VAR em São Paulo x Corinthians: comentarista vê acerto da arbitragem em lance capital

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GloboEsporte.com

Sandro Meira Ricci diz que puxão em camisa de Henrique, do Corinthians, não é suficiente para caracterizar pênalti.


Para Sandro Meira Ricci, Hudson não faz o pênalti em Henrique, nos acréscimos da final

Os minutos finais de São Paulo 0 x 0 Corinthians foram tensos. Já nos acréscimos, em falta alçada na área do Tricolor, Hudson segurou Henrique pela camisa. Foram quatro minutos com o jogo paralisado, até que o árbitro Luiz Flávio de Oliveira, após ouvir a análise do VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês), optasse por não assinalar pênalti (veja no vídeo acima).

Na opinião do comentarista Sandro Meira Ricci, da Central do Apito, da TV Globo, a decisão foi acertada. O problema foi a demora.

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– A gente percebe no lance que há um agarrão na camisa, em câmera lenta parece que é grave. Mas em velocidade normal, é um lance normal. Para mim, acertou a arbitragem, apesar da demora do VAR – disse Ricci.

Árbitro consulta o VAR para checar toque de mão de Ralf, aos 39 do 1º tempo

Árbitro consulta o VAR para checar toque de mão de Ralf, aos 39 do 1º tempo

O VAR já havia entrado em ação na etapa inicial do primeiro jogo da final do Campeonato Paulista entre São Paulo e Corinthians, neste domingo, no Morumbi. E trabalhou por duas vezes: para analisar um possível pênalti em lance de bola na mão de Ralf (após chute de Everton Felipe) e para verificar se a bola entrou após cabeçada de Arboleda. Nos dois casos, o árbitro de campo, Luiz Flávio de Oliveira, foi informado que não seria preciso rever sua decisão.

Bola bate na mão de Ralf — Foto: reprodução

Bola bate na mão de Ralf — Foto: reprodução

Que defesa! Arboleda cabeceia após cobrança de escanteio e Cassio tira em cima da linha, aos 47 do 1º

Que defesa! Arboleda cabeceia após cobrança de escanteio e Cassio tira em cima da linha, aos 47 do 1º

Cássio, do Corinthians, evita gol do São Paulo em cima da linha — Foto: reprodução

Cássio, do Corinthians, evita gol do São Paulo em cima da linha — Foto: reprodução

O uso da tecnologia só é permitido em quatro situações:

Gols;

Pênaltis;

Cartão vermelho direto;

Erro de identificação de jogadores na aplicação dos cartões.

O GloboEsporte.com traz abaixo um tutorial para entender melhor o VAR, listando como e quando o recurso pode ser acionado:

Gols

1. Situações de impedimento

1.1 – Gol em impedido claro

A equipe de arbitragem de campo não percebe um impedimento claro em um lance de gol. Antes do reinício do jogo, os árbitros de vídeo comunicam ao árbitro central o equívoco, e ele anula o gol. Não há necessidade de conferência do lance na tela à beira do campo.

1.2 – Gol em lance duvidoso de impedimento

Um jogador faz o gol em posição duvidosa de impedimento. O assistente não deverá levantar a bandeira até que a bola entre no gol, para não anular um possível gol legal. Posteriormente, levantará a bandeira caso ache que o atleta estava impedido na origem da jogada. O VAR deverá informar se o gol foi legal ou não. Não há necessidade de verificação à beira do campo.

1.3 – Dúvida na participação em um gol

Um jogador, em posição de impedimento, atrapalha o goleiro ou bloqueia um adversário. Como o lance envolve interpretação, o árbitro deve ser avisado e revisar as imagens à beira do campo para tomar a decisão final.

2. Situações de falta

Um jogador se aproveita de uma falta para fazer o gol: utiliza a mão, empurra um adversário ou tem movimento faltoso para recuperar a posse de bola. Cabe ao VAR alertar o árbitro, que deve ir à beira do campo, verificar as imagens e decidir se mantém ou não o gol.

3. Situações de saída da bola

A arbitragem não percebe a saída da bola pela linha lateral ou de fundo durante um ataque que resulta em gol – ou tem dúvida se ela saiu completamente. A orientação para os assistentes é a mesma do impedimento duvidoso: deixar o jogo seguir e informar a incerteza ao VAR. Ao checar, o VAR constata a irregularidade e comunica ao árbitro, que não precisa confirmar no monitor. Aqui também se encaixa outra situação, a de a arbitragem não perceber a saída completa da bola em um ataque anterior ao gol.

