Lucas Perri fala sobre São Paulo, Seleção e lembra: “Preciso de minutos”

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GazetaEsportiva.net

José Victor Ligero e Marcelo Baseggio

Em meio às incertezas sobre o futuro da meta são-paulina, Lucas Perri surge aos 21 anos como esperança para muitos torcedores, insatisfeitos com as atuações de Sidão e Jean, que se alternaram como titulares em 2018. Formado nas categorias de base do clube e visto como um atleta extremamente promissor, o jovem de 1,97m não esconde o desejo de fazer história no Tricolor, disputar as Olimpíadas de Tóquio com a Seleção Brasileira e, quem sabe, alcançar o nível de seus ídolos, Manuel Neuer e Oliver Kahn.

Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Perri contou sobre como lida com toda essa ansiedade por parte da torcida para vê-lo estrear no profissional, garantindo que tranquilidade é a chave para o sucesso. Treinando no CCT da Barrra Funda desde 2017, ele aguarda pacientemente por uma oportunidade.

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“Não depende só de mim, depende muito da diretoria, da comissão. Preciso de minutos, preciso jogar. Tendo isso, quero muito fazer história no São Paulo”, disse Lucas Perri, que no sub-20 foi campeão da Libertadores, bicampeão da Copa do Brasil, campeão paulista e campeão da Copa RS.

“Sou muito grato à torcida, que em todos os momentos sempre me apoiou. Estou muito tranquilo, sei que tem uma ansiedade sobre a minha estreia, uma vontade de que eu entre e que eu jogue, mas estou tranquilo, porque sei que tenho que fazer meu trabalho e, quando tiver que acontecer, vou estar preparado para assumir o gol, fazer meu melhor e ajudar o São Paulo a vencer títulos”, completou.

Apesar de jamais ter atuado no time profissional, Perri viveu os dois lados da moeda no São Paulo desde que foi promovido. No ano passado, acompanhou de perto a luta do time liderado por Hernanes para se manter na Série A do Campeonato Brasileiro. Em 2018, viveu a ilusão de acabar com o jejum de títulos do clube, a frustração no segundo turno, mas também pôde afirmar de boca cheia que o elenco deu a volta por cima garantindo, ao menos, a vaga na Libertadores, principal objetivo no início da temporada.

Abaixo, confira a entrevista exclusiva com Lucas Perri:

Análise de 2018

Foi um ano muito bom, ano que evolui bastante, que consegui alcançar algumas metas que tinha estabelecido, participar de mais jogos pelo São Paulo e evoluir muito fisicamente e mentalmente. O ano foi coroado com esse título do Brasileiro de Aspirantes, estava jogando para ganhar ritmo de jogo, conseguimos chegar na final e, graças a Deus, fui importante para o título. Foi um ano muito bom e tenho certeza que em 2019 tem tudo para ser melhor ainda.

Inspiração na escola europeia

Eu acredito que com a evolução da posição, todos os goleiros cada vez mais têm que jogar com os pés e se sentir confortáveis de dar opção para os companheiros, construir o jogo desde o começo. Gosto muito dos goleiros alemães, da escola europeia de goleiros, gosto desses fundamentos de um contra um, de fechar ângulo. Tento focar nisso, prefiro defender do que tentar jogar alguma coisa com o pé, porque, primeiramente, a função do goleiro é defender. O goleiro tem que passar segurança antes de mais nada. O goleiro passando segurança para o time, o time tem tudo para sentir mais confiança, atacar mais e conseguir as vitórias.

Ídolos

Gosto muito do Neuer, do Oliver Kahn. O Ter Stegen hoje está conseguindo fazer coisas impressionantes no Barcelona, o Leno também, que acabou de chegar no Arsenal, tem um estilo de defender que aprecio muito. Sempre gostei dos alemães, principalmente do Neuer e do Oliver Kahn.

Relacionamento com Sidão e Jean

Os goleiros geralmente são amigos nos times por ficarem muito tempo próximos, muito mais próximos do que com os jogadores de linha. Nos ajudamos muito durante o ano, criamos uma afinidade maior, nos ajudamos bastante, sempre temos discussões, principalmente sobre goleiros, porque é o nosso trabalho, mas também a nossa paixão. Então, a gente conversa bastante, sim, trocamos muitas ideias.

Rogério Ceni

Treinei com ele como treinador e também quando ele ainda era goleiro do São Paulo. Tenho muita sorte por ter treinado junto  e ter sido treinado pelo meu ídolo, comecei a jogar futebol por causa dele. Foi uma experiência única, tenho muita sorte por isso. Aprendi muito quando ele jogava. Depois, ter sido treinado por ele foi uma experiência maravilhosa. Ele sempre me deu muitos conselhos e, com certeza, consegui absorver muita coisa dele.

André Jardine

O Jardine é um grande treinador, a gente trabalhou três anos juntos na base, conseguimos ganhar praticamente tudo que disputamos. Ele tem uma mentalidade extremamente vencedora e competitiva, tenho certeza que ele vai passar isso para os jogadores, fazer o treinamento que a gente sempre fazia na base, que é sempre muito competitivo, muito intenso. Tenho certeza que só temos a ganhar com isso.

Seleção Olímpica

É um dos objetivos que tenho na minha carreira, sei que pra chegar lá preciso jogar, preciso de minutos, é um dos objetivos que tenho. Tenho algumas convocações para a Seleção Brasileira, sei como funciona. Então, se eu conseguir jogar até 2020 e ter sucesso, tenho certeza que tenho chances de ir. Nas Olimpíadas o Brasil sempre entra como favorito, ainda mais sendo o atual campeão. Acho que tenho boas chances.

Libertadores

Depois do ano de 2017, que foi um ano muito difícil para o clube, conseguimos dar a volta por cima e colocar o time na Libertadores. Estamos focados, a expectativa é a melhor possível. Estamos de férias agora, precisamos descansar, mas também temos que nos preparar, porque a Pré-Libertadores é logo no começo de fevereiro e temos que estar preparados para conseguir passar para a fase de grupos. O São Paulo é um time extremamente adaptado à essa competição, acostumado a jogar essa competição. Tenho certeza que teremos muito sucesso.

Férias

Hoje em dia o jogador profissional tem que trabalhar independentemente de estar em férias ou não. Claro que tiramos quatro, cinco, seis dias para descansar mesmo, mas depois recomeça o trabalho, porque a temporada de 2019 promete.