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Alexandre Alliatti
Distância de sete pontos para o Palmeiras torna quase impossível a missão tricolor; quarta colocação corresponde às capacidades do time.
Faltam nove rodadas para terminar o campeonato, e o São Paulo tem sete pontos de distância para a liderança, ocupada por um time melhor, o Palmeiras. O cenário sugere que o clube tricolor não será campeão brasileiro. O quarto lugar é uma decepção para quem virou o turno na ponta, mas uma posição bastante digna quando se pensa nas incertezas que cercavam a equipe quando começou a competição.
A decepção mais recente foi neste domingo. A derrota para o Inter, por 3 a 1, de virada, no Beira-Rio, é mais do que consequência da queda de rendimento: é explicação. No gramado gaúcho, estiveram expostos os problemas que derrubaram o São Paulo – a falta de criatividade no meio, a inoperância ofensiva, o desencaixe atrás, a carência de opções no banco, a saudade de Militão e, sobretudo, de Everton.
Números de Inter x São Paulo:
Posse de bola: 55% x 45%
Finalizações: 16 x 9
Chances reais de gol: 7 x 4
Bolas levantadas: 24 x 12
Escanteios: 6 x 4
Diego Souza é cercado por Rodrigo Dourado e Patrick: São Paulo inerte no Beira-Rio — Foto: ITAMAR AGUIAR/AGÊNCIA FREE LANCER/ESTADÃO CONTEÚDO
A derrota foi emblemática porque o São Paulo perdeu para uma espécie de espelho – um time que também começou o campeonato desacreditado, também surpreendeu no primeiro turno, também caiu no returno e também foi a campo em busca de uma reação. A diferença é que, para o adversário, a reação veio. Quebrou-se o espelho, e o Tricolor, inerte, apenas assistiu.
São cinco jogos sem vencer – três empates seguidos de duas derrotas. No mesmo período, o Palmeiras fez 13 pontos; o Inter somou sete. E ambos venceram o próprio São Paulo.
Série de jogos sem vitória:
16/09: Santos 0 x 0 São Paulo
22/09: São Paulo 1 x 1 América-MG
30/09: Botafogo 2 x 2 São Paulo
06/10: São Paulo 0 x 2 Palmeiras
14/10: Inter 3 x 1 São Paulo
Depois do jogo, Diego Aguirre admitiu mau momento, reconheceu atuação deficiente e citou, repetidas vezes, que a equipe perdeu a confiança. A perda de confiança é um elemento importante: ela tira de um time a naturalidade, o automatismo. Mas não costuma ser causa de derrotas: costuma ser consequência.
Um time perde a confiança quando deixa de vencer – não o contrário. O São Paulo deixou de vencer porque parou de jogar, porque jogadores importantes (caso de Nenê) entraram em má fase, porque a recorrente ausência de Everton desnorteou o time, porque o treinador tateia em busca de soluções – caso da presença de Liziero avançado pela esquerda contra o Inter, bem-sucedida no gol marcado aos três minutos, mas prejudicada pela falha de marcação no empate colorado.
A quarta colocação corresponde às capacidades do São Paulo. As fragilidades do elenco impedem desempenho mais consistente. Por exemplo: no próximo jogo, contra o Atlético-PR, Aguirre não terá o lateral-direito Bruno Peres, suspenso. Seu substituto tende a ser… Rodrigo Caio. Um zagueiro – aliás, contestado como zagueiro por parte da torcida.
O duelo com o Furacão (sábado, às 19h) abrirá uma sequência que pode garantir o São Paulo na Libertadores, a meta do momento (a vantagem sobre o Santos, primeiro fora do G-6, é confortável: dez pontos). Nos próximos seis jogos, o São Paulo fará cinco na capital paulista: quatro como mandante (Atlético-PR, Flamengo, Grêmio e Cruzeiro) e um na casa do Corinthians. Só sairá para visitar o Vitória. É um alento.