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O meia Igor Gomes, herói do São Paulo na vitória por 2 a 1 sobre o Ituano na tarde de hoje, no Morumbi, escutou essa frase de duas das pessoas mais importantes na sua ainda curta trajetória no futebol. Primeiro, do pai Airton. Depois, de nada mais nada menos que Raí, quando já tinha iniciado a transição da base para o profissional.
O ídolo do São Paulo, inclusive, teve um dos papéis mais importantes para o jovem que completou 20 anos no mês passado. Depois de renovar contrato com o clube em setembro último – o novo vínculo só se encerra no fim de 2023 -, o diretor-executivo do clube se aproximou do atleta, com dicas para a postura a ser adotada dentro e fora de campo.
Raí chegou a instruir Igor no papel que teria no time do São Paulo. Como o ex-jogador, a promessa atua como um meia centralizado, com características similares, como o uso do corpo e as arrancadas com a bola dominada. Nas conversas, a importância do ritmo de jogo foi citada, assim como a postura de chegar inteiro na área para concluir à meta.
Contra o Ituano, pelo Campeonato Paulista, Igor mostrou que levou os conselhos para dentro de campo. Nos dois gols, finalizou as jogadas já próximo da pequena área. E com qualidade. No primeiro gol, o que abriu o triunfo são-paulino, o jovem concluiu um lance em que havia um nível de dificuldade elevado.
“O segundo gol foi uma promoçãozinha, mas o segundo gol foi uma jogada trabalhada. Na base, meu pai me cobrava bastante que eu pisasse na área. Quando eu cheguei no profissional comecei a mentalizar isso cada vez mais. Não só meu pai, mas o próprio Raí, o Bruno Alves falaram para eu pisar na área, porque meia também faz gol”, explicou Igor após o jogo.
Uma década no clube
Igor chegou ao São Paulo há dez anos, em abril de 2009, quando tinha dez anos. Ou seja, metade da vida do atleta teve o clube como parte da sua rotina. Natural de São José do Rio Preto, o meia fez carreira na base, com títulos e protagonismo. Ele se sagrou campeão estadual no sub-15 e no sub-17. No time sub-20, conquistou a Copa do Brasil duas vezes, em 2016 e 2018, além da Copa RS, em 2017.
O bom papel desempenhado nas equipes de base rendeu ao jogador chances esporádicas em treinos do time profissional. A primeira experiência foi em 2017, quando Rogério Ceni estava à frente da equipe. Meses depois, com Dorival Júnior, ele continuou frequentando o CCT da Barra Funda, até ser efetivado de vez por Diego Aguirre, na temporada passada.
A estreia no time principal do São Paulo, porém, só aconteceu em novembro, contra o Sport, na 37ª rodada do Brasileirão, como reserva. Na ocasião, André Jardine era o treinador da equipe tricolor – Igor também foi aproveitado na derradeira partida do campeonato, diante da Chapecoense.
O jogador disputou o Sul-Americano com a seleção brasileira sub-20 nas primeiras semanas de 2019 e voltou ao São Paulo como uma das opções para o meio-campo. O primeiro jogo como titular foi contra o São Caetano, na última quarta-feira (20). Na segunda partida, ele já foi às redes duas vezes.
“Quando acabou o jogo só pensei em ligar para o meu pai, minha mãe, minha irmãzinha. Meus pais choraram, falaram que estão orgulhosos, porque eles sabem o quanto já batalhei para estar aqui. Eles sabem o quanto eu queria isso, tenho um carinho especial pelo clube”, frisou Igor, em tom emocionado.
“Cotia, como muita gente fala, é sim uma fábrica de talentos. Mas não posso deixar de ressaltar aqui o trabalho do grupo, do pessoal mais experiente tem com a gente. Eles passam muita tranquilidade. Eles nos acolhem muito bem e isso nos dá muita tranquilidade”, completou.