Cuca comemora vitória do São Paulo, explica mudanças e vê time “muito aquém” do ideal

586

GloboEsporte.com

Eduardo Rodrigues

Técnico comenta volta de Hudson para o meio de campo e exalta Alexandre Pato.

O técnico Cuca comemorou a vitória do São Paulo por 2 a 0 sobre o Botafogo, neste sábado, na estreia do Brasileirão, mas reconheceu que o time ainda precisa melhorar bastante para brigar pelo título.

Em entrevista coletiva após a partida, Cuca ressaltou em diversos momentos que teve pouco tempo para trabalhar e que os ajustes necessários terão de ser feitos ao longo das competições.

Publicidade

– Estamos muito aquém do que a gente pretende estar daqui a um mês, dois meses. Mas temos nove jogos sem tempo para treinar. É jogo e jogo, jogo e jogo. A gente tem que se aperfeiçoar dentro das partidas. Quarta-feira já tem o Goiás, domingo, o Flamengo. E assim vai… Copa do Brasil. Tem jogadores que vão subir de produção, sem dúvida alguma, não preciso citar nomes. E vamos descobrindo coisas novas dentro do elenco. São coisas assim que nos motivam a continuar descobrindo jogadores, características quando o jogo pede algum tipo de característica – comentou o treinador.

Cuca, técnico do São Paulo, durante a partida contra o Botafogo — Foto: Marcos Ribolli

Cuca, técnico do São Paulo, durante a partida contra o Botafogo — Foto: Marcos Ribolli

– Hoje era claro no segundo tempo que o time precisava de velocidade. A posse de bola estava com o adversário, como vai ter o jogo se não tiver velocidade de contra-ataque. O Toró deu isso, logo no primeiro lance fez boa jogada e, com ele, já crescem outros jogadores – completou o comandante tricolor.

Cuca também explicou por que decidiu escalar Hudson novamente no meio de campo e não mais na lateral direita, posição na qual ele atuou na final do Campeonato Paulista.

– A ideia do Igor Vinicius na lateral foi para termos uma saída forte pelo lado direito, com Antony e Igor Gomes, como a gente fez no primeiro tempo. Foi o nosso lado mais forte, tanto que por ali saiu o gol. No segundo tempo já não foi tão bom. Talvez, se ele estivesse do meu lado, eu iria dirigir um pouquinho mais (risos) porque eles entendem melhor – declarou.

Diante do Botafogo, o São Paulo abriu o placar com Everton no primeiro tempo e viu os cariocas dominarem a etapa final, tendo 66% de posse de bola. Mesmo sem tanto domínio, o Tricolor conseguiu ampliar o marcador no fim, com Hudson.

– São muitas mudanças, muda o perfil da equipe, característica de jogo e jogadores. Não tem como fazer acontecer as coisas em uma ou duas semanas. Você tem que ter o seu modelo de jogo e, jogando, jogando, se acostumando com aquilo, quem entra faz da mesma forma… Você não vai ter a mesma intensidade como foi no primeiro tempo, ninguém consegue. No segundo tempo tem que ter as outras armas. Isso é um processo gradativo. Fazer time é difícil, e fazer time jogar é mais difícil ainda. E estamos praticamente na terceira remontagem no ano. Teve Jardine, Mancini e, agora, o meu complemento. É um processo que requer tempo. Nada melhor do que começar com uma vitória. Não tivemos tantas chances de gol, mas fomos seguros – avaliou Cuca.

Melhores momentos: São Paulo 2 x 0 Botafogo pela 1ª rodada do Brasileirão

Melhores momentos: São Paulo 2 x 0 Botafogo pela 1ª rodada do Brasileirão

Confira outros trechos da entrevista coletiva do treinador do São Paulo:

Análise do jogo

– O time perdeu o título, mas faz parte do aprendizado, da vida. Essa foi uma semana para ter equilíbrio emocional também. O Botafogo teve duas semanas para trabalhar o jogo contra o São Paulo e, na proposta do Botafogo, ele teve a posse de bola. No segundo tempo, era uma posse que era mais na zona neutra, não era rondando perigosamente a área. Uma vez ou outra isso aconteceu. E isso aconteceu porque tínhamos o 1 a 0 na mão e estávamos esperando uma retomada em velocidade. Isso não aconteceu. A gente estava com quatro jogadores estreando, então você não vai ter um conjunto ideal, uma saída de bola ideal. O importante era vencer e, se possível, jogar bem. Acho que a gente jogou bem num contexto geral. Até os 20, 25 do segundo tempo não foi bom, mas com a velocidade do Toró o time se assentou bem. Se tivesse mais tempo, a gente teria a chance de construir um placar maior. No primeiro tempo o Botafogo correu muito, marcou muito, diminuiu espaços, foi intenso. No segundo a gente desenhou mais as jogadas, criamos umas duas jogadas em que poderia sair o gol e fizemos o segundo numa linda jogada construída com toques e a finalização precisa.

Posição de Pato

– Ele, para mim, não falou nada. Pelo contrário, treinou todos esses dias como nosso centroavante. Tem dois tipos de centroavante, o de referência e o que flutua. Ele é um tipo de jogador que flutua, até porque não é um jogador de bola aérea. Mas a referência você pode fazer por baixo, ele é inteligente para isso. Se hoje ele não está em condição ideal para jogar, tem que retomar e vai retomar aos poucos, ali ele iria sofrer menos do que pelo lado do campo. Vamos devagar, conversando com o jogador e a gente vê o que faz com ele.

Otimismo com Pato

– Hoje ele já não é um menino, é uma referência, um dos mais experientes. A gente espera dele o que ele vem fazendo, conversar com os meninos, passar a experiência dele fora de campo, dentro de campo também. A gente não pode cobrar dele nesse momento nada mais do que ele está dando, porque ficou muito tempo parado. Temos que tomar cuidado para não deixar ele demasiadamente em campo e expô-lo a uma lesão. Pouco a pouco ele vai se aprumando, melhorando fisicamente e a técnica dele vai aparecendo mais. Ele é importantíssimo para a gente.

O que precisa melhorar?

– A gente tem que trabalhar mais e vamos trabalhar mais nossa saída de bola. Muitas vezes a gente ainda confunde algumas coisas, o que é normal pelas mudanças que teve. Isso é uma situação que, de repente, uma saída de bola quebra a linha de marcação do adversário mais do que uma referência (de área), algo que a gente não tem.