Blogueiros: Dar a 10 pra Dani Alves é demais para um São Paulo que submerge

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Depois de perder o clássico para o Palmeiras por 3 a 0 e ameaçar uma reação ao bater a Chapecoense fora de casa, o São Paulo voltou a decepcionar sua torcida na sequência de dois jogos que teve no Morumbi e acabou derrotado por Fluminense (que luta contra o rebaixamento) e Athletico (que já está classificado para a Libertadores do ano que vem) dentro de casa. E assim como já vinha acontecendo nos últimos jogos, Daniel Alves, esperança da torcida são-paulina na temporada, teve atuação abaixo do esperado e novamente não correspondeu em campo contra o Athletico.

Mas será que a má fase de Daniel Alves tem de ser colocada mais na conta do próprio jogador ou a desorganização do time e a questão de adaptação do lateral/meia vêm prejudicando seu desempenho dentro de campo? Fizemos essa pergunta aos blogueiros do UOL Esporte. “Deram-lhe a camisa 10 e talvez seja demais. Está submergindo no mar revolto do Morumbi”, respondeu Juca Kfouri. Veja o que ele e os demais blogueiros acham da má fase de Dani Alves.

ANDRÉ ROCHA Sem o coletivo não há como brilhar. E nem Daniel Alves com seu carisma e sua aura vencedora consegue tirar o São Paulo do seu limbo, de uma zona morna. Sem redenção, nem fundo do poço. Está se tornando um clube sem relevância no contexto atual. Este é o maior perigo para um gigante que se apequena. Daniel Alves não é vítima, poderia entregar mais em campo. Mas o cenário no Morumbi está impondo um desafio bem maior do que ele poderia imaginar.

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JUCA KFOURI Eu temia que Daniel Alves não fosse a solução esperada para o São Paulo. Porque teria dificuldades para ser o número 1 de um clube traumatizado. Importante por onde passou na Europa, campeoníssimo como o Tricolor precisa, sempre esteve em equipes estreladas em que era mais um, importante, mas mais um. Deram-lhe a camisa 10 e talvez seja demais. Está submergindo no mar revolto do Morumbi.

MARCEL RIZZO Readaptação ao futebol brasileiro, time em crise e desorganizado atrapalham. Há também o fato de Dani ter chegado como a solução para todos os problemas, o que nunca foi. É um dos principais jogadores brasileiros na atualidade, mas deve ser usado em sua posição, a lateral. A ideia de tê-lo como meia, apesar de já ter sido usada na Europa, mostra como está perdida a diretoria do São Paulo.

MENON Quando um time está mal (e o São Paulo está mal há tempos), todos sentem dificuldades para jogar seu melhor futebol. Tudo piora quando o jogador chega no fim da temporada e sofre com adaptação. Um grande jogador, um fora de série, supera as dificuldades e comanda a recuperação do time. É o que Daniel Alves deveria fazer e não está fazendo. Parece não ter condições de fazer.

PERRONE Segundo o site “Footstats”, no Brasileirão, Daniel Alves é o jogador do São Paulo que, em média por jogo, mais acerta: passes (57,3), cruzamentos (2,3) e, empatado com Antony, assistências (0,2). Além disso, é o segundo melhor driblador, acertando em média 1,1 drible por partida. Ou seja, as estatísticas mostram que Dani tem desempenho melhor do que seus companheiros em fundamentos importantes. Por isso, credito as críticas principalmente à expectativa de que ele seja o salvador da equipe e à media apresentada durante sua carreira. Claro que não é assim que funciona. Todo jogador tem seu rendimento influenciado pelo desempenho coletivo.

PVC O São Paulo não vive uma má fase. São dez anos. Não é culpa do Daniel Alves, nem do Fernando Diniz. É culpa de uma sequência de desacertos. Neste 11/11, fez um ano que Diego Aguirre foi demitido. Fernando Diniz tem 11 jogos. O São Paulo fez a contratação mais badalada em janeiro (Pablo), antes de De Arrascaeta e Bruno Henrique. Fez a contratação mais badalada de abril (Pato) e de agosto (Daniel Alves). O problema não é de nenhum deles. É do São Paulo.

RODRIGO MATTOS São Paulo contratou e paga por um jogador que era um dos maiores laterais do mundo e, na maior parte do tempo, usufrui de um meia bem mediano. Não é capaz de girar sobre defensores, de acelerar o jogo e de achar passes inesperados. Quando volta para a lateral, Daniel se torna mais útil como construtor vindo de trás, mas deixa um buraco em suas costas. Óbvio que a fase do time prejudica seu futebol também. Talvez com um time mais organizado ele possa funcionar jogando mais aberto com uma cobertura. Mas não parece nem de longe que será o jogador decisivo que a torcida são-paulista esperava.

RENATO MAURÍCIO PRADO O maior problema de Daniel Alves é que ele chegou ao São Paulo anunciado como algo que nunca foi: um maestro, um armador capaz de transformar o Tricolor, a partir do meio-campo. Não é. Nunca foi. Nem será. Pode ser peça importante de um time bem armado. Algo que o São Paulo nunca conseguiu ser este ano.