Colega de Ronaldinho e quase engenheiro: 8 curiosidades sobre André Jardine

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UOL

Bruno Grossi e José Eduardo Martins

O treinador André Jardine tem a chance de mostrar serviço à frente da equipe do São Paulo, em 2019
  • Marcello Zambrana/AGIF O treinador André Jardine tem a chance de mostrar serviço à frente da equipe do São Paulo, em 2019

Na reta final do Campeonato Brasileiro, o presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, anunciou André Jardine como o treinador da equipe profissional em 2019. Apesar de trabalhar no clube desde 2015, ele ainda não tem uma trajetória tão conhecida de todo o público. Muito antes de assumir o comando de um dos times mais importantes do Brasil, ele chegou a jogar bola com Ronaldinho Gaúcho, a estudar engenharia, a trabalhar com Felipão e a conquistar quase tudo nas categorias de base.

Quem viu de perto essa caminhada até o time principal do Tricolor paulista acredita no êxito. Porém, espera que o treinador receba o respaldo do departamento de futebol do clube do Morumbi.

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“Será preciso confiar e dar tempo ao Jardine. Não adianta achar que dar o Estadual é suficiente. Diretoria e torcida precisam ter paciência, dar confiança a ele. É um ótimo profissional, trabalhador e pode fazer um grande sucesso. Está preparado”, disse Júnior Chavare, que trabalhou como diretor da base do São Paulo, em 2015, quando trouxe Jardine do Grêmio para o clube.

Saiba um pouco mais da vida desse gaúcho, de 39 anos, com as histórias que o UOL Esporte levantou.

Infância e Educação Física

Como boa parte das crianças no Brasil, Jardine sonhava com a carreira de jogador de futebol. Chegou até perto de ter êxito. Atuou nas categorias de base do Grêmio ao lado de quem viria um dia a ser o melhor do mundo. O hoje treinador do São Paulo chegou a defender a equipe de Ronaldinho Gaúcho. Por isso, até hoje, nas salas entre os campos à beira do Guaíba, o quadro que ostenta a foto do ex-craque da seleção brasileira tem, alguns rostos adiante, o de Jardine. No entanto, a carreira de jogador não foi para frente. Aos 15 anos, ele deixou o Tricolor gaúcho.

Mudança de rumo

O garoto passou a cursar engenharia civil, quando no segundo ano da faculdade surgiu a oportunidade de reencontrar a paixão pelo esporte. Aceitou um convite para ser sócio em uma escolinha de futsal, deixou o trabalho em uma construtora e foi cursar Educação Física.

Primeiros passos colorados e tricolores

Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ele começou a trabalhar no Internacional, nas categorias de base, em 2003. Por lá, conquistou muitos títulos e ajudou na formação de atletas, como Rodrigo Dourado, Eduardo Sasha e Fred. Com a passagem e a experiência acumulada em praticamente todas as categorias inferiores do Colorado, recebeu o convite para se transferir para o arquirrival. No Grêmio, a partir de 2013, teve sucesso mais uma vez, ganhou torneios e trabalhou com jovens como Arthur e Everton, que foi recentemente convocado por Tite para a seleção. Com a saída de Enderson Moreira, surgiu até a chance de fazer a sua estreia como treinador do profissional, no dia 2 de agosto de 2014, na derrota para o Vitória.

Felipão e saída do Grêmio 

Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio

O técnico Jardine em conversa com jogadores, quando trabalhava no Grêmio, em 2014

Com a contratação de Luiz Felipe Scolari, não demorou para Jardine perder espaço no Grêmio. O campeão da Copa de 2002 trouxe dois auxiliares, Ivo Wortmann e Flavio Murtosa, em sua comissão técnica. Com isso, ruídos de comunicação começaram a surgir. Ideias contrárias que iam desde situações simples de jogo até abordagens aos atletas. E em uma delas, Felipão não titubeou em dar uma bronca em Jardine durante um treinamento em que divergiam sobre cobranças de escanteio. Scolari foi ríspido e pouco tempo depois Jardine acabou demitido.

Estudioso e linha dura 

José Eduardo Martins/UOL

Campo do CT do São Paulo com marcações no chão solicitadas por Jardine

Conhecido por ser um estudioso do futebol, Jardine enfoca bastante o trabalho tático em seus treinamentos. Para comandar as atividades, por exemplo, o técnico pede que o campo do CT da Barra Funda seja dividido em quadrados marcados no chão, para observar melhor o posicionamento de cada atleta. O treinador também não costuma aliviar na hora de fazer cobranças. Ele costuma puxar a orelha dos jogadores e parar o treinamento diversas vezes para passar suas instruções. Por causa da experiência adquirida nos tempos de futsal, ele também gosta de incentivar os dribles, mesmo em espaços curtos. Para o ano que vem, a promessa é que a rotina seja ainda mais intensa no Tricolor paulista.

Relação com a base

Por ter trabalhado muito tempo com as categorias de base do São Paulo, o treinador deverá ter mais facilidade para promover os jovens ao profissional do Tricolor. Ao contrário de seus antecessores, Jardine não precisará observar os garotos e saberá melhor como e o quanto poderá exigir de cada um.

Liberdade tática

Apesar de gostar de ter uma equipe mais ofensiva, Jardine não é o tipo de treinador que fica preso a um sistema tático. Durante o seu trabalho na base, ele precisou muitas vezes trabalhar melhor o sistema defensivo para ter um time competitivo.

Bom de grupo

Jardine gosta de discutir ideias com os integrantes de sua comissão técnica e se mantém aberto para ouvir opiniões. Em certos momentos, deixa as pessoas à vontade para tomar decisões. Tal postura serve para fazer com que os funcionários fiquem mais unidos e ajuda na hora de ele ganhar o respeito de todos os integrantes do departamento de futebol profissional.