Dos jogos de Ceni em Sinop ao Tricolor: a história de Igor Vinícius

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LANCE

Novo lateral-direito do São Paulo é natural de Sinop, cidade em que Rogério Ceni deu seus primeiros passos como jogador. Edenir, a mãe dele, narra toda a trajetória do garoto

Igor Vinícius

Igor com a mãe, Edenir, e a irmã mais nova, Karolyne. Ele também tem um irmão mais velho, Michael – Acervo pessoal

Os cabelos compridos do pequeno Igor Vinícius entregavam: o maior ídolo da infância do novo lateral-direito do São Paulo era Ronaldinho Gaúcho, que assombrava o mundo com dribles e golaços pelo Barcelona. Mas, morando em Sinop-MT, não haveria como não ter ligação com um outro craque do futebol brasileiro, este bem ligado ao clube que o jovem de 21 anos defenderá a partir de janeiro.

Sinop, terra natal de Igor Vinícius, é a cidade em que Rogério Ceni começou a carreira como jogador de futebol. É bem difícil morar lá e não ser fã do maior goleiro-artilheiro da história, nascido em Pato Branco-PR, mas campeão estadual pelo Sinop Futebol Clube em 1990 e hoje tema de um museu no município.

– Quando o Rogério vem, ele faz um jogo beneficente no estádio da cidade e a gente sempre vai. O Igor gostava de ver o Rogério jogar. Quando tinha o jogo, sempre me pedia para levar – conta Edenir, a mãe de Igor Vinícius, que continua morando em Sinop e trabalha como zeladora.

– O Igor nunca foi de falar o time dele. Ele era muito fanático pelo Ronaldinho Gaúcho, falava que seria jogador quando crescesse e tinha um cabelo comprido que não deixava cortar de jeito nenhum. Onde tinha bola, ele queria estar junto. Tinha dia que dava 9, 10 horas da noite e esse menino não estava em casa. Eu saía igual a uma louca procurando – lembra a mãe orgulhosa, que foi fundamental para a realização do sonho do filho.

Tudo começou quando ela foi surpreendida ao ver o garoto ser premiado na escola.

– Eu nem sabia que ele jogava bola bem. Eu nem gostava que ele jogasse, porque era muito magrinho… Quando ele tinha uns oito anos, teve um campeonato estudantil e mandaram um bilhete pedindo para comparecer no ginásio porque teria a premiação. Entregavam troféu para um, para outro e nada do Igor. Aí descobri que ele foi considerado o melhor jogador de todas as escolas. Foi aí que ele falou: “Está vendo, mãe?” – conta Edenir.

O pai de um amigo de Igor, fascinado com a habilidade do garoto, se ofereceu para pagar a mensalidade da escolinha do Santos em Sinop. E o jovem logo mostrou que sair da cidade em busca de seu sonho seria questão de tempo.

– Ele começou a fazer a escolinha, fez um peneirão e passou para ir jogar em São Paulo. Nós tivemos que correr atrás de patrocínio para pagar a viagem. Eu, ele e uma sobrinha saímos de empresa em empresa pedindo ajuda. Ele tinha que conseguir o dinheiro para todas as despesas, não era pouco, mas uma empresa dava 50, outra dava 100 e até passou da quantia que precisava – narra a mãe.

– Ele acabou não ficando em São Paulo, veio embora de volta. Quando foi jogar um campeonato em São José do Rio Claro, que é uma cidade aqui perto, o Maurício gostou dele jogando e pegou meu número. O Maurício é o empresário que está com ele até hoje, virou como se fosse um pai para ele – continua.

Foi com o empresário Maurício Chiodin que Igor Vinícius deixou a escolinha do Santos em Sinop e foi para a Baixada Santista, aos 11 anos, integrar as categorias de base do clube. A mãe não queria permitir que o filho saísse de casa com um agente que havia conhecido havia pouco tempo, mas se lembra até hoje das palavras que a convenceram: “Mãe, se a senhora não deixar eu ir e meu sonho não se realizar, a culpa vai ser sua”.

O sonho se realizou. Igor fez duas partidas como profissional do Santos em 2016, foi para o Ituano e disputou a última Série B emprestado à Ponte Preta. Foi aí que chamou a atenção do São Paulo e, por alguns dias, foi mais celebridade em Sinop do que Rogério Ceni.

– Quando saiu na internet que ele tinha acertado com o São Paulo foi demais. O que eu recebi de ligação… Os repórteres todos querendo entrevistá-lo quando ele chegasse de férias. Agora tenho vontade de ir ver um jogo dele em São Paulo – lembra Edenir, que está prestes a receber um presente do filho como gratidão por toda a ajuda:

– Ele comentou que esse ano vai ver de comprar a nossa casa, porque a gente mora de aluguel. O sonho dele desde criança era comprar uma casa para mim.

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