GloboEsporte.com
Marcelo Hazan e Renato Peters
Volante diz que grupo tricolor não tem ansiedade por primeiro lugar do Brasileirão, que pode ser atingido nesta quinta-feira, contra o Grêmio, fora de casa.
O São Paulo disputa ponto a ponto a liderança do Campeonato Brasileiro com o Flamengo e assumirá o topo da tabela se vencer o Grêmio nesta quinta-feira, às 19h30 (de Brasília), em Porto Alegre.Mas isso não deixa o elenco ansioso, segundo Hudson.
Provável titular na Arena do Grêmio, Hudson explica qual é o sentimento do grupo para brigar pelo título, revela bastidores da transferência ao Cruzeiro em 2017, quando foi trocado por Neilton, e diz qual é o tamanho da perda com a ida de Éder Militão para o Porto.
No clássico contra o Corinthians, no sábado, Hudson foi “o ladrão” de bolas, com oito desarmes – veja vídeo abaixo. Nesta noite, essa habilidade, ainda mais fora de casa, pode fazer a diferença para São Paulo do técnico Diego Aguirre na 15ª rodada do Brasileirão.
GloboEsporte.com – Você foi o líder em desarmes no clássico contra o Corinthians – oito dos 22. Às vezes, isso não aparece muito, mas é uma função importante…
Hudson – Para o volante, hoje em dia, é uma das características principais: roubar a bola e municiar a armação do time. No clássico, consegui roubar muitas bolas e sou um bom ladrão (risos).
Recentemente, você deu uma declaração forte dizendo que o São Paulo tinha urgência de virar a chave. O que mudou?
– Acredito que o Aguirre trouxe um ânimo novo. Não só um ânimo. O que aconteceu é que houve uma unidade entre comissão técnica, jogadores e diretoria. Todos tomaram a real ciência (da situação). Hoje não tem vaidade no grupo do São Paulo. Todos estão torcendo pelas vitórias. Quando ganha, não são só os 11, 12 ou 13 que atuaram. Todos saem valorizados, e o São Paulo mais ainda. E, como falei, o São Paulo tem essa urgência. É um clube extremamente vencedor e está passando por anos muito difíceis. Então, quem está aqui hoje sabe da responsabilidade de colocar o São Paulo no topo novamente.
Mas houve alguma conversa?
– Teve reuniões, sim, mas a melhora veio no dia a dia do grupo, de como lidamos um com outro, de respeitar o mais novo subindo e o mais velho que tem uma carreira mais sólida… Nós nos damos muito bem. O Aguirre está com a gente. Tem a metodologia de trabalho dele, mas faz tudo para nos deixar felizes. Isso reflete no campo. A rapaziada está correspondendo o que ele passa e (trabalhando) com alegria. Ninguém faz seu trabalho sem alegria. As coisas estão fluindo.
Aquela saída para o Cruzeiro, em 2017, muita gente não entendeu. Você estava em uma boa fase e saiu em troca com o Neilton. Como foi?
Chateado?
– Um pouco chateado, mas são coisas do futebol. Não posso julgar a diretoria, muito menos o Rogério (Ceni), um cara com ques trabalhei, admiro e respeito muito. Era questão de prioridade. Ele achou que precisava de um ponta. Conversou comigo: “Hudson, preciso de um cara rápido, o Neilton se encaixa nisso. Se quiser ir para o Cruzeiro, vai. Se quiser ficar aqui, vai brigar por posição”. Eu disse “OK, era o que eu precisava saber”. Fui para o Cruzeiro e me fez muito bem. Amadureci, conquistei um titulo importante para mim e para o Cruzeiro (Copa do Brasil). No fim das contas, fiquei chateado, mas foi muito bom para a minha carreira.
E como você analisa essa volta ao São Paulo?
– Voltei mais maduro. As pessoas aqui dentro me veem de uma forma diferente, como um cara experiente e que pode agregar mais ao São Paulo. Tenho procurado fazer isso no dia a dia. Não posso viver do que conquistei no Cruzeiro, tenho que conquistar aqui e é isso que corro atrás.
O torcedor pode apostar neste time para brigar pelo título?
