LANCE
A previsão de esperar mais dois meses para começar a trabalhar em campo no São Paulo não prende Cuca. Em sua entrevista coletiva de apresentação, realizada na tarde desta segunda-feira, o técnico garantiu que está muito bem de saúde e que deseja antecipar o início das atividades no Tricolor. Ele tem dito que em um mês já deve estar 100% para retomar a rotina de treinador.
“Estou muito feliz e animado por voltar. Passei por aqui 2004 e ajudei na montagem do time com o doutor Juvenal (Juvêncio) e doutor Marcelo Portugal (Gouvêa). Um time que depois ganhou tudo, com uma ajuda minha. Agora é um momento complicado, mas venho muito energizado. Queria estar amanhã no campo, mas não posso. Tenho um fim de tratamento ainda, que começou dia 5 de dezembro e precisa de quatro a seis meses. Sinceramente acho que não vou esperar até o fim, vou dar uma antecipadinha, porque sinto que já estou bem bom”, avisou.
Em dezembro do ano passado, Cuca passou por uma intervenção cirúrgica no coração. Foi recomendado um período de quatro a seis meses de descanso, que visa à fuga do estresse, grande rival da saúde do técnico. Passados dois meses, ele garante que já melhorou muito sua rotina e que agora quer voltar a trabalhar. Primeiro, vai ajudar a observar o mercado em busca de reforços “emergentes”. Depois, colocando a mão na massa para recuperar a “auto-estima” do São Paulo.
“Eu não tenho problema nenhum. Estou fazendo um tratamento para não ter problema no futuro. Quero viver o quanto mais puder, para estar com minha neta e trabalhar. Parei para evitar algo ruim. Estou energizado. Quero passar essa energia para me divertir com os jogadores e colocar em prática as ideias que tenho. ,A gente não foi feito para sofrer. A gente foi feito para viver bem e quero viver bem. Amanhã ou depois, o pessoal que está p… da vida vai sorrir, porque os resultados vão vir”, projetou.
O prazo inicial para Cuca começar a dar treinos e comandar o Tricolor era 15 de abril, ou enquanto durasse a campanha no Campeonato Paulista, mas esse recomeço pode passar para meados de março se depender do técnico.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Cuca:
Integração com o comando do interino Vagner Mancini e sonho de voltar ao São Paulo:
“Estou sim. E estou muito animado. E sinto que posso ainda contribuir com o São Paulo, em plenas condições. Sempre gostei de montar times com o orçamento que me foi passado. Não é bem montar agora, mas que precisa de uma melhora dentro e fora. Eu estou fora para fazer essa melhora, mas atento ao mercado. E gosto de trabalhar com mercado emergente, Cuquinha (auxiliar e irmão) já está nisso. Mancini também. Até agradeço publicamente, porque se ele não aceita eu não estaria aqui. O time já respondeu bem o que ele pediu ontem.
O torcedor está frustrado com razão, porque o clube que tem que ser primeiro não ganha há muito tempo. Temos que ser resilientes. São situações duras, não gosto, mas sei trabalhar assim. Estarei sempre em contato com Mancini, mas o quanto antes puder vou estar trabalhando. Temos uma ideia bem forte de time, de conhecimento de elenco dele, do Raí e vemos que podemos formar um São Paulo forte ainda neste ano. Temos condições de ser campeões do Paulista, da Copa do Brasil e no Brasileiro. Peço ao são-paulino que tenha confiança em mim de que vamos fazer um trabalho bom”.
Como administrar os jogadores xingados pela torcida e resgatar a confiança do time:
“O torcedor quando cobra, ele cobra quem tem mais nome, experiência. É assim em qualquer situação. Eles vão poder mostrar para nós a condição deles. Escalo sempre os melhores, não por nome, mas quem treina, quem dá mais segurança em jogo. Mancini já fez as mudanças porque entendeu assim e tem condição de fazer isso. O maior reforço nosso será a confiança. Eles podem dar um pouco a mais para recuperar isso.
Não dá para impor uma auto-estima. Isso volta com resultados. O São Paulo tem a obrigação de se classificar (no Paulistão) pelo time que tem. Aí no bolo da semifinal você tem mais chances de passar e ser campeão. Se não passar, você ganha duas semanas para trabalhar o time e começar o Brasileirão super bem”.
Recado para a torcida:
“Não falei com os jogadores ainda. Para a torcida, entendo perfeitamente o que ela passa, depois de tanto tempo. O São Paulo era acostumado a não ficar nem dois anos sem ganhar e agora já é muito tempo. Passei com Juvenal e Marcelo aqui, montei um elenco forte e falo para eles agora confiarem em mim, no Raí, no Leco e no Mancini. Porque vamos buscar um título ainda neste ano. Temos condição. O time do São Paulo é bom e temos que colocar isso na cabeça e em prática”.
Trocas de técnico no São Paulo e ambiente dos jogadores:
“Não me lembro de ter jogado com novatos, mas a figura do treinador é importante. Só que tão importante quanto é a responsabilidade do elenco. Eles precisam ajudar o novato ou o experiente. O vestiário precisa estar bom, temos que ser uma família para lutar contra a família Flamengo, a família Cruzeiro. Temos uma família, mas temos que fortalecer mais.
O São Paulo não perdeu tempo (com André Jardine). Vamos ganhar o tempo agora. Passado a gente não muda. Não ponho multa rescisória em nenhum lado. Porque no dia em que um não estiver contente, você tira. Não vim por dinheiro. Vim pelo desafio e pela grandeza do clube”.