São Paulo tenta aproveitar turbulência no Atlético-PR para quebrar tabu

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UOL

José Eduardo Martins e Napoleão de Almeida
  • Rubens Chiri / saopaulofc.net

    Militão divide bola com Carleto, na Arena da Baixada, em CuritibaMilitão divide bola com Carleto, na Arena da Baixada, em Curitiba

O São Paulo tenta quebrar um tabu de quase 20 anos neste sábado. Desde a fundação da Arena da Baixada, em 1999, em Curitiba, o Tricolor nunca conseguiu vencer o Atlético-PR em seu estádio – são 18 jogos, com 13 vitórias dos donos da casa e cinco empates. Desta vez, porém, os paulistas têm a seu favor o momento turbulento que vive o adversário.

Em adaptação ao sistema de tático implantado pelo técnico Fernando Diniz, o Furacão tem uma campanha abaixo do esperado neste Campeonato Brasileiro. A equipe soma apenas nove pontos, e abre a zona do rebaixamento na 17ª posição na tabela. Há quem acredite que um resultado negativo pode custar o emprego do treinador, ainda que o Atlético-PR diga que não o demite nem em caso de queda para a Série B.

Já o São Paulo vive um momento muito mais tranquilo do que nas últimas temporadas. Com apenas uma derrota em dez partidas, a equipe está no sexto lugar com 16 pontos, mas apenas um a menos do que o vice-líder Sport. Por isso, o clube pretende ganhar os dois próximos confrontos (diante do Atlético-PR e o Vitória, na terça-feira) para fechar essa primeira parte do Brasileiro entre os primeiros colocados.

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Até mesmo para não aumentar a responsabilidade dos jogadores, o São Paulo tenta focar suas atenções para o tabu. “Pensamos em jogar bem, melhorar e corrigir o que fizemos na terça-feira [no empate por 0 a 0 com o Internacional] e buscar um triunfo. Temos que mostrar um bom futebol e tentar buscar os três pontos para ficar na parte de cima da tabela. É um rival bom, que joga muito bem, mas temos competência para sair de lá com um resultado positivo”, disse o zagueiro Arboleda.

Turbulência dentro e fora de campo

Com a segunda pior campanha da história do clube considerando esse mesmo intervalo de jogos na era dos pontos corridos, o Atlético-PR entrará em campo pressionado pela torcida, que pede a saída de Fernando Diniz do comando técnico. A principal organizada do clube, “Os Fanáticos”, protestou contra os jogadores e o técnico nos aeroportos de Recife e Curitiba após a derrota para o Sport, e publicou um manifesto exigindo vitória e dizendo “mais tolerar esse futebolzinho de passe para o lado”.

Internamente, a saída de Diniz já é comentada de forma mais aberta, sendo que o treinador conta ainda com o apreço do principal dirigente do clube, Mario Celso Petraglia, que segurou as cobranças e manteve o técnico no cargo. Depois da vitória contra o Santos, na oitava rodada, o lateral esquerdo Thiago Carleto manifestou apoio público ao técnico: “Nós jogadores temos responsabilidades”, declarou, dando o tom de como as cobranças chegam internamente.

Um dos líderes do elenco, Thiago Heleno falou sobre o jogo ao canal oficial do clube: “A gente espera que o torcedor ajude. É um momento complicado para todos nós, a gente está tentando reagir. Com o nosso torcedor do lado fica um pouco mais fácil. É um jogo importante, não só para nós jogadores, mas para a torcida também, pela rivalidade que tem”, declarou à TVCAP.

Nas arquibancadas da Arena, o clima de tensão pode levar a outro problema: por decisão do Ministério Público do Paraná, o jogo será de “torcida única”. Entre aspas, porque o torcedor do São Paulo terá liberdade de comprar ingressos para ver o jogo, mas sem poder entrar com artigos do clube, como camisetas e faixas, e sem ter um lugar específico para ficar acomodado, como já aconteceu nos jogos do Atlético-PR contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, e Santos, pelo Brasileiro. Nenhuma ocorrência foi registrada no estádio nesses dois jogos.

Rivalidade

Além da tradicional rivalidade entre os dois clubes, os ânimos ficaram ainda mais acirrados recentemente por causa da saída de Marcos Guilherme do São Paulo. O jogador foi emprestado aos paulistas em junho de 2017 e tinha assinado um acordo de um ano com o Tricolor. Na ocasião, porém, ficou apalavrado que o prazo seria ampliado até o dezembro de 2018.

Neste ano, o Atlético-PR preferiu fazer valer apenas o que estava no papel. O São Paulo chegou a fazer uma proposta para contratá-lo por 2 milhões de euros, sendo a primeira parcela paga em janeiro de 2019. Os paranaenses não abriram mão dos 3 milhões de euros previstos no contrato e fizeram o jogador deixar o Morumbi. Agora, vinculado ao Atlético-PR mas não reintegrado ao time, ele vai ver o jogo de longe dividido.

“Aí você me complica [se for para escolher para torcer para o Atlético-PR ou para o São Paulo]. Vou assistir lá ou em casa, até por que tenho muitos amigos, tanto lá como aqui”, disse Marcos Guilherme, que começou a carreira no time paranaense e nunca escondeu a sua torcida pelo São Paulo.

Ficha técnica

Atlético-PR x São Paulo

Data: 9/6/2018
Hora: 16h (Brasília)
Local: Arena da Baixada, em Curitiba
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Auxiliares: Elio Nepomuceno de Andrade Junior e Jorge Eduardo Bernardi, ambos do Rio Grande do Sul

Atlético-PR: Santos; Wanderson, Thiago Heleno e Esteban Pavez (Bruno Guimarães); Marcinho (Rossetto), Camacho, Lucho González e Carleto; Raphael Veiga (Guilherme), Nikão e Pablo. Técnico: Fernando Diniz.

São Paulo: Sidão; Militão, Bruno Alves, Anderson Martins (Arboleda) e Reinaldo; Jucilei, Hudson e Nenê; Lucas Fernandes (Morato), Diego Souza e Everton. Técnico: Diego Aguirre