“O corpo pede a droga”

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UOL

Luiza Oliveira

Campeão mundial pelo São Paulo, Flávio Donizete luta para se manter longe da cocaína e recomeçar no futebol.

Campeão mundial pelo São Paulo, Flávio Donizete luta para se manter longe da cocaína e recomeçar no futebol.

“Eu evito lugares, pessoas e ambientes. Hoje eu não posso beber um copo de cerveja por que já aciona um gatilho. O corpo pede a droga. Quando eu bebo um copo, automaticamente me dá vontade de usar droga. Já vivi essa experiência: ‘não posso usar cocaína, mas posso beber uma cerveja’. Eu bebi um copo de cerveja e a primeira coisa que eu fiz foi buscar R$ 50 em droga. Hoje, já me policio.

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Eu não ando com dinheiro. Nunca. Se eu estiver sozinho e tiver R$ 10 na carteira, eu sei que vou atrás da droga. Já aconteceu de ter uns R$ 20 na carteira e ficar pensando. A minha mulher percebeu e disse: ‘A partir de hoje você não anda mais com dinheiro na carteira’. 

A cabeça de um adicto, de um dependente químico, não para. Estou conseguindo, mas não é fácil, não. É um leão. Dois leões. Três leões por dia. A droga me causou tanto estrago e me prejudicou tanto que hoje eu tenho medo de andar sozinho.

Tem horas que eu tenho muita vontade de usar droga. A minha mulher Cibele fica grudada em mim 24h por dia. Se eu vou ao banheiro, se eu for na rua colocar um lixo para fora, ela está atrás de mim. Aonde quer que eu vá. Sem esse suporte, minha queda seria certa.”

Essa tem sido a vida de Flávio Donizete desde que seu contrato acabou com o São Paulo em 2009, quatro anos após ter sido campeão mundial e da Libertadores pelo clube. Toda sua trajetória no futebol tricolor, cultivada desde a base, acabou deixada de lado quando o envolvimento com as drogas passou a ser um problema sério.

Foram sete anos de abuso de cocaína. Agora, o zagueiro tenta desfazer os danos infligidos a si próprio e reerguer uma carreira dentro de campo. Nesta entrevista ao UOL Esporte, Donizete conversou abertamente sobre os problemas que enfrenta até hoje para superar o vício e atingir seus sonhos. Os mesmos de quando era criança: jogar em um clube da primeira divisão e ajudar pessoas que precisam de ajuda.

Leo Martins/UOL

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Flávio Donizete diz a frase repetidas vezes. “Quando estou só, estou mal acompanhado”. É a prova cabal da intensa luta que trava dentro de si. O campeão mundial perdeu tudo o que o futebol lhe deu. O recomeço acontece após uma internação em clínica de reabilitação.

Donizete está limpo há seis meses. Conseguiu uma chance de voltar a jogar na Portuguesa após sua história cair nas graças de um programa da TV Record. Mas, no início do mês, ele faltou ao treino por uma semana e sumiu. Nem os funcionários do clube tinham notícias dele. São os fantasmas que ainda ocupam a sua cabeça e estão longe de ir embora. 

“Eu tive uma crise de abstinência tremenda. Eu não queria sair de casa de jeito nenhum porque sabia que, se saísse, eu ia usar. Eu moro em uma favela em Itapecerica da Serra-SP. Perto da minha casa tem algumas biqueiras, onde eu buscava drogas. Lá o pessoal usa como se estivesse bebendo água. Eu passei na rua e vi alguns moleques que andavam comigo usando e aquilo ali já me deu uma… minha língua já dormiu, a garganta já secou. Voltei para casa e falei para minha esposa: ‘eu não estou bem. Estou com vontade de usar’. Ela me segurou”.

“Durante essa semana, ela começou a colocar remédio no meu suco e eu apaguei, não acordava por nada. Aí chegava à noite, ficava ansioso e tomava o suco que faz dormir por 3 dias. Eu acordava às 3h da tarde, comia e ela perguntava: ‘você está com vontade?’. Eu balançava a cabeça: ‘Tô!’. Foi uma semana dormindo praticamente”.

