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Nenê tem uma carreira de sucesso no futebol. Defendeu camisas pesadas, vestiu a 10 por onde passou, deixou sua marca na Europa e aproveitou para colher frutos dessa ascensão nos Emirados Árabes. Ficou uma lacuna: conquistar um título nacional no seu país. Em entrevista à TV Gazeta, o meia admitiu que, aos 37 anos, essa ambição profissional fez com que nenhuma proposta na última janela de transferências lhe convencesse a deixar o São Paulo.
“Eu estou feliz aqui, estou me sentindo em casa, perto dos meus filhos, o time é bom, a estrutura é fantástica, qualquer jogador gostaria de estar em um time como o São Paulo. A gente estava bem, tinha essa coisa de conquistar coisas importantes. Isso, para o atleta, às vezes é mais importante do que o lado financeiro”, disse.
“Quero poder também marcar um pouco essa história. Quero conquistar algo importante, e essa chance de poder conquistar o Campeonato Brasileiro é uma coisa que não tem preço. Foi um dos motivos. Eu não tinha motivo nenhum (para sair), só o lado financeiro. Eu fiquei tranquilo, o São Paulo me valorizou nesse aspecto, fiquei bastante feliz quanto a isso. E foi isso”, completou.
Em seu currículo, Nenê tem um título do Campeonato Francês pelo Paris Saint-Germain (2012/2013) e três títulos pelo Vasco: um Taça Guanabara e um Carioca (2016), além de uma Taça Rio (2017). Para o jogador, é inevitável não se imaginar erguendo a taça do Campeonato Brasileiro pela primeira vez no fim do ano O Tricolor lidera o nacional por pontos corridos com três pontos de vantagem para seu concorrente mais próximo, o Internacional, depois de 21 rodadas disputadas.
“Eu conquistei títulos mais fora (do país), aqui no Brasil não foram de grande expressão, digamos assim. Antes de ir embora eu já era campeão Paulista, depois, pelo Santos, acabei sendo só vice-campeão, digo ‘só’ porque vice para a gente não vale muito (Libertadores e Brasileiro, em 2003). Falta esse título de expressão aqui. Na volta (ao Brasil) conquistei alguns títulos com o Vasco, o Carioca, mas título Brasileiro ainda não tenho. É um título muito forte. Poder estar aqui, perto da minha família, e conquistar um título desse seria uma coisa fantástica”, reiterou.
Para realizar esse sonho pessoal, o camisa 10 são-paulino conta com a força de um grupo que já demonstrou seu potencial, independente do rodízio proposto por Diego Aguirre, técnico responsável por tirar Nenê da ponta e colocá-lo de volta no meio de campo, como centralizador das jogadas ofensivas do São Paulo, depois de um período em que Dorival Júnior tentou fazer Nenê jogar pela ponta esquerda. Questionado sobre a importância do comandante uruguaio, o experiente jogador foi enfático.
“Muito grande, fundamental, faltava essa identidade do time. A gente tinha qualidade, mas não tinha essa intensidade, não tinha essa humildade de saber que a gente tem que correr, tem que marcar, tem que ser intenso, pressionar. Não que nós não fazíamos isso, mas acho que aumentou muito. Ele deu confiança para todos, pouco a pouco a gente foi encaixando, ele acertou a zaga, a gente não tomava mais gols, ficamos firmes, o ataque começou a marcar os gols e agora está um grupo coeso”, explicou.
Apesar de lamentar muito a eliminação na Copa Sul-Americana para o Colón, ainda na segunda fase do torneio continental, Nenê não negou que ter apenas o Brasileirão pela frente até o fim da temporada pode ser um fator importante na briga pela taça.
“É uma vantagem, sim, mas isso não define nada. Vai ser igualmente difícil, porque no Brasileiro não vai ter jogo fácil, mas, nessa parte física, ajuda bastante ter isso de vantagem”.
Independente do desfecho do ano para o São Paulo, o torcedor tricolor não precisa temer a perda de seu craque em um futuro breve. Nenê não exclui a possibilidade de se aposentar no clube do Morumbi. O assunto, porém, ainda incomoda o bem-humorado veterano.
“Eu não quero pensar ema aposentadoria ainda, não. Mas seria muito bacana. Mas não vamos pensar nisso agora. Quero ser um Zé Roberto branco. Tentar alcançar o negão!”, avisou, à gargalhadas. Para alcançar a meta, então, Nenê terá pelo menos mais seis temporadas pela frente, pois Zé Roberto só parou com 43 anos.