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Alexandre Alliatti
Time valoriza a posse de bola e melhora nas ações com ela em boa parte da vitória de 1 a 0 sobre o Cruzeiro; evolução dá esperança para entrar no G-4 na próxima rodada.
Calhou de os dois primeiros jogos do São Paulo pós-Diego Aguirre serem contra times de patamares parecidos: primeiro o Grêmio, campeão da Libertadores no ano passado e semifinalista este ano; e agora o Cruzeiro, campeão da Copa do Brasil há um mês, derrotado por 1 a 0 neste domingo. As duas partidas, ambas em casa, começaram a desenhar um novo São Paulo com André Jardine. E é um desenho interessante.
Na vitória de 1 a 0 sobre o Cruzeiro, o time evoluiu em comparação com a partida anterior, o empate por 1 a 1 com o Grêmio. No jogo contra os gaúchos, já foi possível ver um São Paulo diferente em nomes e em filosofia: mais afeito a ter a bola e a tentar mandar no jogo. Foi, porém, um falso domínio, com a equipe incapaz de efetivamente agredir o adversário. Mas já foi diferente neste domingo, em boa parte do jogo no Morumbi – diferente para melhor.
Jogadores do São Paulo comemoram o gol de Diego Souza contra o Cruzeiro — Foto: Marcos Ribolli
O São Paulo conseguiu combinar melhor dois elementos: ter a bola e otimizar o uso dela. Foi uma evolução coletiva, de engrenagem de jogo, mas impulsionada por alguns pontos individuais:
- O retorno de Diego Souza, melhor jogador do que Tréllez, que havia sido titular contra o Grêmio (o camisa 9 estava suspenso).
- A boa atuação de Nenê, apagado na partida anterior.
- A natural evolução de Everton, voltando de lesão – peça fundamental para o time.
O bom rendimento do trio fez fluir a proposta de jogo do São Paulo. Se pensarmos na última partida sob o comando de Aguirre, o empate por 1 a 1 com o Corinthians (em que o São Paulo foi inerte mesmo com um jogador a mais em parte do duelo), a mudança é animadora: é um time mais propositivo, mais disposto a ser protagonista, mais propenso a ter a bola – apesar de momentos de recuo exagerado neste domingo. E isso mesmo contra bons oponentes, casos de Grêmio e Cruzeiro.
Trata-se de uma filosofia que combina com as exigências da história do São Paulo. É interessante ver que André Jardine, um treinador emergente, com um time desequilibrado em mãos, com a pressão da luta por vaga direta na Libertadores, tenha decidido investir nessa ideia. Muitos treinadores, na mesma situação, certamente pensariam de forma mais conservadora.
André Jardine começa a ver suas ideias ganharem prática em campo, e o time evolui — Foto: Marcos Ribolli
André Jardine, assim, mostra predicados para ficar no cargo em 2019. É um desejo alimentado também pela diretoria. E será um ano de Libertadores.
A vaga na etapa prévia está garantida. O São Paulo, atual quinto colocado, estará entre os seis primeiros. A luta agora é pelo G-4.
A vitória sobre o Cruzeiro foi fundamental, já que o Grêmio também venceu (2 a 0 na Chapecoense). Os gaúchos seguem à frente nos critérios de desempate (número de vitórias e saldo), mas têm um jogo mais difícil na próxima rodada: visitam o Flamengo na quarta, enquanto o São Paulo, também no Rio, pega o Vasco na quinta.
Se conseguir evoluir um pouco mais, ou se ao menos repetir o desempenho deste domingo, o time de Jardine tem boas condições de entrar no G-4 na próxima rodada, faltando apenas dois jogos para o campeonato terminar.