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Mateus Benato
Tricolor do uruguaio se impõe contra o Corinthians e vence por 3 a 1 quase sem correr riscos.
Parece clichê. E é! Mas os jogadores do São Paulo compraram a ideia de Diego Aguirre. Além disso, não é simples explicar a campanha tricolor no Campeonato Brasileiro. Fazia tempo que isso não acontecia pelos lados do CT da Barra Funda…
Nos últimos anos, nem com Rogério Ceni, o maior ídolo da história do clube transformado em técnico, isso foi visto. A briga contra o rebaixamento no último Brasileirão, já com Dorival Júnior no banco, foi feia.
Importante: o trabalho da diretoria neste ano é bem melhor. Lembra como o elenco foi desmontado antes do segundo semestre do ano passado? Agora, com mais equilíbrio, a vida do técnico melhora. Mas voltemos ao campo…
Faz apenas quatro meses que Aguirre é o técnico. O time de agora parece aquele que começou a temporada? A diferença é gritante! Na vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, na noite de sábado, no Morumbi, o São Paulo mostrou de vez a sua nova cara: é uma equipe de Reinaldos, não mais de Cuevas.
– Vamos ganhar e perder. O que não pode mudar é a entrega, o sacrifício a cada jogo, a cada bola. Mas também estamos jogando bem – explicou o uruguaio após a oitava vitória em 14 jogos do vice-líder do Brasileirão, que só perdeu uma partida até agora, fora de casa.
O São Paulo de Reinaldo, supresa e nome do clássico (entenda abaixo), é aquele que faz o que Aguirre pediu na frase cima – todos os jogadores têm feito. No começo do ano, ainda com Dorival, Cueva não queria ficar no banco. Aliás, a maior parte da torcida, que também comprou a ideia do novo técnico, comemorou a saída do craque-problema.
O discurso do “jogo a jogo”, afastando qualquer menção a favoritismo, continua afiado, como repetiu Aguirre no vestiário do Morumbi. O São Paulo, que já era aguerrido e está se tornando confiável, como apontei depois da vitória sobre o Flamengo, agora também surpreende – repito: Reinaldo resolveu o jogo contra o Corinthians.
Com seis pontos ganhos, metade da sequência-pedreira foi superada. Nos próximos dois jogos, contra Grêmio e Cruzeiro fora de casa, Aguirre não sabe se vai ganhar ou perder, mas tanto o técnico quanto a torcida têm certeza de como os jogadores vão entrar em campo.
Fator Reinaldo
A novidade de Aguirre na escalação foi Reinaldo no lugar de Everton, suspenso. O lateral, que geralmente avança bastante, jogou ainda mais adiantado. Antes do jogo, o técnico falou em “reforçar o lado esquerdo”… Funcionou para segurar Fagner atrás, mas nem sempre na parte ofensiva.
O meio-campo do São Paulo era uma espécie de bloco formado por cinco jogadores: Hudson e Liziero; Rojas, Nenê e Reinaldo. Todos ajudavam na marcação e, quando a bola era tricolor, os três mais adiantados se aproximavam de Diego Souza na frente.
No começo do primeiro tempo, quando o Corinthians saiu mais, o esquema funcionou melhor, pois principalmente Rojas e Reinaldo – cobertos por Militão e Edimar nas laterais, respectivamente – tiveram espaço para avançar com a bola. Nenê estava mais marcado.
Depois, quando o adversário se postou atrás, esse trio de “meias” teve que passar a levantar a bola na área, principalmente em cobranças de falta. E não deu certo: ou a bola não chegava ou, quando chegava, pegava os jogadores em impedimento.
Insistir
O segundo tempo começou do mesmo jeito, com o Corinthians recuado. No São Paulo, Diego Souza tentava sair da área para dar uma nova opção ofensiva, mas os cruzamentos para a área continuavam… O que fazer? Insistir!
Aos 10 minutos, num escanteio cobrado por Nenê, Militão deu apoio para Anderson Martins subir e cabecear no canto esquerdo de Cássio. E o jogo mudou: “O primeiro gol do São Paulo fez o Corinthians desmoronar em campo”, disse o comentarista Gabriel Dudziak na Rádio Globo/CBN.
Assim, além de manter a forte presença ofensiva, os jogadores de Aguirre voltaram a ter mais liberdade, pois os adversários, por causa da desvantagem no placar, tiveram que sair mais. E as chances que se seguiram, com troca de passes, em velocidade, fizeram Reinaldo ampliar o placar com dois gols.
Povoando o meio-campo, atacando mesmo quando a única saída era cruzar a bola e, principalmente, brigando por todos os lances – no Maracanã e no Morumbi, Hudson foi exemplo disso –, o São Paulo conseguiu se impor e vencer um clássico quase sem correr riscos.