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Menon
Morto em 2017, Waldir Peres teve um relacionamento complicado com o filho Luciano. A relação entre os dois estava muito abalada desde que o ex-goleiro abandonou a família para viver com outra mulher, durante a adolescência dos filhos. Os ressentimentos não cessaram nem com visitas esporádicas quando do nascimento dos netos e nem mesmo com a morte.
”Ele sempre sonhou com a reconciliação e esperava que o livro ajudasse. Enfim, acho que o seu desejo se realizou”, diz a escritora Jeanette Rozsas, autora do livro ”Waldir Peres, o moço que veio de Garça”.
Além de Luciano, médico ortopedista, Waldir teve Bruno, engenheiro e Erica, especialista em Negócios Internacionais e que tem escolinhas de futebol e natação na Malásia. Convidou o pai para trabalhar com ela, mas ele não aceitou. ”Ele disse que era um condomínio afastado e que, como não tinha conhecimento da língua, iria ficar dependente da filha. Na verdade, o sonho de Waldir era trabalhar no São Paulo. Era uma promessa de Henri Aidar, mas que não se concretizou”, dia Jeanette.
Ela não quis escrever uma biografia de Waldir, cheia de dados e números. Trata-se de um romance baseado em fatos reais, como ela já havia feito com personagens muito distantes do mundo do futebol, como Edgar Allan Poe e Kafka. Os sonhos premonitórios que sempre foram presentes na vida do ex-goleiro da seleção brasileira na Copa de 82 e do São Paulo e formam o fio condutor da história. UM CHIFRE NASCENDO NA MÃO DIREITA FOI O AVISO DE UM FRANGO NA COPA DE 1982 ou a subida em uma grande montanha, um dia antes de ser contratado pelo São Paulo.
Quando o livro estava escrito, Jeanette conversou com pessoas, ouviu amigos e decidiu colocar novos capítulos, mais ligados a futebol do que à vida extra-campo de Waldir. Contou então como Cilinho, que o treinava na Ponte, decidiu que ele deveria ir ao Rio para trabalhar com o preparador de goleiros da seleção, que havia importado um método de treinamentos da Europa. Há também depoimentos de Waldir Peres sobre Muricy, Biro Biro e Zico.
A morte de Waldir veio antes da impressão do livro. Estava tudo encaminhado, mas haveria ainda um novo capítulo a ser escrito. ”Um dia, recebi uma carta com três folhas manuscritas com uma letra miúda. Era da noiva de Waldir Peres. Ele tinha conseguido um emprego em Garça, sua cidade natal e lá se apaixonara. E ela contava na carta que ele gostaria que o livro mostrasse seu momento atual, de felicidades e com emprego. Iria se casar em dezembro. Uma semana depois, Waldir morreu, mas as anotações de tudo o que ele queria estava na carta. E está no livro”.
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