4. Situações de bola passando a linha do gol

Na Copa do Mundo, desde 2014, há o recurso do senhor na linha do gol, em que o árbitro recebe um aviso instantâneo sobre a bola (com chip) ter entrado ou não. Por aqui, caberá ao VAR avisar ao juiz de campo, nos mesmos moldes da saída pela linha lateral ou de fundo.

Pênaltis

1. Pênalti claramente mal marcado

O VAR entrará em ação em caso de pênalti resultante de clara simulação. Quando comprovada, o pênalti será anulado, o jogo reiniciará com tiro livre indireto e será aplicado cartão amarelo ao jogador infrator. Outro exemplo seria um defensor atingir um companheiro, e o árbitro achar que o atingido foi um adversário, ou uma bola que claramente bateu no peito de um defensor, e o árbitro equivocadamente viu mão, ou ainda um desarme legal interpretado como falta. Em todas essas situações, o árbitro verificará as imagens à beira do campo antes de tomar a decisão final.

2. Pênalti claramente ignorado

Aqui a situação é inversa: um pênalti evidente ignorado pelo árbitro. Estão inclusos um agarrão claro (fora ou na disputa da bola), toque de mão claro, agressões de defensores, ou, se o árbitro marcar uma simulação de um atacante, e as imagens comprovarem claramente que, na verdade, a falta existiu. Nesses casos, o árbitro verificará as imagens antes de tomar a decisão.

3. Falta dentro ou fora da área

O árbitro dá como pênalti uma infração que foi fora da área – ou o contrário. Pelo ponto, é avisado pela equipe de vídeo do equívoco. Sem necessidade de conferência na tela, ele muda a decisão.

4. Falta anterior ao pênalti

A arbitragem marca pênalti, mas antes houve uma falta cometida pela equipe beneficiada pela marcação da penalidade. Neste caso, o VAR deve comunicar o árbitro, que precisa verificar a jogada no monitor e optar pela infração ocorrida antes.

5. Bola fora de campo antes do pênalti

Arbitragem marca pênalti em jogada na qual a bola, antes da infração, saiu pela linha lateral ou de fundo. Cabe ao VAR alertar o árbitro de campo sobre a situação. Neste caso, ele precisa cancelar o pênalti, assinalando lateral, escanteio ou tiro de meta. Não há necessidade de verificar no monitor à beira do campo.

Cartão vermelho direto

1. Falta passível de expulsão ignorada pelo árbitro

São lances fora do campo de visão do árbitro, como agressões fora ou na disputa de bola, com o jogo em andamento ou não. Nesse caso, há necessidade de revisão na beira do campo pelo árbitro central, que só tomará sua decisão após ver o lance no monitor. Não há limite de tempo para aplicação da pena neste caso. Ou seja, a decisão poderá ser tomada mesmo depois de a bola entrar em jogo novamente.

2. Agravamento de punição

O árbitro interpreta um lance para cartão amarelo ou sem punição disciplinar. Ao checar as imagens, o VAR entende que a jogada seria para cartão vermelho. Ele deve recomendar a revisão ao árbitro no campo. Neste caso, não há limite de tempo para aplicação da pena – a decisão até poderá ser tomada depois de a bola entrar em jogo novamente.

3. Dúvida entre amarelo ou vermelho ao interromper chance de gol

O VAR entra em ação para avisar ao árbitro sobre um equívoco de interpretação em uma jogada de “situação clara e manifesta de gol”. Se ele interpretou que não era uma chance clara e deu apenas amarelo, pode modificar a cor do cartão. E o contrário também. Segue valendo a verificação do árbitro central à beira do campo.

Identidade equivocada

Se o árbitro advertir ou expulsar o jogador errado (inclusive da equipe errada), ou se não tiver certeza sobre qual jogador deve ser sancionado, o VAR informará prontamente, sempre que possível, para que o jogador correto seja punido. Aqui está incluso qualquer erro relativo à apresentação de cartões, e o equívoco pode ser corrigido a qualquer momento da partida. Não há necessidade de verificação do árbitro central à beira do campo.