tem muito tempo. Não penso. Fisicamente estou bem. Corro igual a molecada. As vezes até mais. Nós vemos os números dos jogos, sprints e quilometragem. Não penso em parar. Acho que posso jogar bastante tempo em alto nível.
Surpreendeu ser o único a jogar as 13 partidas com Aguirre?
– Pode ser que sim. Mas sou um cara que sei o que quero. Acredito no que posso demonstrar e ajudar. Me cuido para estar nas melhores condições. Se eu render dentro de campo e corresponder às expectativas, consequentemente vou estar jogando.
O que tem acontecido com o São Paulo nos clássicos? São cinco jogos, quatro derrotas e uma vitória…
– Não sei o que aconteceu das outras vezes. Meu primeiro clássico foi contra o Santos. Jogamos muito bem. O jogo todo em cima deles. Pressão. O time já tinha uma cara diferente. Acho que antes não tinha essa intensidade que nós temos. E confiança mesmo no nosso trabalho. Jogando em casa, com a torcida apoiando, e não ter medo de ir para cima e vencer, ainda mais em clássico. Contra o Santos eles jogaram por uma bola, fizeram o gol e ganharam. Por isso estava bastante indignado, porque não foi o reflexo do jogo. Mas futebol é assim. Foi bom para aprender e não acontecer de novo para dessa vez possa vencer. Contra o Corinthians, em casa, vencemos. No segundo jogo houve um erro nosso no fim. Estávamos bem. Ficamos muito atrás. Era um mata-mata, semifinal, e eles em casa. Nos pênaltis perdemos. O caminho é esse. Não importa o adversário, tem de confiar e ir para cima.
Quando entra em campo em um clássico esse retrospecto incomoda?
– Incomoda muito, ainda mais em clássico. Mas não tem de ficar pensando nisso. Tem de ver o que errou, corrigir e pensar positivo. Se pensar no que passou aí terá o mesmo resultado. Não adianta querer resultados diferentes fazendo a mesma coisa. É ter pensamento positivo de que a vitória virá.
Vencer o Santos pode ser o início de uma sequência? Olhando de fora parece que não está tão difícil de arrumar esse São Paulo…
– Faltam poucas coisas. Também vejo isso. Teve troca de treinador há poucos meses. Tem time no Brasil com dois ou três anos juntos. Claro que queremos resultados imediato. Eu também quero. Hoje em dia precisamos disso, mas temos de ter essa consciência também. “Peraí: não está tão ruim, ou não está tão bom”. Acredito que estamos no caminho certo. Ganhando dá para dar uma boa engrenada e vamos ficar perto das primeiras posições. Esse é o nosso objetivo: até a parada (para a Copa do Mundo) estar entre os quatro.
Você acha que o São Paulo briga lá em cima?
– Com certeza. Acredito muito nisso.
Quando começou a sua relação de amizade com o Neymar?
– Quando fizemos um jogo beneficente na minha cidade. Estive em Barcelona para fazer o convite e depois do meu jogo ficamos amigos. Estava no Qatar ainda. Isso faz uns quatro anos.
Foi um pouco depois da saída dele do Santos. Você revelou quando chegou ao São Paulo que sempre foi são-paulino desde a infância. Antes de sair para o Barcelona, o Neymar teve jogos marcantes contra o São Paulo no Morumbi (nas semifinais do Paulista 2010, 2011 e 2012). Você acompanhava e falava: “Esse moleque sempre atrapalha contra o meu time”? Como era isso? Chegou a falar com ele sobre isso depois?
– Não, quando você começa a jogar não fica mais torcendo tanto. Mas é claro que eu ficava p… com ele (risos). Mas era uma coisa que não era tão assim… até porque eu também havia jogado pelo Santos e também gostava do Santos. Não tinha muito isso. Mas ele lembrava de mim de quando eu estava no Santos (2003). Isso é uma coisa bacana. Quando ele era moleque. Eu falava: “Poxa, como assim o cara gosta do meu futebol?”. Ele dizia: “Eu estava lá e via você jogar”. Ele estava nas categorias de base. É um cara extraordinário. Não tem muito o que falar sobre isso. É um jogo importante e realmente é uma motivação muito grande. Espero que o estádio esteja lotado para a torcida nos ajudar a conquistar essa vitória importante para começar esse caminho de vitórias.
Veja as informações de São Paulo e Santos para o clássico:
Local: Morumbi, em São Paulo
Data e horário: domingo, às 16h (de Brasília)
Escalação provável do São Paulo: Sidão; Éder Militão, Bruno Alves, Anderson Martins (Arboleda) e Reinaldo; Jucilei, Hudson e Nenê; Marcos Guilherme (Lucas Fernandes ou Shaylon), Diego Souza e Everton
Desfalques do São Paulo: Rodrigo Caio (cirurgia no pé esquerdo), Gonzalo Carneiro (em recuperação de uma pubalgia e sem previsão de estreia), Morato (entorse no tornozelo esquerdo) e Cueva (acompanha o nascimento do filho e vai defender a seleção peruana)
Pendurados do São Paulo: Arboleda, Sidão e Régis
Escalação provável do Santos: Vanderlei; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz e Dodô; Alison, Jean Mota e Vitor Bueno; Gabigol, Eduardo Sasha e Rodrygo
Desfalques do Santos: Bruno Henrique e Guilherme Nunes (lesão muscular na coxa), Arthur Gomes (entorse no tornozelo)
Pendurados do Santos: Alison e Dodô
Arbitragem: Braulio da Silva Machado apita a partida, auxiliado por Kleber Lucio Gil e Neuza Ines Back (todos de SC)
Transmissão: Premiere e Premiere HD (com Milton Leite e Mauricio Noriega)
Tempo Real: GloboEsporte.com, a partir das 15h