“Eu sei. Se eu usar, eu não volto a jogar, eu vou jogar tudo isso fora, vou perder tudo isso que estou conquistando. E eu não quero voltar. Eu não quero. Eu não vou voltar. Não vou ser internado. Não vou cair de novo”. 

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Flávio ainda está se acostumando com sua nova vida, dois meses após deixar uma clínica de reabilitação no interior de São Paulo. A rigidez do confinamento torna tudo mais fácil. Não há escolhas a serem feitas, não há contato com a droga. Agora está novamente diante da perigosa liberdade do mundo real.

O aprendizado dos quase cinco meses que passou confinado tem sido fundamental para entender como o seu corpo reage à doença e se preparar para o que virá pela frente. “Lá o cara fala assim: ‘se você andar sozinho, você vai andar mal acompanhado’. Mas eu pensava: ‘Claro que eu vou andar sozinho. Como é que eu não vou andar sozinho?’. Mas chega um tempo que você percebe. ‘Eu não posso andar sozinho, caramba!’ Então, você tem que gravar, assimilar e falar ‘eu não posso’. Porque se eu andar sozinho, eu caio. Você começa a ter essas ferramentas e trazer para a sua vida. Colocar em prática o que aprendi lá. Se você se policiar, você aprende muito”.

Donizete vem vivenciando isso na prática. O contato com as mesmas pessoas no bairro onde mora testa, dia a dia, a sua resiliência. “Quando você sai, os facilitadores da droga estão aí. Muitos amigos que vêm falar para você: ‘Tamo junto!’. Dizem que sempre torceram por você, perguntam se está precisando de dinheiro porque eles veem o que repercutiu. ‘Pô, o Flávio está no Geraldo Luís!’, ‘O Flávio está na Portuguesa!’, ‘O Flávio está ganhando bem, então a gente ajuda o Flávio!'”. 

“As pessoas se aproximavam de mim com dinheiro, porque sabiam que eu tinha dinheiro também. Se me pagavam uma cerveja, eu ia lá e pagava dez cervejas para a pessoa no outro dia. Então, elas usavam de má-fé comigo. Essas pessoas negativas, eu renuncio da minha vida. Não quero andar com elas de jeito nenhum”.

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Donizete fala abertamente sobre dependência. Despido de qualquer vergonha, ele parece expurgar seus demônios a cada frase pronunciada. Acredita que seu depoimento vai salvar pessoas que passam pelo mesmo problema. Mas ainda tem dificuldades para explicar como funciona a sua cabeça e qual é a sensação de precisar da droga a qualquer custo.

“A vontade que dá é um desespero, uma agonia. Quando eu usava droga, ela acabava me anestesiando. Era como se fosse um remédio para dor de cabeça: você toma um remédio e a dor de cabeça passava. A cocaína é a mesma coisa. Dava aquela vontade, uma agonia, uma afobação. Daqui a pouco, dava uma tristeza e depois, uma alegria”.

“Eu acho que o estado de humor é visível: tem horas que estou bem, tem hora que já estou chateado. Daqui a pouco, parece que vai bater a depressão. Eu acho que é o corpo pedindo a droga. Eu fiquei sabendo que tenho que tomar alguns remédios para não ter alteração de humor”. 

Para ele, estar com as pessoas que ama é o melhor antídoto. “Quando estou sozinho, eu penso nisso, na droga. O adicto, ele pensa muita coisa negativa, sabe? ‘Pô, essa pessoa não vai me aceitar, eu sou um dependente, eu sou um ex-dependente químico. Pô, eu estou louco para usar droga’. Mas quando eu estou com pessoas que me amam, com as pessoas que me cercam, que tentam trazer uma paz, uma felicidade, isso já fica de lado. Minha esposa, minha mãe e meus irmãos, minhas filhas… Eu preciso deles”. 

