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Perrone
Ao explicar a ida de Diego Souza para o Botafogo, Vagner Mancini disse que “dentro do planejamento, daquilo que vai ser feito no São Paulo, optou-se por isso”. A declaração dada depois do empate deste sábado com a Ferroviária em um gol, no Pacaembu, mostra, na opinião deste blogueiro, o quanto o clube do Morumbi se atrasa ao esperar por Cuca.
A afirmação poderia ser completada com “depois que o novo treinador chegar”. O sinal de compasso de espera é claro. A explicação também dá a entender que a saída de Diego Souza foi um pedido de Cuca e que ele se livrou do desgaste de trombar com o veterano, pois chegará com a “casa arrumada” para iniciar seu trabalho. O plano parece ser o mesmo em relação a Nenê.
Ou seja, o São Paulo está se preparando para receber seu treinador quando deveria aproveitar o tempo de sobra sem a Libertadores para chegar no Brasileirão na ponta dos cascos. A equipe evolui devagar com Mancini. E corre alto risco de passar por mais mudanças com Cuca, retardando mais ainda sua evolução. A chance de chegar no Nacional mais afinado do que os rivais desgastados pela Libertadores vai diminuindo.
Prova desse atraso é a dependência que a equipe mostrou contra a Ferroviária em relação a Hernanes, autor do gol de empate. Apagado no primeiro tempo, ele foi o jogador tricolor mais importante na etapa final, atuando como segundo volante. Uma sequência executando a mesma função já poderia ter feito seu futebol crescer, mas o problema não é esse. Depender de veteranos é algo dramaticamente arriscado no Brasileiro.
O próprio São Paulo sentiu isso na pele no Nacional de 2018. Diego Souza e Nenê foram muito bem no primeiro turno e fizeram o torcedor sonhar com o título. No segundo, porém, caíram de rendimento e deu no que deu. É muito difícil para todo jogador se manter em alto nível durante o Brasileirão inteiro. Ainda mais para veteranos por causa de questões físicas. Com Hernanes não vai ser diferente. Nesse estágio do ano já era para a equipe do Morumbi ter mais gente dividindo a responsabilidade de decidir com ele.
Antony desponta como o futuro do São Paulo. Sua habilidade é acima da média do futebol brasileiro. A maturidade do destaque da última Copa São Paulo também. Mas ele precisa de um time com projeto e estilo de jogo definido para evoluir. Esse ritmo de “vamos tocando enquanto o professor não chega” é péssimo pra ele. Cuca tem muito a contribuir para a carreira da joia são-paulina.
Taticamente, o São Paulo evolui lentamente com Mancini. A questão não é se estaria melhor com Cuca. O ponto é que a partir da chegada do novo técnico, em tese, o São Paulo tem um rumo definido, não fica sujeito a subir dois degraus e descer um. A diretoria, mais uma vez, pode perceber o tamanho do risco de sua aposta quando for tarde demais.