Oscilações ameaçam vaga do São Paulo na Libertadores: “Restam 7 finais”

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GloboEsporte

Eduardo Rodrigues e Marcelo Hazan 

Entenda como está o processo de negociação com nova empresa para gerenciar o setor.

O São Paulo mira o Flamengo como exemplo de receita com sócios-torcedores. Em junho, o time carioca estimava faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões com seu programa em 2019.

De janeiro a agosto, o São Paulo havia projetado receber R$ 8 milhões com sócios-torcedores e ganhou cerca de R$ 6,5 milhões. Ou seja, aproximadamente R$ 1,5 milhão a menos do orçado – o GloboEsporte.com teve acesso ao relatório administrativo do clube.

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Dirigentes e conselheiros do São Paulo consideram esses valores medíocres, segundo bastidores. Nas redes sociais, torcedores também reclamam da falta de vantagens.

Diante de tudo isso, o clube quer revitalizar o programa. E a meta inicial é triplicar o faturamento anual. Há o desejo de levantar pelo menos R$ 24 milhões anuais, o que na média representaria R$ 2 milhões por mês.

Até o fim de outubro, o São Paulo contabilizava 31,1 mil sócios-torcedores com pagamentos em dia. Impulsionado pela boa fase do time em campo e dono da maior torcida do Brasil, o Flamengo é o líder disparado, com 145 mil sócios-torcedores.

Nesse contexto, o clube quer contratar a Feng – Fan Engagement Marketing e Inteligência Ltda, empresa que trabalha nos programas de sócio-torcedores de Flamengo, Vasco e Santos. Ela seria responsável pelas campanhas de captação de novos sócios, em gerir a estratégia de venda, tecnologia, inteligência virtual e processos de manutenção dos programas.

O Conselho Deliberativo do São Paulo, no entanto, barrou o acordo com a empresa na reunião da última segunda-feira, por conta de uma cláusula de multa de R$ 1,5 milhão. A multa só será aplicada em razão imotivada, e o valor é decrescente.

Agora, o contrato voltará para a diretoria para que haja mudanças nesta cláusula. Feito isso, os conselheiros farão nova votação. A expectativa é de que após a modificação o Conselho aprove a parceria com a empresa.

Mas a próxima reunião só deverá ocorrer em dezembro, o que vai atrasar esse processo.

O acordo com a Feng prevê à empresa 15% do faturamento mensal do montante que o programa de sócios arrecadar a mais do que os planos atuais. Ou seja, caso o programa de sócios-torcedores alavanque R$ 100 em relação ao atual momento, a Feng fatura R$ 15. Se não houver qualquer tipo de aumento, a contratada não recebe nada pelo acordo.

Exemplo: vamos supor que o São Paulo fature atualmente R$ 6 milhões e passe para R$ 8 milhões com a Feng. A Feng então receberá 15% de R$ 2 milhões no ano, que representa R$ 300 mil.

São Paulo quer revitalizar programa de sócio-torcedor — Foto: Marcos Ribolli

São Paulo quer revitalizar programa de sócio-torcedor — Foto: Marcos Ribolli

Aspectos políticos e técnicos

Dirigentes e conselheiros ouvidos pela reportagem consideram ruim para o São Paulo a cláusula de multa de R$ 1,5 milhão no contrato com a empresa que vai gerenciar o programa de sócio-torcedor.

A avaliação é de que o clube só perderia, pois poderia ser punido duplamente, caso os resultados não fossem os esperados e ainda tivesse de pagar uma penalização. Agora a ideia é mudar isso, tornar o clube isento e atrelar pagamentos à empresa ao crescimento do número de sócios.

Politicamente:

  • conselheiros da oposição comemoram a vitória por ter conseguido maioria numa votação no Conselho e enxergam enfraquecimento do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco;
  • a situação desdenha da derrota por considerar uma consequência da falta de mobilização / erro de avaliação sobre essa reunião, mas concorda que a cláusula de multa não era boa para o clube
Presidente Leco, do São Paulo, foi criticado por não ter voltado para reunião do Conselho — Foto: Marcos Ribolli

Presidente Leco, do São Paulo, foi criticado por não ter voltado para reunião do Conselho — Foto: Marcos Ribolli

Por outro lado, não pegou bem o fato de Leco e os dirigentes não terem retornado para a reunião durante o debate sobre o relatório da diretoria.

Antes, um conselheiro pediu para os diretores saírem e não atrapalharem a contagem dos votos sobre o contrato da empresa de sócio-torcedores. Isso porque a votação é feita entre quem fica sentado e de pé para aprovar ou não uma determinada pauta. Mas a expectativa era de que eles retornassem depois para esclarecer dúvidas do relatório, o que não aconteceu.

Na reunião, o presidente do Conselho, Marcelo Abranches Pupo Barboza, expôs insatisfação e disse que iria enviar um ofício ao presidente Leco para que isso não voltasse a se repetir.

Conselho Deliberativo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Conselho Deliberativo do São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Os diretores consideraram a votação demorada, a decisão de barrar o acordo política e foram embora. Inicialmente havia um pedido para que os contratos da pauta do dia não fossem votados em bloco (eram cinco no total). Mas, depois que o acordo com a Feng foi destacado para ser votado separado, todos os outros foram aprovados de forma conjunta.

Vale destacar que a presença da diretoria em reuniões do Conselho não é obrigatória, a não ser que haja uma convocação prévia. Mas o relatório da direção estava na pauta do encontro, e conselheiros esperavam explicações de Leco e diretores sobre a situação financeira do clube.

Isso porque o São Paulo registrou um déficit de R$ 76,5 milhões de janeiro a agosto.