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A droga fez Donizete desistir até de sua maior paixão, o futebol. O jogador, que realizou o sonho de jogar no São Paulo e conquistou o Paulistão, a Libertadores e o Mundial de Clubes, jogou tudo fora. Em 2009, após ter sido emprestado a outros clubes, o contrato acabou e ele resolveu se dar ‘férias’ antes de assinar com outro. Foi a porta de entrada para as drogas. Donizete passou a frequentar baladas em noites regadas a muito uísque e cerveja.

Certo dia, sentindo os efeitos do álcool, foi com alguns amigos ao banheiro e conheceu a cocaína. “Eles falaram: ‘cheira!’. Eu cheirei e na hora o efeito da bebida passou. ‘Que negócio é esse?’. Toda vez que eu saía, eu falava: ‘hoje eu posso beber até a hora que eu quiser porque, quando eu usar cocaína, vai passar o efeito. Vamos lá buscar!'”. O uso esporádico da cocaína com intervalo de até três meses passou a ser cada vez mais frequente. “Eu não parava dentro de casa, era só balada, só gandaia, só bebida alcoólica. Tiveram épocas em que eu não ficava um dia sem usar cocaína”. 

A droga atrapalhou o futebol. Flávio começou a postergar o retorno aos campos e chegou a recusar propostas com medo de cair no exame antidoping. Os problemas viraram uma bola de neve. “Me preocupavam a punição e a minha imagem. Iria repercutir [em âmbito] mundial. Comecei a engordar por causa da bebida, machuquei o joelho e não conseguia correr. Tudo junto com a cocaína. Aí eu falei: ‘sabe de uma coisa? Larguei de vez'”.

Donizete, até então, tinha uma vida confortável. Viajava com a família, dava festas caras para as filhas e se dava ao luxo de comprar para a mulher o presente que ela quisesse nas vitrines do shopping. Mas o padrão caiu e a vida mudou.

Parei de sair, porque o dinheiro começou a acabar. Não conseguia manter aquela coisa de passar o cartão, comprar a bebida que eu queria, uísque importado. Comecei a ir para os botecos perto de casa, porque o consumo era maior e eu pagava menos. Daqui a pouco, já não conseguia mais ir para o bar de casa. Pegava um engradado de cerveja e mais 5 cocaínas e ia para dentro de casa.

Flávio Donizete

Foram oito anos destruídos pelo vício. No início, tudo era uma grande diversão na balada. Depois, a dependência tornou o uso menos divertido. Donizete largou o futebol e ficou desempregado. Ele vivia apenas para alimentar o próprio vício. Chegou até a faltar comida na mesa.

“Era droga todo dia. Quando estava sozinho, tentava manipular, enganar e roubar, omitir. Eu fazia de tudo para conseguir a substância. A qualquer preço. Independentemente se ia prejudicar alguém ou não. Eu queria droga, eu ia e conseguia a droga”. 

“Se eu conseguisse R$ 15 e não tivesse nada para comer, eu não pensava em trazer para dentro de casa. A primeira coisa era a cocaína. Às vezes, minhas filhas ficavam sem comer. Eu conseguia uns R$ 20, comprava R$ 5 em ovo e gastava R$ 15 [em cocaína]. Às vezes, nem trazia [o ovo]. Eu deixava comer arroz e feijão puro, mas minha droga não faltava”. 

Donizete fazia bicos como pedreiro, pintor e ajudante geral de fábricas de construção. Mas não levava nada adiante. Sua rotina passou a ser arrumar a casa num estado frenético. “Eu pensava: ‘Se conseguir a droga, vou ficar feliz, vou limpar toda a casa, dar uma geral’. A droga me fazia ficar eufórico limpando. Eu limpava a casa três vezes por dia. Eu limpava e bagunçava, limpava e bagunçava, limpava e bagunçava até passar o efeito”.

Depois da euforia, vinha o sentimento de culpa e a depressão. “Não tinha vontade de comer, não tinha vontade de dormir e aí dormia e acordava às 4h da tarde. Daí comia e falava ‘não vou conseguir usar droga hoje, então vou dormir'”. 

