São Paulo: Brenner sobra na base e “desafia” falta de opções no ataque de Aguirre

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UOL

Bruno Grossi

  • Rubens Chiri/saopaulofc.net

    Em dois jogos pelo time sub-23, o atacante de apenas 18 anos já marcou três golsEm dois jogos pelo time sub-23, o atacante de apenas 18 anos já marcou três gols

A queda de rendimento do São Paulo nos últimos jogos, permitindo a reaproximação de rivais que andavam adormecidos, põe a liderança do Campeonato Brasileiro em xeque. O clube reconhece o momento de baixa, mas tenta valorizar o que foi construído até aqui e lamenta a convivência com desfalques importantes. Principalmente no ataque. Só que, internamente, uma solução tem se apresentado sem ainda ter sido levada em consideração por Diego Aguirre: o garoto Brenner.

No primeiro semestre, depois de ser titular com Dorival Júnior e não conseguir o mesmo espaço com o uruguaio, o jogador foi mandado pela comissão técnica para o sub-20. A ideia era dar mais ritmo de jogo, evitando que ele desanimasse com a falta de chances no profissional. O jovem de 18 não reagiu bem, principalmente pela forma como o caso foi conduzido, mas não precisou descer para a base porque acabou incluído na programação da seleção brasileira antes da Copa do Mundo na Rússia.

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Os elogios da comissão técnica de Tite motivaram o atacante, que voltou crente de que teria novas oportunidades. A primeira veio por apenas cinco minutos diante do Grêmio, com a equipe já perdendo por 2 a 1 em Porto Alegre. Depois, pela Copa Sul-Americana, também entrou nos minutos finais e ainda conseguiu ser expulso. Ele mesmo admite o vacilo. E o espaço mais uma vez foi reduzido.

Novamente, o departamento de futebol pensou em dar ritmo em jogos da base. Desta vez, Brenner e outros garotos foram procurados para entender o planejamento e aceitaram defender o sub-23, que disputa o Brasileirão de Aspirantes. A atitude de atletas mais velhos, como Régis e Morato, que usaram os aspirantes para melhorar o desempenho, ajudou a convencê-los.

Até o momento, Brenner disputou duas partidas pelo Tricolor no torneio: vitórias sobre Atlético-PR, com um gol marcado, e América-MG, com dois tentos e uma grande atuação. O duelo com o Coelho aconteceu na última terça-feira, no Morumbi. Mesmo local onde, três dias antes, o time profissional foi previsível e mal ofensivamente no empate por 1 a 1 com o próprio clube mineiro.

O desempenho ruim foi reconhecido por todos, que evitaram desculpas e se revoltaram com o tropeço. Ainda assim, houve lamentação sobre as ausências de Everton e Joao Rojas. A diretoria entende que os dois não têm substitutos à altura, mas respeita a redução de elenco proposta por Aguirre, que gosta de atletas versáteis, e também lembra que Everton Felipe, recém-contratado do Sport, ainda não rendeu o esperado.

Mas, dentro dessa ideia de um plantel curto, falava-se em dar espaço aos garotos da base. E Brenner aparecia como um candidato natural, pelo menos para entrar em minutos finais, quando a equipe está tentando sufocar o adversário. Para esses casos, Aguirre tem optado por Gonzalo Carneiro. O uruguaio já fez oito partidas pelo São Paulo e deu apenas três finalizações certas. Enquanto isso, Brenner soma 16 jogos e dois gols na temporada.

Um argumento para defender que Brenner não entra como substituto direto de Everton ou Rojas foi a queda de rendimento do jovem quando foi escalado como ponta por Dorival Júnior. O atacante não é driblador, mas sim um atleta de bom posicionamento na área e, acima de tudo, ótima finalização. Ou seja, precisa estar mais perto do gol do que fica um ponta, sempre atento à recomposição defensiva. Outro ponto contrário a Brenner pode passar pela juventude ou uma certa falta de experiência.

Curiosamente, Carneiro também padece de problemas semelhantes. No quesito maturidade, por exemplo, é cinco anos mais velho do que Brenner, mas ainda tem 23 e só foi titular absoluto em 2017 pelo Defensor, de Montevidéu. Além disso, ficou nove meses sem atuar devido a problemas no púbis. Já sobre posicionamento, começou a carreira como um meia-atacante, em função semelhante à de Nenê no São Paulo, depois passou a ser centroavante e, com Aguirre, já treinou e entrou como ponta.

reprodução/Footstats

Mapa de atuação de Gonzalo Carneiro contra Atlético-MG (esquerda) e América-MG (direita)

Um atributo que poderia colocar Carneiro à frente de Brenner é a altura: 1,94 metros, contra 1,75 metros. Só que mapas de calor do Footstats mostram que o uruguaio, mesmo quando entra nos minutos finais, quando o time parte para o abafa e insiste em cruzamentos, dificilmente entra na área.

Base tem pontas “esquecidos”

A diretoria aponta Everton Felipe como a contratação para servir de reposição a Everton ou Rojas. E admite que o reforço ainda está em fase de adaptação. Só que o elenco já teve mais peças para a função de ponta. Caíque, por exemplo, joga pela esquerda como Everton e tinha bom histórico de gols e assistências na base. Mas só foi usado oito vezes no ano e agora tende a voltar a ser lateral, para tentar encontrar mais espaço.

Paulinho Boia chegou a liderar a preferência de Aguirre antes da Copa do Mundo, quando até Araruna era escalado como ponta. Só que no início deste mês foi emprestado ao Portimonense, de Portugal. O mesmo clube levou Lucas Fernandes por empréstimo, outro que atuou aberto eventualmente. Há ainda os casos de Helinho e Toró, que foram chamados para treinar algumas vezes entre os profissionais, tiveram os contratos renovados, mas não tiveram a chance de jogar. Apenas o primeiro chegou a ser relacionado para uma partida, contra o Paraná Clube, na rodada de abertura do Brasileirão.