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Pedro Lopes
Liziero, do São Paulo, ganhou as manchetes na última semana por entrar na lista de jogadores a serem observados pelo Barcelona. O empresário do volante é André Cury, que também representa interesses do clube catalão, e trouxe o secretário técnico Eric Abidal para observar seu cliente na partida diante do Atlético-MG, no último domingo. Em caso de negócio, entretanto, o clube do Morumbi pode ter que abrir mão de parte do dinheiro a receber: o jogador é o principal nome envolvido em briga judicial com o Pequeninos do Jockey, tradicional formador de atletas paulistano.
Com base em um contrato de 2006, o Pequeninos diz ter direito a 5% de qualquer venda futura de 21 atletas que teriam passado pela sua formação, dos quais oito permanecem no São Paulo. Dentre eles, Liziero e Luan são os que têm aparecido com maior frequência em partidas do elenco profissional – as multas rescisórias de ambos são de R$ 100 milhões e R$ 54 milhões, respectivamente. A ação ainda não foi julgada.
O São Paulo se defende alegando diversas questões técnicas processuais. No mérito, apresentou cartas assinadas pelos oito jogadores que seguem no clube, inclusive Liziero, afirmando que não foram formados ou registrados pelo Pequeninos do Jockey. “Não tive minha formação técnico-esportiva no Clube Pequeninos do Jockey, ou qualquer registro perante este Clube antes de me tornar jogador do São Paulo Futebol Clube”, diz o texto dos documentos.
Em entrevista ao jornal Agora em março do ano passado, Liziero contou que passou pelo Pequeninos do Jockey, embora tenha permanecido por apenas alguns meses. O volante contou que acabou dispensado do São Paulo aos dez anos de idade e conseguiu retornar graças ao seu treinador no Pequeninos, que era o mesmo responsável por sua dispensa de Cotia.
“Um dia, em um amistoso, o técnico pegou uns quatro moleques, inclusive eu, e disse que a gente não tinha qualidade para estar ali. Voltei para casa chorando. Eu sempre joguei futsal, desde os seis, sete anos. Foi quando eu falei que não queria mais jogar no campo. Fiquei até 11, 12 anos só no futsal. Perto de casa tem o (clube) Pequeninos do Jockey, que tinha parceria com o São Paulo. Minha mãe falou para eu ir lá, mas eu não queria, só me interessava o futsal, mas ela me convenceu”, disse.
“Fui treinar como lateral esquerdo. No primeiro dia do teste, chegou aquele mesmo treinador: ‘Ô, garoto, tudo bem?”‘ Falei: ‘Tudo bem’. Ele respondeu: ‘Você jogava onde?’ Disse que jogava no São Paulo. Ele perguntou se era em Cotia. Falei que sim. “‘Por que você saiu de lá?’. Respondi: ‘Foi o senhor que me dispensou’. Ele não acreditou, mas eu reforcei: ‘Foi o senhor, tenho certeza’. E aí ele disse que era para eu ficar com ele no clube e que me levaria lá (de volta ao São Paulo). Fiquei no Jockey mais dois meses e voltei para Cotia, como lateral”, contou.
A reportagem tentou contato com Liziero ontem, por meio do São Paulo, para esclarecer sua passagem pelo Pequeninos. O volante, entretanto, estava concentrado para a disputa do clássico diante do Palmeiras – acabou ficando fora até do banco de reservas com um desconforto muscular. Sem Liziero, o São Paulo acabou derrotado por 3 a 0 no Allianz Parque. Além dele, outros dois jogadores são-paulinos têm sido observados pelo Barcelona: o meia Igor Gomes e o atacante Antony.