“Vinha o sentimento de culpa por estar desempregado, sem dinheiro. As pessoas acusavam, apontando para mim, dizendo que eu era um vagabundo, safado. Os amigos e a família começaram a se afastar. Eu ia encostar nela [Cibele] e ela não queria que eu encostasse por raiva. Você já começa a sentir menosprezado. Achava injusto, sendo que aquilo não era injusto”.

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Em todo esse processo, Donizete tem uma certeza. Não estaria vivo se não fosse o apoio incondicional de sua mulher, Cibele. São 15 anos juntos. Cibele viu a ascensão na carreira, os títulos no São Paulo, a fartura de entrar no shopping e escolher qualquer produto da vitrine. E se manteve firme na queda, até quando foi furtada pelo próprio marido e encarou o julgamento das pessoas.

“Ela é meu anjo da guarda. Acho que é amor demais. Hoje eu consigo enxergar. Eu amo muito ela. Posso fazer muitas outras coisas por ela, mas não vou retribuir o que ela fez por mim. Não tem como pagar isso daí. Às vezes, ela briga comigo. Eu olho para ela e dou risada: ‘Eu te amo, realmente eu te amo’. Lembro de tudo o que ela viveu no passado para me ter. Se a Cibele me abandonasse hoje, eu buscaria minha droga na primeira esquina. Se ela não estivesse comigo, eu já teria jogado tudo para o ar”.

Ao longo da entrevista, Flávio repetiu: “as pessoas não sabem o que ela passou para continuar comigo”. É um dos poucos momentos em que fica receoso de falar abertamente. Mas admite: chegou a roubar dinheiro da própria esposa.

“Tinha vez que a Cibele tinha R$ 30 na carteira para ir trabalhar e minha cabeça martelava tanto que eu pegava os R$ 30 para buscar a droga. Chegava no outro dia, ela abria a carteira: ‘Cadê os R$ 30 reais que estavam aqui?’. E eu, com a cara de pau, falava ‘não fui eu que peguei’. Ela olhava para mim: ‘eu sei que foi você, mas eu te perdoo’. E eu falava: ‘essa mulher é muito louca'”. 

O fato de Cibele permanecer ao lado de Donizete durante esse período rendeu julgamento dos amigos, de sua família e até dos parentes de Flávio. “Eu ouvia muito as pessoas falando: ‘você vai ficar com esse cara aí? Esse cara aí não vale nada, esse cara é um safado, cafajeste, um drogado, um noia'”. E eu respondia: ‘ele é noia, mas ele é meu, ele é drogado, mas ele é meu. Mas Deus vai livrar. Deus vai tirar isso dele’. E estou com ele até hoje. Nem eu sei explicar. Mas é muito amor”, conta ela.

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A história de Flávio mudou em um dia despretensioso. A TV Record chegou até ele e fez uma proposta para interná-lo. Flávio topou sem saber que participaria de uma gravação para o programa Domingo Show, do apresentador Geraldo Luís. Ao desconfiar de que poderia ser pauta de uma matéria, Flávio usou o fato como desculpa para conseguir algum dinheiro e gastar em cocaína.

“Olha a cabeça do adicto. Meu cabelo estava um pouco grande. Quando falaram que iam gravar, falei: ‘você me empresta R$ 20 para cortar o cabelo? Eu não vou aparecer assim na Record. Todo mundo vai ver isso daí’. A minha irmã Fabiana me deu R$ 20 reais. Só que em vez de ir cortar o cabelo, fui buscar a droga”. 

Flávio estava sob o efeito de cocaína durante a gravação, que foi ao ar em agosto de 2018. “Eu estava com pino [pequeno frasco com droga] dentro do bolso na hora da reportagem com Geraldo. Ele me perguntou assim: ‘quero que você seja sincero comigo. Isso vai decidir se eu vou gravar com você. Você usou droga hoje?’. Se eu tivesse mentido, a matéria tinha ido por água abaixo. Mas eu fui honesto. ‘Eu usei droga hoje’. A minha vontade era pegar o pino do meu bolso. Eu só não fiz isso porque senão ia dar um arrepio. Imagina eu pegar um pino e mostrar pra câmera ali?”