– É nossa obrigação, dos jogadores, brigar por qualquer campeonato. No Brasileiro, estamos conseguindo. Faltam 24 rodadas, mas esperamos estar sempre no topo. Acreditamos que, se estivermos perto do topo, a dois, três, um ponto ou líder faltando cinco rodadas, vamos, sim, disputar o titulo e, quem sabe, conquistar. Falta muito, mas estamos sonhando.
Essa disputa ponto a ponto com o Flamengo: como vivem isso?
Como é o Aguirre no dia a dia?
– Gente boa. Está sempre conversando em grupo ou individualmente. Gosta de demonstrar que todos são importantes. Sempre frisando que conta com um jogador ou outro para se preparar. Às vezes, quem não joga dá uma desmotivada, e ele tenta não permitir isso. Quem é mais rancoroso é o Fernando (Piñatares), o preparador físico (risos). Mas é um cara extremamente profissional. O Fernando bate um pouquinho, e o Aguirre passa a mão na cabeça (risos).
Está funcionando…
– Está funcionando. Tem que ser. Não adianta também ser só bonzinho. Não vou ser hipócrita. Treinador bonzinho demais não dá certo. Tem de ser rigoroso. Ele cobra nosso empenho, nossa dedicação. Já falou para vocês: “Quem não tiver vontade não joga”. Sabemos disso. Tentamos cumprir. Não podemos misturar as coisas: saber que tem um cara gente boa, que quer nos ajudar, mas temos de ajudá-lo também, se não ele não consegue nos ajudar.
De onde vem a sua raça e o desejo de brigar por cada bola? Isso é muito valorizado pelo torcedor…
Sim, desde pequeno. Meu pai fala: se eu cheguei até aqui foi pela minha força de vontade. Não desistir nunca. Sempre tem altos e baixos. Sofremos quedas normais na vida, mas se reerguer e levantar mais forte torna você guerreiro. Dentro de campo tem de ser entrega durante os 90 minutos. Não tem outra escolha. Se não for assimdiminui drasticamente a chance de vitória. Procuro me entregar ao máximo, corresponder o apoio da torcida, a confiança do treinador e o respeito aos colegas de trabalho que também estão correndo. Nada mais justo.
Como vocês sentem o Militão nessa situação e o quanto faria falta perdê-lo numa campanha tão boa com disputa ponto a ponto com o Flamengo, caso ele realmente saia?
Nota da redação: a entrevista foi feita antes da confirmação da venda do lateral-direito, que disputará mais quatro jogos pelo São Paulo.
Ele é muito querido no dia a dia e muito importante no campo. Faz uma função difícil. É um jogador alto e tem a bola parada muito forte. Mas são coisas do futebol. A gente vai ter de se virar, vai ter de suprir a ausência dele de alguma forma. O São Paulo trouxe um cara rodado e experiente, o Bruno (Peres), então quando o Militão sair vai ser uma briga boa. O importante é que estão todos pensando numa coisa só. O grupo vai se manter fechado com quem entrar.
Veja as informações do São Paulo para enfrentar o Grêmio:
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre
Data e horário: quinta-feira, às 19h30 (de Brasília)
Escalação provável: Sidão; Éder Militão, Arboleda, Anderson Martins e Reinaldo; Hudson, Liziero e Nenê; Rojas, Everton e Diego Souza
Desfalques: Jucilei (estiramento no adutor da coxa esquerda), Rodrigo Caio (cirurgia no pé esquerdo), Régis (recondicionamento físico), Bruno Peres (em preparação física após férias no futebol europeu) e Edimar (entorse no tornozelo esquerdo)
Pendurados: Anderson Martins, Arboleda, Éder Militão, Reinaldo, Régis, Jucilei, Hudson, Liziero e Nenê
Arbitragem: Grazianni Maciel Rocha apita, auxiliado por João Luiz Coelho de Albuquerque e Thiago Henrique Neto Correa Farinha, todos do Rio de Janeiro
Transmissão: Premiere, Premiere HD e PFCI (com Luiz Alano e Batista)
Tempo real: no GloboEsporte.com, a partir das 18h30