GloboEsporte
Ana Canhedo
Hoje curada, atacante lidou com a doença em 2016: “Quase larguei minha carreira por isso”.
Na véspera da final do Campeonato Paulista e em busca de seu primeiro título estadual, a atacante Cristiane, do São Paulo, falou sobre o difícil período em que tratou de depressão. Neste sábado, o Tricolor Paulista recebe o Corinthians, às 11h, no Morumbi, na primeira partida da decisão.
Entre 2015 e 2017, a atacante atuou pelo Paris Saint-Germain. Foi sob contrato com o clube francês que sofreu com a doença, após os Jogos Olímpicos do Rio, quando não pôde atuar por lesão.
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, Cristiane falou sobre o problema e fez um apelo aos clubes brasileiros para que cuidem de suas atletas com o auxílio de psicólogos (veja o depoimento completo no vídeo acima).
Cristiane, do São Paulo, em evento no Museu do Futebol — Foto: Rodrigo Corsi/FPF
– Sobre o problema que eu tive, não tenho nem medo e nem vergonha de falar, foi depressão. Isso é uma doença e, às vezes, nem todas as pessoas conseguem falar. Eu tive na época do Paris ainda. Ainda bem que tive pessoas à minha volta para dar suporte, atletas, comissão, falaram para eu ficar que eu era boa e iria dar tudo certo. No mesmo ano, perdi minha avó, então foi uma enxurrada de coisas. Levei tempo para me recuperar, tive apoio de um psicólogo e, por isso, acho que as equipes devem ter psicólogo – disse, e seguiu:
– Os clubes precisaram estar perto das meninas. Algumas não se sentem confortáveis de falar dos problemas para comissão ou colegas. Se o rendimento começa a cair de maneira brusca ou se passa a ter lesões recorrentes, é porque há problema e esse problema não é com o corpo. Eu quase larguei minha carreira por causa da depressão.
– É preciso ter sensibilidade com o próximo. Por isso que eu falo para quem tem esse problema, procurar ajuda, não sentir vergonha de falar. Se você falar com alguém que não saiba ajudar, vai poder te indicar um profissional. Não convivam com isso, não. Para o clube ser profissional e para que a atleta se desenvolva e jogue com tranquilidade e sem peso é preciso apoio psicológico.