“Eu não chorava, porque eu estava sob o efeito da cocaína. Se você perceber na matéria, a minha boca estava fechada, de lado, torta. Eu não consigo falar, toda hora fico passando a língua na boca.”

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Flávio ficou internado em uma clínica no interior de São Paulo sem qualquer acesso à família. A saudade era grande. Mas a que mais doía era a saudade da droga. O corpo mandou o recado e já no primeiro mês ele sentiu o peso da abstinência.

“Nos primeiros dias, eu não conseguia dormir. Depois, bateu a abstinência. O corpo precisava da droga. Comecei a ter crises de enxaqueca, muita dor de cabeça. Às vezes vomitava, às vezes acordava de madrugada. Fiquei nesse processo um mês. Pensei em desistir. Eu estava cabisbaixo, triste, falei que queria ir embora, que estava com saudade das minhas filhas, queria minha esposa. Mandaram minha esposa lá para conversar comigo. Mas era o corpo me manipulando por causa da droga. Eu estava morrendo de saudade. Mas eu estava com mais saudade da droga”. 

Flávio só aguentou o tranco porque tinha uma rotina rígida. Acordava às 5h30 e às 19h já estava na cama. Durante o dia, frequentava palestras sobre a dependência química, reunião dos narcóticos anônimos e sobre espiritualidade. À tarde, treinava para manter a forma. Além disso, tinha acompanhamento médico e tomava um ansiolítico três vezes ao dia para auxiliar com os picos de ansiedade no processo de abstinência.

O único contato com a família acontecia por uma ligação mensal. “Foi doloroso. Ficar lá sozinho, sem ver a família. Tinha uma ligação de dez minutos: ‘Oi, tudo bem? Como é que tá? Tá tudo bem? Então fala com a sua mãe, fala com seu pai, com seu irmão…’. E, assim, eu queria falar mais com ela às vezes, um tempinho a mais para saber como estava a situação. Por mais que ela estivesse passando por um momento de dificuldade, ela chegava e dizia ‘estou com você, fica firme, não desista que vai dar tudo certo'”.

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Agora, Donizete tenta virar o jogo. Desistir da droga pelo futebol é sua maior fonte de motivação depois da família. A Portuguesa abriu as portas depois que sua história foi ao ar na Record. Aos 35 anos, ainda sonha como um menino. 

“Eu quero voltar à primeira divisão. Seja na Portuguesa ou em outro clube. Meu objetivo vai ser concretizado quando eu chegar na primeira divisão. Essa é minha meta. Aí, se eu conseguir, é passar para outra meta. Mas a principal meta é voltar para a primeira divisão”.

Donizete ainda não entrou em campo pela Lusa, que disputa a série A2 do Campeonato Paulista. Após a estadia na clínica, a Record ofereceu um tratamento dentário que teve algumas complicações e atrapalhou a rotina do jogador. Mas ele tem se mostrado persistente. Durante os treinos, sua motivação é visível. Dá piques longos, entra em todas as divididas e corre mais que os colegas mais novos.

No período em que passou na clínica, Donizete não ficou parado. Seus treinos físicos diários combinavam cardio com abdominais e flexões. Em sua visão, está bem na parte técnica, mas precisa perder 3kg e evoluir a arrancada e a velocidade. 

“Estou vendo como a chance da minha vida, oportunidade única de retornar. De realizar um sonho que, para mim, havia sido perdido há algum tempo. É aquele sonho de criança de poder jogar que toma conta do meu coração. Quando eu entro no campo, eu lembro do começo, do sofrimento que foi de chegar a um clube de grande expressão. Eu preciso disso para me manter feliz e me manter limpo. Com a cabeça boa. Acho que o futebol está me ajudando bastante com relação a isso”.

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