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Eduardo Rodrigues
Lateral espanhol se apresenta e fala sobre Daniel Alves, Cuca, posicionamento, Atlético de Madrid, momento do futebol brasileiro… Veja como foi a entrevista.
A diretoria do São Paulo apresentou na tarde desta sexta-feira, no Morumbi, o espanhol Juanfran. O lateral-direito de 34 anos assinou contrato com o Tricolor até dezembro de 2020.
Juanfran foi apresentado pelo diretor executivo Raí – a bancada da apresentação também contou com Diego Lugano, superintendente de relações institucionais, e Alexandre Pássaro, gerente de futebol. O lateral mostrou alegria e arranhou algumas palavras em português.
– Vou tentar falar um pouco português. Quero agradecer ao presidente, Raí, Alexandre e Lugano. A todos por terem confiado em mim. Estou muito feliz em ser Tricolor. Quero dizer à torcida que vou deixar minha vida por eles, agora são todos da minha família. Obrigado a todos por virem. Agora terminou meu português (risos) – disse o espanhol.
Depois da coletiva, Juanfran foi a campo no Morumbi, vestiu uniforme do São Paulo, posou para fotos e deu autógrafos a um torcedor.
Juanfran com a camisa 20 São Paulo — Foto: Eduardo Rodrigues
Juanfran veste uniforme do São Paulo no gramado do Morumbi — Foto: Eduardo Rodrigues
Juanfran, que fez sucesso no Atletico de Madrid, vai usar a camisa 20 do São Paulo. Ele explicou os motivos da escolha e informou que, desde o início, o Tricolor era sua prioridade:
– Fiquei muitos anos na Europa, conquistei tudo que podia, só faltou a Champions, que conquistei dois vices. Fui campeão com a seleção, que é algo grande. Quando surgiu a oportunidade do São Paulo, não pensei um minuto. Para mim, é o melhor das Américas.
Juanfran recebe a camisa 20 do São Paulo das mãos de Lugano — Foto: Felipe Ruiz
Na negociação com o Tricolor, o principal articulador foi Diego Lugano, diretor de relações institucionais.
– Achamos que o nosso clube e nosso vestiário precisa se globalizar mais um pouco com a filosofia que ele vai trazer. É uma escola de futebol que é a melhor do mundo na última década. (…) Precisamos ser campeões, a cobrança é grande, então precisamos de jogadores com maturidade para absorver tudo isso. Agora é a bola e o campo que vão falar a verdade – disse Lugano.
O lateral espanhol já iniciou a preparação no São Paulo para estar apto a jogar o mais rapidamente possível. A comissão técnica, porém, não trabalha com nenhuma data para a estreia.
A última partida oficial de Juanfran foi pelo Atletico de Madrid, contra o Levante, no dia 18 de maio, pelo Campeonato Espanhol. Ele não fez pré-temporada. Por isso, naturalmente, não estará à disposição no clássico contra o Santos, neste sábado, no Morumbi – ele também aguarda inscrição no BID (Boletim Informativo Diário (da CBF).
– Nós vemos, da Europa, o futebol brasileiro sendo muito difícil. Há muitas equipes que ganharam os campeonatos nos últimos anos, na Espanha é diferente. É muito diferente. O torcedor desfruta mais aqui. Estamos em falta disso na Europa. O futebol brasileiro é diferente, vou me adaptar o mais rápido possível. O que mais quero é começar a jogar. Acredito que vamos ganhar amanhã (sábado). A equipe tem que estar entre os melhores. Ano que vem queremos jogar a Libertadores, que é muito importante – desejou Juanfran.
Juanfran durante apresentação São Paulo — Foto: Maurício Rummens/Estadão Conteúdo
Veja outras respostas do reforço do São Paulo:
Nível do futebol brasileiro
– Não penso que o Brasil está atrasado. Acredito que as coisas estão indo mais lentas que na Europa. Mas estamos vendo que está mudando. O futebol brasileiro (e sul-americano) está ficando mais forte, as equipes podem competir contra os europeus. O que eu mais queria era vestir a camiseta do São Paulo.
– Desde pequeno eu via o Raí jogar no PSG, a história de que ganharam do Barcelona no Intercontinental. Desde pequeno queria jogar fora do país. O São Paulo me deu essa oportunidade. Quero seguir trabalhando, aprendendo, quero ser uma melhor pessoa. Quero que as crianças do Brasil me vejam não só como um jogador, mas sim como uma grande pessoa.
Como pode jogar?
– Temos uma grande equipe. Posso jogar em muitas posições, não tem problema. Posso fazer a lateral direita ou esquerda. Eu quero jogar, ajudar, seja um minuto ou noventa. Que eu seja um exemplo para meus companheiros, eu deixo a vida em campo, fiz em toda a minha vida. Por isso saí com um grande carinho da torcida no Atlético de Madrid. Eles viam que eu trabalhava, trabalhava, trabalhava e deixava a vida pela camiseta.
– Eu jogarei onde o Cuca quiser, vou deixar a vida pela camiseta do São Paulo. Se pode dizer muito, como estou fazendo agora, mas tenho certeza que estarão felizes em ter um jogador como eu no São Paulo.
