Ex-Grêmio, São Paulo e Vasco prepara nova carreira como treinador

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Jeremias Wernek – Do UOL, em Porto Alegre

Eduardo Costa posa durante curso da CBF; ex-volante quer virar treinador

Arquivo Pessoal – Eduardo Costa posa durante curso da CBF; ex-volante quer virar treinador

Eduardo Costa vai virar treinador. Aposentado há mais de três anos, o ex-volante revelado pelo Grêmio está na reta final do processo de formação para entrar de cabeça na nova carreira. Após estágios e cursos promovidos pela Confederação Brasileira de Futebol, o antigo jogador afirma ser criterioso com aquilo que chama de “primeiro passo” fora das quatro linhas.

“O meu primeiro passo é muito importante, então não posso me precipitar. O primeiro passo é fundamental para marcar a trajetória”, conta ao UOL Esporte.

Aos 36 anos, Eduardo Costa também revisita a carreira e admite erro em confusão com Argel Fucks. O treinador, à época no Figueirense, bateu boca com o volante, então no Avaí, e o caso chegou à Polícia. Com registro de Boletim de Ocorrência e tudo.

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“Ali foi um momento de clássico, tinha muita coisa envolvida. Sem dúvida nenhuma, olhando agora, eu voltaria atrás. Por mais que eu tenha ouvido coisas que não deveria ouvir, eu ganharia mais virando as costas e indo embora. Ainda assim, não justifica. É melhor sentar e observar. Tudo na vida, com o tempo, vem à tona. O tempo mostra quem tem razão, mas não adianta querer acelerar. Por impulso, por não saber controlar os sentimentos, se erra. Mas aquilo me ensinou muito. Não só no futebol, mas na vida. No dia a dia mesmo. Às vezes o melhor é deixar passar. O tempo mostra quem é quem, quem tem hábitos que acabam ofendendo. Obviamente que se fosse hoje, minha reação seria completamente diferente”, diz o ex-volante.

Natural de Florianópolis, Eduardo Costa começou no Grêmio e depois jogou pelo Bordeaux, Olympique de Marseille e Espanyol antes de voltar ao Brasil. Após passar outra vez por Porto Alegre, atuou com as camisas de São Paulo, Monaco, Vasco e, enfim, o Avaí. A aposentadoria foi anunciada na metade de 2015, e houve flerte para carreira como executivo.

“Eu comecei a pensar em ser treinador, de verdade mesmo, quando faltavam dois anos (para a aposentadoria). Eu estava com problema crônico no joelho, mas eu tirei uns seis meses (após parar de jogar) para ter a certeza se queria voltar ao futebol. Conversei com amigos, falei com treinadores e intermediários. Refleti, ouvi conselhos e tomei a minha decisão. Cheguei à conclusão que ser treinador fecha mais com meu jeito de ser, minha personalidade. Eu quero me impor desafios”, comenta. “Recusei um convite do Avaí para ser executivo”, acrescenta.

Em fevereiro, Eduardo Costa completa o último módulo da licença A da CBF. Na agenda, não está descartada viagem à Europa em busca de cursos ministrados pela Uefa.

“Eu fiz licenças A, B e C da CBF. Fiz alguns estágios? Passei por São Paulo, Vasco com Zé Ricardo, Dorival e Geninho no Avaí. Estou lendo bastante sobre futebol, assistindo jogos da Série AB e C. Acompanhei a Copa SC, Copa Paulista. Eu estou há três anos nesse processo de capacitação, e agora estou pronto para praticar, exercer a função”, aponta.

O futebol de dentro do campo e o jogo visto por outra perspectiva fizeram o ex-volante ter bem clara a imagem de que tudo se resume à tomada de decisão rápida. É em cima desse conceito que se baseia a visão do futuro treinador.

“O futebol é um ambiente de pressão, de tomada de decisão com pouco tempo para pensar e agir. Está na essência do futebol isso. Lógico que a maneira de jogar mudou, mas a essência do futebol não foi alterada”, analisa Eduardo Costa, que explica como jogo de hoje está diferente do praticado em sua época.

“A leitura dos espaços (mudou após a aposentadoria). Como diminuíram os espaços, o jogador precisa ser mais inteligente. Pensar mais rápido. Tem que aprender a jogar com um ou dois toques. Com isso, se ganha tempo. Em transições e em zonas do campo de criação e finalização”, acrescenta.

Além do jogo, o contexto do futebol também é usado como elemento na própria transformação.

“Os atletas atuais mudaram muito na comparação com anos atrás. Hoje um menino de 13, 14 anos tem agente. Automaticamente ele está sempre achando que em algum momento vai sair para situação melhor. Em aspectos como motivação, de concentração, fica mais difícil para gestão no dia a dia. Tem a vaidade, os interesses próprios. Mas o jogo em si mudou, está mais veloz. Sem confundir velocidade com corridas aleatórias. Na Europa não se vê ninguém com velocidade absurda. Tem jogador que pensa rápido, que é ágil. Anos atrás, os craques eram craques por pensar à frente dos demais”, analisa.