Análise: São Paulo volta a ser apático e escapa de goleada histórica no clássico contra o Palmeiras

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GloboEsporte

Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan

Tricolor levou baile do rival na última quarta-feira, e derrota por 3 a 0 saiu barata.

O torcedor do São Paulo não pode se dar ao luxo de ativar o modo empolgação. Isso está mais do que provado nesta temporada. Vitórias e boas atuações não são motivos para achar que a equipe se acertou ou que irá deslanchar. O novo choque de realidade veio com a derrota por 3 a 0 para o Palmeiras.

A equipe comandada por Fernando Diniz vinha de duas vitórias (Avaí e Atlético-MG) e alimentava a esperança de acabar com um jejum de oito jogos sem vencer na casa do rival – até então eram sete derrotas e um empate (que, nos pênaltis, deu a vaga na final do Paulistão ao Tricolor).

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E a derrota, que por muito pouco não se tornou um vexame ainda maior, teve muito a ver com um fator que é carregado por esse elenco desde o início do ano: a apatia, principalmente quando a equipe se vê em uma situação adversa dentro do jogo.

Daniel Alves é marcado por Zé Rafael e Deyverson, do Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

O próprio Fernando Diniz admitiu que a parte emocional dos atletas não foi das melhores:

– O problema central do nosso jogo de hoje foi entrar com o mapa distorcido, com o mapa emocional distorcido, achando que o jogo seria igual, que a gente encontraria as mesmas facilidades. Pecamos e sofremos por conta disso –afirmou.

O técnico nem precisava dizer. Foi fácil de se observar isso dentro de campo.

Desde o apito inicial, o São Paulo foi sufocado em seu campo de defesa e não deu qualquer indício de que conseguiria mudar a situação facilmente. O primeiro gol palmeirense, aos 11 minutos, só piorou a situação.

Fernando Diniz optou por um esquema parecido com aquele que venceu o Avaí dentro de casa, na 27ª rodada: Daniel Alves na direita, Luan como primeiro volante e uma linha de quatro jogadores no meio de campo.

Contra o Palmeiras, porém, esse esquema não funcionou. Luan vinha sendo um dos destaques do time, mas fez uma de suas piores partidas sob o comando de Diniz. Com o meio de campo marcando bem abaixo, a zaga sentiu o reflexo e também foi desastrosa.

Sem repertório para mudar o panorama da partida diante de um Palmeiras elétrico, o segundo gol era questão de tempo. E até que demorou. Somente aos 41 minutos. Felipe Melo subiu mais alto do que a defesa são-paulina para ampliar. A única torcida do São Paulo era para o fim da etapa inicial o quanto antes.

Fernando Diniz tentou mudar a equipe do São Paulo, mas não surtiu efeito — Foto: Marcos Ribolli

Fernando Diniz tentou mudar a equipe do São Paulo, mas não surtiu efeito — Foto: Marcos Ribolli

No vestiário, Fernando Diniz mudou a configuração da equipe. Luan saiu para dar lugar ao lateral-direito Igor Vinicius. Com isso, Daniel Alves foi para o meio de campo, e Tchê Tchê se tornou o primeiro volante.

O Tricolor até conseguiu equilibrar a partida, mas esbarrou mais uma vez na falta de repertório para passar de uma defesa do Palmeiras bem postada. As únicas chances de perigo foram em chutes de longa distância, principalmente com Vitor Bueno.

Mas aos 11 minutos da etapa inicial um contra-ataque palmeirense acabou de vez com qualquer tipo de reação são-paulina. Após uma cobrança de escanteio do São Paulo, Zé Rafael carregou a bola, driblou Igor Vinicius no meio de campo e soltou para Gustavo Scarpa dar números finais à partida.

Daniel Alves começou o jogo como lateral e terminou como meia — Foto: Ricardo Moreira/BP Filmes

Daniel Alves começou o jogo como lateral e terminou como meia — Foto: Ricardo Moreira/BP Filmes

O São Paulo, então, passou a ter mais o controle do jogo também porque o Palmeiras passou a administrar a vantagem de 3 a 0. Nem mesmo os gritos de Daniel Alves dentro de campo e a tentativa de Diniz em incentivar a equipe foram capazes de acabar com a apatia Tricolor.

O técnico, aliás, disse ter substituído Vitor Bueno, o menos pior do time no clássico, por conta do cansaço. Hernanes entrou e pouco criou.

Novamente o São Paulo voltou a decepcionar seu torcedor com a pior partida sob o comando de Fernando Diniz. O equilíbrio encontrado na vitória contra o Atlético-MG precisa retornar para que o clube possa alcançar a tão almejada vaga direta na Libertadores.

A próxima partida será no sábado, às 21h, contra a Chapecoense, fora de casa.