Do UOL, em São Paulo
Stephan Eilert/AGIF
Mesmo com a demissão de Diego Aguirre, Rogério Ceni não será técnico do São Paulo na próxima temporada. O atual treinador do Fortaleza deu a entender que só aceitaria um novo convite do clube depois de 2020, quando se encerra o mandato do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
“Sobre o presidente, já falei o que tinha de falar. Agradeço ao São Paulo pela oportunidade. Não posso esconder o meu carinho eterno pelo clube que me revelou pelo futebol. Quem sabe um dia, depois de 2020, eu volte. Agora não é o momento de voltar ao São Paulo. Eu, se fosse o presidente, não me procuraria. E também não aceitaria o convite vindo dele”, disse.
A forte declaração foi feita em entrevista ao Fox Sports nesta quarta-feira (14), um dia depois de o UOL Esporte publicar que o São Paulo nem mesmo cogita procurar Ceni neste momento. Durante toda a conversa com a bancada do programa “Expediente Futebol”, Rogério não fez qualquer comentário sobre Leco, mas fez questão de ressaltar que perdeu atletas importantes no Tricolor.
“Por que não tivemos sucesso? Perdemos a velocidade de lado, Luiz Araújo, David Neres. Tudo é uma máquina, um sistema. Quando você perde Thiago Mendes, eu preciso da velocidade e desses jogadores. Sem esses jogadores, fica difícil. Tinha um grupo de trabalho muito jovem, muitos que eu subi e já nem estão mais, como é o caso do Militão”, completou.
“Eu fiz o meu melhor com aquele time e fico com a consciência tranquila. Se fiquei chateado? Eu não fico… Os torcedores torcem pelo Fortaleza e acompanham como se fosse o São Paulo. Acho que cresceu muito a média de pessoas assistindo ao Fortaleza em função da minha ligação com o São Paulo. Não tenho nada a falar sobre o presidente”, afirmou.
Em determinado momento, Zinho perguntou se Rogério Ceni se sentiria preparado para comandar um clube como o Corinthians, com o qual sempre teve muita rivalidade como jogador. “Nossa, Zinho, achei que você era meu amigo! A primeira pergunta foi logo essa… Além de fazer gol em mim, ainda vai jogar contra na primeira pergunta”, respondeu o técnico, aos risos.
“Eu me sinto preparado para trabalhar com futebol, e aí você não escolhe divisão, time… Tem de trabalhar onde querem que você trabalhe. Mas penso que o Corinthians nem me contrataria, existe essa rivalidade. O Felipão, nas duas vezes que eu fui, teve a gentileza de esperar para me dar um abraço. Fui extremamente bem tratado pelo Palmeiras, tenho o maior respeito por Palmeiras e Corinthians, mas existe uma história muito grande no São Paulo. Tenho de respeitar”, afirmou.
Logo no começo da conversa, uma resposta de Rogério foi interrompida por gritos dos atletas ao fundo. “Esses são os jogadores, estão agitando para me desconcentrar da entrevista. Estão gritando ‘fica Rogério’, mas na verdade eles querem dizer ‘vai embora’, estão cansados de tanto eu gritar. Eles são os grandes responsáveis por colocar o Fortaleza na Série A. Um grupo excepcional”, elogiou.
O “Expediente Futebol” pegou o técnico de surpresa ao ligar para o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, durante a entrevista. Ceni já havia dito que só sentaria para conversar com o mandatário sobre uma possível renovação quando a Série B terminasse. O dirigente confirmou a informação.
“Vamos conversar, achar um caminho sem pressa, sem exaltação, tudo no tempo correto. Sou muito tranquilo quanto a isso, o Rogério é muito honesto, corretíssimo. Vamos achar um bom tempo. Se for possível ele permanecer, ótimo. Se não for possível, eu entendo totalmente. Mas a minha vontade e da torcida é que o Rogério continue com a gente”, avisou o presidente.