Daniel Alves
– Eu acredito que o São Paulo, quando pensou em mim e no Dani, pensou em dois jogadores de hierarquia, que podem ajudar a equipe em qualquer posição. Falei com o Cuca, tem um plano um pouco secreto (risos). Não posso contar. O São Paulo ganha muito com a nossa chegada. Não só pelo jogador, mas como pessoa. Vamos ajudar os mais jovens a serem melhores jogadores. Dani sabe, nos falamos. Queremos ajudar a equipe em qualquer posição. Cuca, com seu plano, já nos disse onde vai nos colocar.
Ídolos no futebol
– Ídolos? Tenho dois aqui, um na direita e outro na esquerda. Pássaro também (brinca o espanhol). Lugano é um irmão para o Godín, e Godín é um irmão para mim. São dois ídolos, espero conseguir fazer um pouco que eles fizeram aqui. Eu gosto dos brasileiros. Já tive muitos companheiros brasileiros. Sempre tive boas relações com eles.
Sistema defensivo de Cuca
– Todos esses anos no Atlético tiveram uma equipe muito forte, que ficou muito tempo junta. Era a mesma defesa. Eram muitos jogadores que estavam há muito tempo juntos. O Diego Simeone tem uma forma de jogar que é sair no contra-ataque. Agora é diferente. São Paulo não é uma equipe de contra-ataque, mas sim de jogar, ter a bola, ter jogadores de qualidade. Vou me adaptar rápido, porque tenho muita qualidade. Não vou ter problema em me adaptar. Penso que a equipe precisa acreditar em seu treinador, e nós acreditamos no Cuca. Percebi desde o primeiro dia que cheguei isso. Tenho certeza de que é o melhor treinador que poderíamos ter.
Time de Libertadores
– O Diego Simeone nos dizia que nossa equipe era muito semelhante às equipes da América do Sul. Não dávamos uma bola por perdida. A torcida do Atlético é incrível, muito parecida ao que se vive na América do Sul, na Libertadores. Já me contaram que o São Paulo é uma equipe de Libertadores. As pessoas querem vir ao estádio ver a equipe jogar a Libertadores, que é muito importante. Tomara que possamos ser um time de Libertadores.
Títulos de Juanfran no futebol — Foto: Divulgação/São Paulo
Copa de 2014 no Brasil
– Gostei muito quando estive no Brasil, com a seleção espanhola. Fizemos uma Copa ruim. Ganhamos a última partida, a única que joguei, então saí um pouco feliz (risos). Fiz uma grande partida, ganhamos, mas está claro que foi um Mundial triste, éramos os atuais campeões. Mas agora só tenho a dizer coisas boas de São Paulo, do Brasil, da comida. Está claro que há mais equipes aqui em São Paulo, rivais diretos nossos. Minha família agora é São Paulo. Espero que as coisas se saiam bem aqui, quero conquistar muitas coisas aqui.
Libertadores x Liga dos Campeões
– Já joguei onze ou dez finais com o Atlético. Ganhei oito e perdi duas. Essas cicatrizes da Champions são para a vida toda, ajudam a querer ser mais ambicioso. Acredito que temos que ter humildade. Sei que no São Paulo a pressão é grande, ainda mais com esses anos sem títulos. Mas temos que ir jogo a jogo. No Atlético íamos assim, partida a partida. Amanhã ganhar do Santos, semana que vem do Ceará e ganhar, ganhar, ganhar.
– Com essa humildade e pensamento, podemos voltar a realizar esses sonhos. Mas agora estamos longe, nem estamos jogando a Libertadores. Algo que me sinto contente na minha passagem no Atlético de Madrid, a torcida cantava que estava orgulhosa dos jogadores. O que mais quero é que a torcida são-paulina esteja orgulhosa do trabalho que fazemos.
Filosofia de jogo (e vida)
– Para mim, o mais importante é ganhar. Podemos trabalhar e trabalhar para ganhar. Eu quero vencer, sempre. Podemos jogar melhor ou pior, mas para mim é igual, o que mais quero é vencer. Me considero um vencedor, não porque ganhei muito, mas por querer ganhar sempre. É essa filosofia que o Lugano fala, algo está mudando. Acredito que seja bom jogadores da Europa virem ao Brasil, acredito que seja bom para os jovens. O jogador tem que ser inteligente fora de campo, vou tentar passar isso para os mais jovens aqui do São Paulo. Não se ganha só com qualidade, precisa trabalhar.
Mais sobre o futebol brasileiro
– Quando eu já sabia que eu ia assinar com o São Paulo, pude falar com o Felipe (zagueiro). Ele me disse que ia gostar muito. Me disse que eu vinha para um grande de São Paulo. Está claro que o futebol brasileiro, os jogadores… É um pouco mais tranquilo que a Europa. Venho de um futebol com o Simeone de intensidade, todos os dias. Não tinha um dia sem intensidade com Simeone. Tenho falado com o Dani que temos que tentar trazer isso ao São Paulo, ajudar nossos companheiros a serem melhores. Minha chegada foi muito boa, todos me receberam bem. Me respeitam, sabem o jogador que sou e que não vim para passear.
Clubes que Juanfran defendeu na carreira — Foto: Divulgação/São Paulo