“São Paulo precisa parar de errar”. Blogueiros analisam saída de Cuca

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Rubens Chiri / saopaulofc.net
Imagem: Rubens Chiri / saopaulofc.net

O técnico Cuca entregou o cargo após a derrota por 1 a 0 para o Goiás, em pleno Morumbi, e não comanda mais o São Paulo. A saída do treinador abre espaço para uma série de análises que vão desde a sua escolha para o cargo até o que foi essencial para, como o próprio Cuca disse, ‘não dar liga’.

Para discutir o fim da parceira entre São Paulo e Cuca, preparamos algumas perguntas para os blogueiros do UOL Esporte. Confira:

1 – Quando o São Paulo buscou Cuca, acreditam que havia uma ideia por trás ou foram simplesmente atrás da grife, do técnico “vencedor”?

ANDRÉ ROCHA

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Grife, claro. Típico pensamento mágico do futebol brasileiro: venceu no Palmeiras e no Atlético, pode vencer aqui. Só que existe uma coisa chamada contexto. E o tempo passa.

BENJA

A diretoria do São Paulo não foi atrás de grife, pois não há convicção de nada! Alguém sugere uma demissão e o treinador é demitido. Alguém sugere a contratação de um treinador e o treinador é contratado.

JUCA KFOURI

Está provado que buscaram alguém com costas quentes, sabendo que o temperamento dele é o que é.

MENON

Foi atrás do melhor nome no mercado. Foi uma atitude correta

RENATA MENDONÇA (DIBRADORAS)

O São Paulo fez o que a maioria dos clubes fazem na busca por um treinador. Buscaram um tapa buraco, um nome “reconhecido” pra dar respaldo à diretoria e acalmar a torcida. Cuca não era a melhor opção para o São Paulo, assim como Jardine não era no momento em foi efetivado. Não se pensou em ideias de jogo na hora da contratação dele, ou não teria sido feita a zona que foi com três técnicos em dois meses (Jardine, Mancini e Cuca, todos com filosofias de jogo diferentes).

RODRIGO MATTOS

De fora, a impressão é de que o São Paulo só foi atrás de Cuca porque era o técnico de renome disponível no mercado. Não havia nenhuma ideia de como o time deveria jogar, e como ele se encaixaria no elenco montado (durante a temporada, diga-se).

2 – Por que Cuca não conseguiu montar o São Paulo? Faltaram…
a) ideias;
b) tempo (reforços recentes, trabalho ainda de cinco meses, mas com pausa da Copa América);
c) elenco saudável;
d) todas as alternativas.

ANDRÉ ROCHA

Falta de sintonia entre as características do elenco e as ideias de Cuca, que também vivem em um conflito entre o que deu certo na carreira do treinador e o que ele pretende acrescentar. O posicionamento mais adiantado do Daniel Alves em muitas partidas também se mostrou um enorme equívoco.

BENJA

Assim como não há convicção na contratação de um treinador, também não há na formatação do elenco. Se contrata por contratar ou para agradar a torcida.

JUCA KFOURI

Porque o problema do São Paulo, a fila, precisa de um terapeuta para ajudar a resolver. E não de um neurótico ou de um neófito.

MENON

Houve muitas contusões, mas os resultados e o desempenho foram muito inferiores ao material humano. Com cinco meses de trabalho, era para estar jogando muito mais.

RENATA MENDONÇA

Cuca não conseguiu fazer o time jogar por todos esses motivos. Primeiro por ser um trabalho que começou no meio da temporada e que teve algumas mudanças no elenco no meio do caminho. Segundo pela sequência de lesões – que me parece inédita na história do clube, que sempre teve um bom histórico na recuperação de jogadores. E terceiro pela própria incompetência do Cuca. Não tem como eximir o treinador quando ele não consegue fazer um elenco bom, como é esse que o São Paulo tem, jogar. O São Paulo não tem repertório ofensivo, lançou dezenas de bolas na área do Goiás quando essa nem é a principal característica dos seus atacantes. A cobrança em cima de Cuca por um desempenho melhor já era justa a essa altura do campeonato. Se olhar o time de Jardine, o de Mancini e o de Cuca em campo, pouca coisa melhorou – o elenco é mais forte, mas continua produzindo pouco.

RODRIGO MATTOS

Cuca sempre teve um estilo de jogo direto, com jogadores velozes e pouca troca de bola no meio-campo. Os principais jogadores do elenco, Daniel Alves e Hernanes são construtores de jogada com bola mais lenta, e há outros coadjuvantes que se encaixam no perfil do treinador como Everton, Anthony, Helinho. Não havia um pivô típico como ele gosta. A realidade é que Cuca nem implantou sua ideia desenvolvida em toda carreira, nem um jogo mais de posse de bola e controle. Ficou um time meio sem forma, sem uma proposta de como atuar, a apatia nos jogos é um sinal disso.

3 – A torcida mais uma vez mostrou que já não aguenta mais tropeços e desculpas/argumentos. Qual deve ser a prioridade do São Paulo na busca de uma direção que aponte para vitórias?

ANDRÉ ROCHA

O São Paulo vive um período complicado. Virou um clube morno, mesmo imerso em crises. Também olha muito para o que deu certo no passado e tenta resgatar um tempo que não volta mais. Raí agora é gestor, não entra mais em campo. O clube precisa de uma guinada olhando para o futuro, pensando a longo prazo. Ouvir Daniel Alves agora seria muito saudável. Currículo respeitável e, principalmente, conhecimento sobre as práticas de clubes vencedores, como Barcelona e Juventus.

BENJA

A diretoria precisa ter condições. Enquanto isso não acontecer não há o que fazer. Só o Raí já contratou quatro treinadores…

JUCA KFOURI

Contratar o José Mourinho e o… Sigmund Freud.

Só falta agora recontratarem o Rogério Ceni.

MENON

A prioridade é a curtíssimo prazo. Ficar entre os quatro primeiros. Depois, pensa no resto.

RENATA MENDONÇA

A prioridade do São Paulo é parar de errar. São muitos os erros cometidos até aqui. São oito técnicos somente na era Leco. São 16 treinadores nos últimos sete anos. O problema vai além de quem está no comando do time. Precisa haver uma cobrança em quem toma as decisões, quem faz o planejamento, porque em tudo isso há inúmeros erros que precisam ser corrigidos para o São Paulo voltar a conquistar algo. É preciso agora pensar no que o clube quer pra 2020, qual é o elenco que terá em mãos e qual é o perfil do técnico que quer, qual ideia de jogo quer ver em campo. Não dá pra buscar treinador só pelo nome, o futebol brasileiro está pedindo mais do que isso.

RODRIGO MATTOS

A diretoria do São Paulo deveria definir que tipo de jogo quer que seu time desenvolva dentro do que tem seu elenco. Será um time ofensivo e intenso na marcação pressão? Será um time que privilegia a posse de bola para envolver o adversário? Será um time defensivo de contra-ataque? Será um híbrido dessas ideias? A partir daí, procurar um técnico que seja capaz de armar esse estilo. Sem definir antes o que quer, o São Paulo estará condenado ao rodízio atual sem Norte para seu futebol.