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Mauro Beting
Leônidas da Silva chegou ao São Paulo em 1942 e parou a cidade e montou a Máquina Tricolor dos anos 40. Zizinho em 1957 não fez isso. Mas deu o Paulista ao clube, com Bela Gutman dando a letra e os números para Vicente Feola montar o Brasil de 1958. Cerezo chegou ao Morumbi campeão da América em 1992 e o deixou bi continental e mundial. Daniel Alves pode não ser tudo isso. Mas já é mais do que todos em nível pessoal de títulos. Atua numa função menos decisiva, embora possa também jogar mais à frente.
Mas é no exemplo, no papo, na bola, na prática, no discurso, no beijo no escudo, nos pés descalços no Morumbi para mais de 44 mil no frio da noite paulistana, que ele se paga. E não é pouco que se paga. E é muito que ele entrega a um clube apagado por sua direção perdida como os campeonatos. Só de juntar os ídolos ali presentes na festa apenas para mostrar que ele é mais um deles já não tem preço. Apenas o valor agregado à marca que anda perdida, se perdendo, torrando o que não tem, e torrando o saco de quem não está acostumado a perder tanto.
Ou a não ganhar. O que nem sempre é diferença sutil no futebol. Jogue na lateral que é só dele ainda no mundo. Tenha Juanfran como reserva ou do outro lado para o liberar ao apoio. Jogue mais à frente com Antony ou ao lado dele no meio. Jogue todas ou apenas as importantes, Daniel Alves resgata o que se viu no Morumbi.
Um torcedor mais confiante. Um são-paulino não soberano, mas vencedor. O São Paulo não contratou apenas um campeão. Contratou um são-paulino. Hoje não tem sido redundância. Mas pensando e agindo assim, o trajeto para o lugar dele e do Tricolor é menor do que entre Juazeiro e o mundo.