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O Morumbi assistirá na tarde do próximo domingo um duelo entre equipes comandadas por técnicos de escolas diferentes, mas com estratégias semelhantes. Um é experiente e traz consigo o sangue uruguaio, o outro deixou o Rio de Janeiro para o maior desafio de sua carreira até então. Diego Aguirre e Jair Ventura terão um confronto de ideias e estilos no San-São válido pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro.
O sofrimento na primeira fase do Campeonato Paulista foi a gota d’água para a diretoria tricolor decidir pela demissão de Dorival Júnior. A lacuna seria preenchida por Diego Aguirre, que chegou com o respaldo do compatriota Diego Lugano, hoje dirigente no São Paulo, e Raí, também ídolo-cartola com que o atual técnico trabalhou no passado.
Em pouco tempo, Aguirre, de passagens por Internacional e Atlético-MG no Brasil, mudou o São Paulo à sua feição. Implantou o sistema com três zagueiros, impôs rodízio nas escalações e fez da raça uruguaia característica marcante de seu time.
De cara, o treinador teve de encarar uma sequência de decisões. No Estadual, passou pelo São Caetano, mas caiu diante do Corinthians. O peso do revés só aumentou com uma eliminação em casa para o Atlético-PR ainda na quarta fase da Copa do Brasil. Restou a Copa Sul-Americana, que deu respiro ao técnico com a classificação em cima do Rosario Central.
No Campeonato Brasileiro, o São Paulo é o único invicto, mas ocupa apenas a zona intermediária da tabela por causa dos quatro empates seguidos que se perpetuam desde a segunda rodada.
Aguirre vive um momento inusitado. Seu trabalho ainda é muito questionado pela falta de resultados e pelo pragmatismo em campo. Por outro lado, não há quem discorde que o treinador conseguiu colocar ‘fibra’ nos jogadores e dar um novo padrão de jogo ao time.
O clássico com o Santos pode ser um divisor de águas nessa situação em que Aguirre nem é tão criticado como tampouco elogiado no São Paulo. O resultado do San-São certamente determinará entre a pressão e a tranquilidade para a sequência do trabalho.
Não tão diferente é a fase do adversário desse domingo. O Santos fez um grande esforço para contratar Jair Ventura em janeiro, pagou a multa rescisória de R$ 800 mil ao Botafogo e apostou no técnico para arrumar a casa depois da mudança na diretoria, agora presidida por José Carlos Peres.
Com perdas significativas, como as de Lucas Lima e Ricardo Oliveira, e reforços que deram certo, casos de Dodô, Eduardo Sasha e Gabigol, o treinador ainda não deslanchou e o aproveitamento é ruim: 12 vitórias, cinco empates e dez derrotas na temporada: 50,6%.
Jair tem o respaldo da presidência, mesmo com a oscilação e a goleada por 5 a 1 para o Grêmio, mas é cobrado por parte da torcida. O Peixe foi eliminado com vitória sobre o Palmeiras fora de casa na semifinal do Campeonato Paulista, se classificou com antecedência para as oitavas da Libertadores, está nas quartas da Copa do Brasil e tem início de Brasileirão ok. O problema é o futebol pouco convincente da equipe.
O comandante, reconhecido pelo pragmatismo no Botafogo especialista no contra-ataque, prega a ofensividade no Santos, mas, na prática, as atuações geralmente são burocráticas, com posturas conservadoras fora de casa. O grande problema está no meio-campo e na ausência de um camisa. Várias tentativas foram feitas e nenhuma deu certo. Os dirigentes prometem resolver o problema na próxima janela internacional de transferências, a partir de julho.