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Contratado em março com a missão de dar uma identidade ao São Paulo, Diego Aguirre viveu os extremos junto a torcida e ao próprio elenco em poucos meses de clube. Depois de um início regular, o uruguaio teve papel fundamental na campanha rumo a liderança do Campeonato Brasileiro, perdida com um desempenho que tem deixado a desejar no segundo turno. Agora, em seu momento de maior questionamento desde que chegou ao Morumbi, o comandante tem a missão de tentar findar o jejum de vitórias do tricolor contra um velho conhecido: o Internacional.
Neste domingo, às 16h (de Brasília), pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro, Aguirre voltará ao Beira-Rio pela primeira vez desde sua passagem pelo clube que lhe abriu as portas para o futebol brasileiro. Durante sete meses em 2015, o atual treinador do tricolor comandou o Colorado e levou o clube à semifinal da Copa Libertadores, sendo demitido às vésperas de um Gre-Nal pelo Brasileirão. De forma interna, quem substituiu o uruguaio foi justamente o atual treinador do Inter, Odair Hellmann.
Dessa vez de lados opostos, os treinadores tem um objetivo em comum neste domingo: recolocar seus respectivos times no caminho das vitórias e da briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Antes considerados os dois principais candidatos a levantar a taça, o Colorado e o Tricolor não vivem seus melhores momentos na competição, vêm de derrota na última rodada e, no caso do São Paulo, o jejum de quatro jogos sem triunfos tem sido corroborado com atuações abaixo do que já foi outrora apresentado.
Passagem vitoriosa, demissão “estranha” e críticas quanto ao rodízio
A carreira do treinador Diego Aguirre no futebol brasileiro teve início ainda em dezembro de 2014, quando foi anunciado pelo Internacional como comandante da temporada seguinte. E assim como na atual temporada, comandando do São Paulo, o uruguaio teve um início muito bom no Colorado com o título do Campeonato Gaúcho logo sobre o Grêmio, na época dirigido por Luiz Felipe Scolari.
Aos poucos, porém, os resultados foram cessando e junto com eles retornou a desconfiança inicial dos dirigentes e da torcida quanto ao trabalho de Aguirre. Depois de ótimas atuações na fase de mata-mata da Copa Libertadores, o Colorado foi eliminado na semifinal para o Tigres, do México. O revés foi a gota d’água para o treinador, que teve mais uma partida, um empate em 0 a 0 contra a Chapecoense, antes de ser demitido às vésperas de um Gre-Nal.
Apesar dos resultados aquém do esperado principalmente no Campeonato Brasileiro, um motivo em especial acabou como fonte de um dos principais questionamentos ao trabalho de Diego Aguirre: o rodízio. Adepto de rodar o elenco de acordo com o adversário e com a sequência de jogos, o uruguaio não conseguiu convencer os adeptos do Inter de que a estratégia seria benéfica. Foi esse motivo, aliás, que também minou seu trabalho no Atlético Mineiro.
“Não mudamos muito de quando viemos para o Internacional, nosso primeiro time, também atlético-MG, não mudou muita coisa (…) As coisas que fazíamos há quatro anos, quando éramos criticados, hoje são normais. Times que brigam na Libertadores, casos de Grêmio, Palmeiras, trocam jogadores, mudam, fazem rodizio, dão oportunidades, coisas que nós falávamos e não era muito aceito. Hoje é normal. Talvez estávamos um pouco adiantados para algumas mudanças que hoje estão acontecendo”, disse o treinador com exclusividade à Gazeta Esportiva, em agosto.
Depois de sete meses, Aguirre foi destituído do cargo de comandante do Internacional com 48 partidas oficiais no currículo. O retrospecto foi de 24 vitórias, 15 empates e nove derrotas, um aproveitamento de 60,4%.
Rencontro com o ex-clube em seu momento mais conturbado frente ao São Paulo
Se no Rio Grande do Sul Aguirre encontrou muitas dificuldades para adquirir confiança, no São Paulo as coisas caminharam de maneira mais dinâmica. Mais experiente, o treinador tornou as experimentações mais pontuais e o rodízio mais escasso. Coincidência ou não, rapidamente caiu nas graças da torcida, que possui um histórico de idolatria com uruguaios.
Além das adaptações no próprio trabalho, no tricolor o ex-jogador possui estofo na diretoria composta de ídolos do clube. Bancado por Raí, Ricardo Rocha e principalmente Diego Lugano, responsável direto por sua contratação, Aguirre levou um clube em reconstrução após anos de insucesso à liderança do Campeonato Brasileiro, sustentada por apenas algumas rodadas.
“Tanto Internacional quanto Atlético-MG, como o São Paulo, são clubes muito bons para trabalhar. Fui bem recebido e tive boas experiências. Agora, o que está acontecendo… Para mim é muito importante no São Paulo estar trabalhando junto a pessoas que estão na parte esportiva (diretoria de futebol). Foram eles que me trouxeram, tem esse compromisso com Raí, com Ricardo (Rocha), com Diego Lugano. Eles entendem, sabem que as coisas… valorizam o trabalho. Se a gente perder algum jogo, faz parte do caminho que estamos construindo, temos de ver mais um trabalho a longo prazo”, avaliou, durante entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
Vitorioso em apenas dois dos nove jogos do returno, o São Paulo vê no confronto diante do Internacional, neste domingo, a chance de “virada de chave” na temporada. Após o revés para o Palmeiras em pleno Morumbi, que findou um jejum de 16 anos sem vitórias do rival dentro de sua casa, o tricolor precisa de uma retomada para seguir alimentado as chances de título. E boa parte da estratégia passa pelo personagem do duelo: Diego Aguirre, que tem nas mãos a chance de fazer história no clube hexacampeão brasileiro.