UOL
José Eduardo Martins
Se a equipe brasileira não tem o lesionado Neymar na Copa América, a Bolívia estreia na competição continental hoje, a partir das 21h30, no Morumbi, sem um dos principais destaques dos campeonatos nacionais nos últimos anos. Ídolo local, o meia Thomaz não pôde ser convocado pelo técnico Eduardo Villegas por ter aceitado um convite para defender o São Paulo, de Rogério Ceni, em 2017. Segundo o regulamento da Fifa, um jogador naturalizado deve ter atuado ou vivido no país que escolheu representar por pelo menos cinco anos para poder defender a seleção.
“Seria legal disputar a Copa América, mas eu não me arrependo. Era uma oportunidade que não dava para recusar. Era o São Paulo. Se não tivesse vindo para o Brasil naquela época, eu já estaria disponível para ser convocado, porque estava na Bolívia desde 2014”, disse o jogador, que recebeu a carta da federação local para dar início ao processo de naturalização em março de 2016. “Eles me deram a autorização também porque o meu filho [Joshua Thomaz] nasceu lá”, completou o meia.
Em 2017, Thomaz havia se destacado na partida do Jorge Wilstermann contra o Palmeiras, pela Copa Libertadores, e chamado a atenção do então técnico Rogério Ceni e do departamento de análise do Tricolor paulista. O jogador, que tinha passado por times amadores do clube, assinou contrato com a equipe do Morumbi até 2020. Como não conseguiu decolar no São Paulo, ele acabou sendo emprestado em 2018 para o Red Bull e para o Paysandu. Neste ano, o brasileiro naturalizado defende o Bolívar.
“Comecei bem essa temporada. Joguei a Pré-Libertadores e fui eleito o melhor jogador da partida. Mas depois o Wilstermann entrou na Justiça com um pedido para receber 80 mil dólares, porque teria uma cláusula no contrato com o São Paulo que não permitiria eu voltar para outro clube da Bolívia. Eu não pude atuar por cerca de dois meses, mas acionamos a Fifa. Volto agora de férias para jogar. Estou emprestado até dezembro. Se continuar por mais quatro anos no país, poderei defender a seleção da Bolívia. Quem sabe não tenho oportunidade? Espero jogar até uns 45 anos”, brincou o brasileiro, de 32 anos.
Confira mais alguns trechos da entrevista com Thomaz: Seleção boliviana “A equipe está passando por uma fase de reformulação. Assim, conta com jogadores mais jovens. Eles têm jogadores de qualidade, que atuam fora da Bolívia. Acho o treinador bom e ele ganhou vários títulos. A longo prazo vai dar fruto”.
Chance de zebra “É difícil. O Brasil tem jogadores que apresentam um nível muito elevado”. Torcida para Brasil ou Bolívia? “Não vou ao estádio porque estou em férias em Florianópolis. Vou torcer um pouco para cada seleção”. Futebol boliviano “A qualidade técnica é mais baixa que a do futebol Brasileiro. Aqui no Brasil, o futebol é mais técnico. Lá, o jogo é mais parecido com o argentino e é mais correria”.