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André Hernan, Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan
Atitudes do técnico nos bastidores e dentro de campo são elogiadas no Tricolor.
Cuca estreia no comando do São Paulo neste domingo, às 16h, contra o Palmeiras, na Arena do Palmeiras, pela segunda semifinal do Paulistão.
Mas desde o dia 14 de fevereiro, quando foi anunciado, Cuca tem trabalhado ativamente nos bastidores até iniciar de fato no CT da Barra Funda, o que ocorreu na última segunda-feira.
Cuca em momento descontraído com os jogadores do São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
– É estranho. Muito estranho, porque está conversando e trabalhando. Lógico que passo a trabalhar remuneradamente a partir de hoje (segunda-feira), mas estava trabalhando. Estava junto com Pássaro (gerente executivo de futebol) nas ligações e nos contatos, aqui e lá. Com Raí (diretor executivo de futebol) e Mancini (antes interino e agora coordenador técnico), mesmo à distância. É estranho você estar longe sem poder ajudar mais do que queria, mas de uma forma geral foi tudo muito bem conduzido por Raí e Mancini – disse Cuca.
– Deram uma motivada geral em todos, inclusive no torcedor, o que é muito importante para esses meninos, eles poderem ter o direito de errar. Estão recuperando a autoestima de muitos aqui dentro. Isso foi muito importante. É um passo gigantesco que é dado para termos conquistas – completou, na última segunda-feira.
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Abaxo, o GloboEsporte.com detalha algumas das ações de Cuca nos bastidores. O técnico tem sido elogiado no São Paulo:
Conversa decisiva com Pato
Uma conversa entre Cuca e Pato foi fundamental para a contratação do atacante. O gerente executivo Alexandre Pássaro intermediou o contato.
No papo, Cuca deixou claro que não tinha nada contra o jogador, mas pediu garantias de que ele viria para brigar por espaço no elenco. O próprio atacante confirmou que o contato pesou na sua escolha pelo São Paulo.
Cuca também deixou claro para a diretoria que aceitaria Pato, desde que outros nomes pedidos por ele fossem contratados. Tchê Tchê, Vitor Bueno e Keno foram citados. Os dois primeiros chegaram e o terceiro acabou descartado por ser visto como muito caro.
Durante as negociações com Tchê Tchê e Vitor Bueno, Cuca também fez contato por telefone com a dupla. Eles estavam jogando no Dínamo de Kiev.
Cuca, de costas, conversa com Pato, Carlinhos Neves e Vagner Mancini no São Paulo — Foto: Marcelo Hazan
Reintegração de Jean
O técnico resolveu rapidamente o problema entre o goleiro e o coordenador Vagner Mancini. Primeiro, ao ser perguntado em entrevista coletiva sobre Jean, soube lidar publicamente com a questão da seguinte maneira:
– O goleiro Jean, acho que não colocou as palavras certas no momento certo. Eu entendo que ele está sentindo a oportunidade grande de jogar, e às vezes a gente não espera o momento exato, atropela algumas situações, isso aconteceu com ele. Não o vejo como um mau profissional, e sim um menino que precisa de uma instrução neste momento para desempenhar todo o potencial e servir como lição esse ocorrido.
– O Mancini é uma pessoa boa, maravilhosa, todo mundo gosta dele. Eu já tive essa conversa com o Jean, vou esperar de hoje até amanhã para ver a resposta que o jogador vai me dar. É uma resposta que internamente já tenho, mas que precisa de um algo mais. Foi feita uma acusação publicamente, então isso vai acontecer, ninguém vai prejudicar a carreira do menino, ele é patrimônio do São Paulo. Ele disputa posição, mas temos um titular.
Jean e Vagner Mancini se abraçam no treino do São Paulo: paz — Foto: Maurício Rummens / Estadão Conteúdo
O “algo a mais” citado por Cuca era um pedido de desculpas públicas de Jean por meio das redes sociais, maneira usada pelo goleiro no primeiro momento para criticar Mancini. A atitude do goleiro ocorreu ainda na madrugada de segunda para terça-feira, e Jean foi reintegrado.
No treino de terça-feira, na frente de todo o grupo, Cuca promoveu a paz entre Jean e Mancini, selada com um abraço (veja na foto acima).
Parceria com Mancini
Na segunda-feira, dia do primeiro treino no São Paulo, Cuca passou o tempo todo no campo ao lado de Mancini. Os dois observaram a atividade e conversaram.
O técnico quis ter o coordenador por perto nesta primeira semana de transição. Há, inclusive, a possibilidade de Mancini estar com Cuca no banco durante o clássico diante do Palmeiras.
Publicamente, Cuca também valorizou o trabalho de Mancini como interino. Isso permitiu o término do seu tratamento cardiológico.
Cuca e Vagner Mancini conversam no CT do São Paulo — Foto: Marcelo Hazan
Ambiente no CT da Barra Funda
Cuca promoveu uma reunião geral do elenco no gramado do CT, na qual pediu para todos se apresentarem uns aos outros. A conversa rendeu risadas, descontração e deixou o ambiente mais leve.
Durante um dos treinos de finalização, o técnico também brincou com os jogadores para descontrair a atividade:
- O atleta recebia de Cuca a bola de costas para o gol, dominava no peito, girava e finalizava. Uma vez com cada pé.
- Antes de lançar a bola para o jogador, Cuca fazia uma brincadeira;
- Os atletas que acertavam ao menos um gol eram liberados da atividade
- No final, sobraram Biro Biro, Everton e Toró. O trio ouviu brincadeiras dos que estavam fora sobre a dificuldade para fazer gols nos goleiros Tiago Volpi, Jean, Junior, Thiago Couto e Lucas Paes.
- Toró teve dificuldade para executar os movimentos de domínio, giro, chute no ar e fazer o gol. Cuca, então, deu orientação especial ao garoto e mostrou dois exemplos: como Toró estava dominando de forma errada e como ele deveria fazer. O técnico tem mostrado preocupação em dar confiança e atenção aos jogadores da base.
Cuca, comissão técnica e jogadores no CT do São Paulo: risadas em reunião descontraída — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Valorização ao trabalho de Jardine
Cuca não esqueceu do trabalho de André Jardine nas categorias de base. O badalado quarteto Luan, Liziero, Igor Gomes e Antony passou a ser escalado como titular sob o comando de Mancini.
No começo de ano no São Paulo, no entanto, Jardine não teve os quatro ao mesmo tempo à disposição. Na quarta-feira, o técnico fechou com a seleção brasileira sub-20 até o final do Mundial de 2021.
– É até meio estranho falar, mas temos também de reconhecer o trabalho do Jardine, foi ele que fez todos esses meninos praticamente. Dando uma olhada para trás, ele pegou um time numa Libertadores, com uma necessidade muito grande, muitos grandes jogadores, e não conseguiu fazer esses meninos jogarem por uma situação ou outra. Esses meninos estão aparecendo, é plantio, não está se colhendo nada ainda. E tem de reconhecer o trabalho do outro profissional. Tomara que a gente possa descobrir mais talentos e dar oportunidade a eles também – disse Cuca.
André Jardine foi anunciado pela CBF como técnico da seleção brasileira sub-20 — Foto: Divulgação/CBF